As minhas próximas memórias do que aconteceu estão todas em branco, mas consigo distinguir algumas coisas entre os borrões.
Uma corda, ele amarra meus braços, e volta para cima, fora do buraco. Thomas, ele não para de gritar, algo de muito errado aconteceu com ele também. Meu pé, eu não o sinto mais, só que quando olho para ele, está inchado, triplicou o seu tamanho. Tudo isso entre piscadas longas e lentas.
Sinto a corda apertando meus pulsos, a cada aperto percebo a força que está sendo feita nelas. Não consigo contra-atacar. Meu corpo é jogado contra a parede e sinto minhas costas arranharem na areia que rodeia o local que estou.
***
Thomas, ele está do meu lado, estamos deitados um ao lado do outro, ambos com as mãos amarradas.
***
Meu corpo rasga, e os ferimentos ardem ao entrar terra neles. Estou acabado, sem forças para fazer nada. Meu pé, volto a sentir a dor escruciante de antes, eu queria poder acabar com aquilo, queria que alguém tirasse aquela parte de mim. Exclamo de dor, toda vez que bato em uma árvore, ele não tem pena e continua me puxando. Não vejo Thomas, torço para que ele esteja bem.
***
Um lugar escuro, muito escuro, estou amarrado a um poste e Thomas a outro próximo a mim. Tento me levantar e esqueço do meu pé. Faço força com o direito e quando vou me apoiar com o outro, ele dobra de lado e sinto a lateral tocar o chão. Caio instantaneamente e desmaio de dor.
***
- Sam? Sammy? Acorda, o vovô vai nos levar para passear.
- Primo Ben? O que você está fazendo aqui?
- É o seu aniversário. Viemos para a fes... - Ele para de falar e me puxa pelo braço.
-Vieram para o que?
- Nada, vamos.
Saio do meu quarto e sigo ele até a sala, meu avô está lá, tomando café e assistindo TV.
- Bom dia pequeno Sam, feliz aniversário.
Corro para abraçar o meu avô, pessoa que eu mais admirava na vida.
- O que vamos fazer hoje, por que todo mundo está aqui?
- Todo mundo? - Ele ri.
- É o primo Ben veio, e ele nunca vem. - Digo apontando para o meu primo.
- Ah, então você já sabe da surpresa, não é mesmo? Pois, bem, seu primo veio te ver, 10 anos é uma data muito especial.
Ben pega na minha mão e me puxa para fora de casa, deixo meu avô tomando café e o acompanho. Me sinto meio zonzo por ter acabado de acordar e já estar fora de casa, ainda de pijama e descalço. Por sorte, meus avós moravam num sítio afastado da cidade, (desconfio que meus pais me mandavam para lá por ser tão longe, justamente para se livrar de mim) e o chão, na verdade é grama, então o fato de não estar de sandálias, naquele momento não me incomodou.
- Vamos brincar. - Disse meu primo.
Olho para ele com uma preguiça enorme, porém é a primeira vez em 2 anos que eu o vejo, então desfaço minha preguiça e começo a correr atrás dele. Como já era esperado, a gente só parou de correr quando deu fome, e coincidiu ser a hora do almoço. Enquanto estávamos explorando nos matos, minha avó coloca a cabeça para fora da janela da cozinha e grita nossos nomes, nos chamando para comer.
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Ofuscado pela escuridão
AbenteuerSam é um importante empresário de meia idade que mora sozinho num condomínio de luxo, dono de uma grande empresa vive na correria do dia-a-dia sem tempo nem para si mesmo, e acaba tendo alguns deslizes na vida por conta disso. Seguindo sua rotina ex...