Mas que dia lindo!

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Thomas se levanta assustado e me vê correndo para o nada. Eu não penso duas vezes e entro no matagal, atrás de o que quer que seja aquilo. Eu tinha certeza que era uma pessoa, eu olhei na cara dele. 

Agora que a grama já ultrapassava a minha cintura, desisto de correr, estou cansado e com a cabeça cheia. Volto parra Thomas.

- Mas que diabos você estava pensando em fazer? Você perdeu a sua cabeça? Sam olha para mim. - Pede - Não pode correr atrás daquilo de mãos vazias, e sozinho.

- Ele me viu, eu vi ele e corri atrás, Thomas, e se ele tiver algumas resposta de como viemos parar aqui? É a primeira pessoa que vemos desde que chegamos. Ele tem que saber de algo, os fios, o incêndio, a caverna... 

- Eu sei disso, cabeça de vento. O que eu estou dizendo é: Você não pode correr atrás de um estranho sem nada para se defender. E me deixar aqui sozinho. - Ele parece realmente irritado.

Talvez ele tenha razão, mas eu resolvo irritá-lo mais um pouco:

- Tá com medo de eu te trocar por ele? Ciúme Thomas? Que coisa feia! Tem bastante de mim para todos.

- Cara você é impossível. - Ele diz e volta para o lugar onde estava deitado.

- Eu sei, agora vamos dormir. - Digo já deitado.

Não tem como dormir depois disso, meu sangue está fervendo. Minha vontade é ir atrás do cara agora mesmo. Mas algo toma a minha mente: Os rastros estariam ainda marcados na grama pela manhã. A gente acharia ele de dia, seria mais fácil. Fico imóvel olhando para o céu acompanhado da orquestra que são os roncos de Thomas. Já consigo ver o sol aparecendo e o céu ficando claro, depois de alguns minutos ele acorda.

Sem falar nada eu me levanto e pego nossas coisas. Ele me segue pois sabe como estou ansioso para achar o cara. Entramos na mata, e como previsto o caminho está trilhado por onde ele passou, a grama quebrada se abre como um caminho pronto para perseguirmos. 

Andamos pelo mato conversando besteiras, sempre atentos a tudo à nossa volta.

- Cara, você está me enrolando desde que cheguei aqui, é serio que não vai me contar nada sobre a sua vida antiga? - Thomas diz em tom de brincadeira.

- Então, tem certeza de que quer ouvir isso? Eu posso ser muito desinteressante as vezes.

- Se eu to pedindo... - Fala rindo.

- Pois bem... Eu morava com a minha esposa Bianca, ela era tudo para mim, minha amiga, minha companheira, minha assistente... Como já sabe, eu tenho uma empresa grande, administrávamos uma rede de lojas pelo país. Conheci ela do modo mais clichê possível, ela foi fazer uma entrevista de emprego comigo, não a admiti na empresa por ser bonita, mas sim porque ela era muito competente e sabia o que fazia. Bia parecia ser a pessoa certa para o cargo, eu era jovem e inexperiente, precisava dela, então a contratei na hora. A empresa caiu nas minhas mãos de paraquedas, como disse, um jovem. Ela tinha cursado administração e sabia exercer o papel melhor do que eu. Aprendi bastante com ela. Confiava tanto nela que a deixava tomando conta da empresa enquanto eu faia a faculdade. Quando terminei de estudar, ela também esteve lá para mim. 

- Cara conta logo o que aconteceu, estou ficando ansioso. - Diz Thom, em interrompendo.

- Posso continuar? Então, um dia eu estava num sushi-bar, quando ela entrou, Bia não tinha me visto, mas eu a chamei. Ela se sentou ao meu lado e ficamos conversando sobre besteiras, sem nos permitir falar sobre o trabalho. Nos beijamos e a coisa toda aconteceu, após o jantar ela foi para a minha casa, e um ano depois estávamos casados. Contratei um novo assistente, e digamos que depois de tempos casado, a coisa vai ficando meio que enferrujada, e aí você já sabe o que aconteceu.

Ofuscado pela escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora