5. REALIDADE

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Não se foi ouvido mais nenhum disparo, apenas um. Um que tirou a vida de Antony.

Todos ficaram em choque com a situação, incapazes de formular um gesto ou palavra, Hannah abraçou Jennifer a fazendo não olhar para o corpo do pai que estava a pouco metros do carro. Ellie estava com os olhos encharcados de lágrimas, seu marido acabou de ser assassinado na sua frente. Adam estava chegando no carro quando o disparo foi ouvido vendo o pai cair, ele ficou paralisado não conseguia se mexer, até sentir Ellie o puxar pelo braço correndo até o carro, todos notaram que a feição de Ellie mudou, a lágrimas secaram e agora seus traços do rosto estão tensos, com raiva.

- Vamos sair daqui. - A mãe fala saindo em disparada com o carro.

Saíram da pequena cidade onde estavam, rodaram as ruas por longos minutos em um total silêncio, até Ellie avistar um galpão abandonado no alto de um morro.

- Vamos passar o resto da noite lá, depois decidimos o que fazer. - a mãe ordena não deixando ninguém opinar.

A noite era escura e silenciosa, só conseguiram avistar o galpão porque ainda estavam na época de lua cheia. Dentro do galpão não tinha muita coisa, estava quase vazio, exceto por algumas ferramentas e peças de carros, aquilo deveria ser uma oficina.

- Vocês podem dormir, vou ficar vigiando do lado de fora. - Ellie fala saindo de dentro do local evitando olhar para todos.

Todos obedecem, arrumando o que pode se chamar de cama no chão do galpão, tinham alguns lençóis no veículo o que acabou servindo, o carro não era muito confortável de ficar.

Ellie subiu em um andaime que estava do lado de fora do galpão dando uma visão bem clara do local. A imagem de seu marido morto no chão não saía da sua mente, novamente ela não conseguiu se despedir ou ao menos demonstrar o quanto estava agradecida pelo que ele estava fazendo, ele era o seu apoio, seu guia e agora não está mais entre eles, um buraco se abriu em seu peito, e Ellie sabia que essa cicatriz não ia se curar. Lembrando de tudo não segurou suas lágrimas, os olhos verdes iluminados pela lua em um mar de lágrimas escorrendo por seu rosto. Além da enorme tristeza que sentia com o passar dos minutos ia sentindo seu coração se encher de raiva, raiva da pessoa que tirou a vida de Antony, raiva de como o mundo está, raiva das criaturas e raiva de si própria por não ter conseguido proteger ninguém. "Devia ter sido eu, ele poderia proteger a todos, eu que deveria estar morta" Ellie repetia continuamente falando em tom baixo cabisbaixa.

Passaram-se algumas horas, era por volta das quatro da manhã, quando Ellie ouviu um barulho, olhando para baixo notou que era Jennifer subindo no andaime.

- Não mandei você dormir? - a mãe fala em tom ríspido.

- Sim, mas não consigo, não depois do que aconteceu. - Jennifer fala olhando para a mãe.

- Eu sei o que está tentando fazer, olhar para a gente te faz lembrar do pai, não precisa passar por tudo isso sozinha, não precisa nos proteger o tempo todo. - Jennifer acrescenta.

- Desde o começo disso tudo eu não fiz nada, deixei seu pai comandar, deixei ele sobrecarregado, só o deixei mal, talvez se eu fosse mais forte teria evitado isso, não vou cometer esse erro novamente, vou proteger vocês. - Ellie fala com uma expressão séria no rosto.

- Mãe não se culpe desse jeito. - A filha fala depositando a mão no ombro dela.

- Por favor me deixe sozinha. - a mãe fala e Jennifer nota o tom triste em sua voz, dessa vez ela não conseguiria a ajudar, o melhor era dar espaço a ela.

DestroyedOnde histórias criam vida. Descubra agora