9- Medicamentos

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*~* Adelaide narrando *~*

- Não pode ser... - Falo, ainda perplexa com aquela revelação.

- Por que não? - Retruca rapidamente.

- Você é...

- Um traficante? - Riu sem humor. - Nunca julgue um livro pela capa, Adelaide. Há grandes chances de você realizar um julgamento errôneo.

- Eu não entendo... - Olho em seus olhos, confusa. - Por que optou por escolher essa vida, se poderia levar uma vida boa e digna?

- Eu não tive escolha. - Respondeu por fim.

Tocou-me a testa mais uma vez, antes mesmo de eu sequer pensar em questioná-lo novamente. Estremeço ao vê-lo pegar uma seringa e fecho os olhos, já imaginando o que viria a seguir.

- Diga-me quando perder a sensibilidade na testa. - Ordenou, enquanto guardava a seringa novamente.

Dou-lhe carta branca para continuar, após a anestesia local fazer efeito. Logo o vejo apanhar agulha e linha, preparando-se para iniciar a sutura.

Ao terminar, o chefe levanta-se e segue até uma estante enorme recheada de medicamentos. Retirando dois deles, voltou-se à maca onde eu me encontrava e me entregou as duas pequenas caixas de comprimidos.

- O que é isso? - pergunto antes mesmo dele sequer cogitar abrir a boca.

- Medicamentos. - respondeu sarcasticamente.

Bufo.

- Eu sei. - rolo os olhos e ele ri - Refiro-me a que tipo de medicamento.

Rapidamente, ele se senta na cadeira de madeira ao lado da maca em que estou sentada e levanta um dos remédios em minha frente.

- Isto é um anti-inflamatório, creio que a sutura não irá causar nenhuma inflamação, mas prefiro não arriscar. Então, tome um desses todas as noites até o corte cicatrizar completamente.

Meneio a cabeça, concordando com as recomendações e aguardo a explicação do outro medicamento, mas a mesma não vem.

- E o outro? - questiono curiosa.

Um sorriso sacana brota na face do líder do tráfico, que em seguida levanta o medicamento em suas mãos para que eu veja do que se trata.

"Pílulas anticoncepcionais"

Meu corpo se empertiga e o encaro incrédula.

- Vejo que já entendeu do que se trata. - Fala e eu permaneço imóvel. - Você deve tomá-lo uma hora após o almoço todos os dias.

O chefe estende o anticoncepcional em minha direção, mas permaneço inerte, não tendo reação para pegá-lo.

- Adelaide, pegue. - Ordena um pouco irritado.

Não me movo sequer um centímetro e Gustavo levanta-se tomado pela fúria.

- Quando eu mandar você fazer algo, você deve fazer sem nem pensar. - Falou ríspido. - AGORA PEGUE ESSA PORRA. - Gritou, estendendo, mais uma vez, o medicamento em minha direção.

Estremeço ao vê-lo tão furioso e sinto meus olhos encherem de água. Rapidamente, pego a caixinha de sua mão e desvio o olhar para o piso branco impecável do consultório.

- Comece a tomá-lo hoje mesmo. - falou seco. - Quero fodê-la o quanto antes.

Apesar de não estar o encarando, senti seu olhar queimar sobre meu corpo e estremeci por antecipação.

O percurso feito até o quarto em que eu me encontrava foi feito em silêncio. Eu chorava, porém guardava os soluços para quando estivesse a sós comigo mesma e abria as portas para as lágrimas silenciosas que escorriam copiosamente pelo meu rosto, enquanto eu era arrastada pelos corredores da casa pelo líder do tráfico.

Chegando ao quarto, sou jogada no chão assim que a porta é aberta. O baque tem seu impacto amenizado devido ao tapete felpudo que encobria o chão daquele lugar.

- VOCÊ NÃO PARA DE CHORAR, PORRA! - ele grita, agachando-se defronte a mim logo em seguida e eu encaro o tapete sob meu corpo - OLHE PARA MIM. - ordena, mas não faço o que ele manda. Não consigo olhá-lo.

O líder segura meu queixo com força e me faz encará-lo.

- EU JÁ DISSE PARA VOCÊ ME OBEDECER. CASO CONTRÁRIO EU TE BATO DE CINTO ATÉ VOCÊ ESQUECER SEU NOME. ENTENDEU?

Um soluço escapa de minhas entranhas e me ponho a chorar feito criança.

- ENTENDEU? - Pergunta mais uma vez, apertando meu queixo com o dobro de força.

Concordo com a cabeça e o vejo erguer-se, indo em direção à porta. O estrondo causado pelo forte impacto da mesma é quase ensurdecedor e me faz tapar os ouvidos automaticamente.

Levanto-me do chão e sigo até a cama, cubro meu corpo e desato a chorar pelo resto do dia.

OI GENTE LINDAAAAA
ESPERO QUE ESTEJAM GOSTANDO DO LIVRO.
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ATÉ A PRÓXIMA!
😘💕

Nas mãos de um traficanteOnde histórias criam vida. Descubra agora