1. TUDO NO LUGAR CERTO

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...Tudo está muito escuro, a única iluminação presente são os flashes de luz que passam dentre as janelas quebradas no alto da parede do que parece ser um galpão, mas o que mais me incomoda é o forte odor que se exala pelo lugar adentrando minhas narinas as fazendo doer, aos poucos meus olhos começam a se acostumar com a escuridão, uma silhueta ganha forma, uma pessoa ao que parece, está de costas parada a poucos metros de mim, vou caminhando até ela sentindo minhas pernas tremerem e meu coração acelerar, chego mais perto, o odor se intensifica, coloco uma de minhas mãos no ombro do desconhecido e não posso deixar de sentir o quão frio ela está. O indivíduo sente minha mão e vai se virando, quando estou prestes a ver seu rosto...

...


Uma voz é ouvida mas com palavras de difícil compreensão. Adam acorda com sua mãe ao seu lado, o chamando. Ele abre os olhos lentamente a avistando, ela ainda estava de pijama e com o cabelo todo bagunçado caído em seus ombros.

- Levanta, você vai se atrasar - Ela diz dando um tapinha na sua testa.

- Atrasar para o quê? - Ele pergunta franzindo a testa.

- Para a escola, se esqueceu que hoje voltam às aulas?

Adam apenas acena com a cabeça indicando que entendeu, lembrando que esse era seu último ano na escola.

- Você só não esquece a cabeça porque é grudada no pescoço. - Ela ri saindo do quarto.

Adam toma banho, faz sua higiene pessoal rapidamente enquanto o único pensamento que passa por sua cabeça era o sonho que teve, ou possivelmente um pesadelo. Chegando na cozinha se depara com sua família sentada na mesa já tomando café da manhã. Ele senta na cadeira e fica de frente para sua irmã Jennifer, que está visivelmente cansada, Adam solta um pequeno sorriso lembrando que é melhor não conversar com ela de manhã por causa do seu mau humor diário. Ao seu lado está seu irmão Mark com os olhos ainda vermelhos por ser interrompido do seu sono, na noite passada ele chegou bem tarde do trabalho, enquanto sua mãe Ellie era o oposto de todos, super sorridente. Adam sempre se perguntou porque ela sorri tanto, é uma qualidade invejável. O único que não estava presente era Antony seu pai, que já tinha ido trabalhar, afinal já eram 6:30 AM.

Todos tomam café rapidamente sem muita conversa, sua mãe se despede de todos dando um beijo na testa de cada um e sai pela porta da cozinha, ela não pode se atrasar, seu chefe não é uma pessoa muito compreensiva quanto a atrasos. Mark também logo saiu dizendo apenas um "Tchau".

Só restaram ele e Jennifer na mesa, ela pega o celular e o ignora. Adam fica pensativo olhando para xícara de café a sua frente refletindo seu rosto, por um momento ele parecia estar em outro lugar, até que foi interrompido pelo tic-tac do relógio voltando a realidade.

- Vamos, a gente vai se atrasar. - Ele fala em um tom autoritário, apressando a irmã que agora estava tirando selfies sorrindo falsamente.

No ponto de ônibus só estavam os dois, no seu bairro não tinham estudantes, a maioria dos moradores eram idosos que costumavam ir a feiras todos os dias, era um lugar bem calmo.

Jennifer avista o ônibus e fala com um sorriso torto.

- A lata velha chegou.

Ele somente ri, pois era verdade, o ônibus era uma sucata ambulante. No momento em que o ônibus para a sua frente, Jennifer muda totalmente a feição dando lugar a um sorriso que para ele era visivelmente "fake", a típica patricinha de filmes.

O caminho foi tranquilo, o ônibus estava com sua lotação normal, ninguém precisou ir de pé, todos conseguiram um lugar para se sentar, talvez por ser o primeiro dia e muitos faltaram.

DestroyedOnde histórias criam vida. Descubra agora