Capítulo 15

345 29 23
                                    

Com todas as minhas falhas, com todas as suas falhas e, também, as nossas discussões, eu sou grata por tudo que a gente tinha, e por tudo que fomos uma para a outra, Laura.


O fim do meu mundo começou quando eu vi uma coisa extremamente sem nexo acontecer. Todo o relacionamento tem seus altos e baixos, isso é fato. Mas aquilo foi quase inaceitável.

Estávamos na sorveteria com o Charlie, ele queria muito tomar um sorvete e então decidimos leva-lo cedo num dia de domingo, era o único dia que eu podia ficar um pouco fora do hospital, e isso era raridade. A princípio, Charlie já estava no seu segundo sorvete, ele escolhia sempre o de flocos e tomava tudo rapidamente.


- Você vai ficar com dor de barriga desse jeito, Charlie! - Falei.

- Não vou não. - Ele continuou tomando o sorvete.

- Só esse e depois nós vamos, ok?

- Tá bom, mamãe. - Ele revirou os olhos.

- E não revire os olhos pra mim, garotinho atrevido! - Dei risada e abracei ele.


Você nos observava e ria de Charlie quando o mesmo te olhava e fazia brincadeirinhas. Eu não entendi o porque você estava tão calada naquele dia, mas tentei fingir que não me importava, até porque todo mundo passa por aqueles dias dos quais a gente só quer ficar quieto sem ter que rir e brincar o tempo todo. Alguns minutos se passaram e fomos embora, tive que levar Charlie para a casa de Brad onde haveria uma festa da prima dele, e em seguida, você nos levou até a sua casa. Entramos e ficamos sentadas no sofá, era bom assistir filmes e séries ao seu lado, apenas nós duas. O interfone tocou, você levantou-se e me deu um selinho rápido em meio as risadas das quais soltamos por causa de uma cena no filme, eu olhei para a TV e continuei assistindo enquanto você foi em direção ao interfone. Logo você voltou. Te olhei e você sentou-se ao meu lado, dessa vez, sua expressão não era muito boa.


- O quê foi? - Perguntei.

- Ah, nada... - Você respondeu.


Dei de ombros e me aninhei em seu abraço. Novamente, o interfone tocou e você levantou bufando de raiva. Eu não estava entendendo nada e também não conseguia ouvir o quê você dizia para a pessoa do outra lado da linha. Foi ai que a minha curiosidade começou a falar mais alto, e mesmo assim eu permaneci no sofá apenas criando paranoicas. Pensei que pudesse ser alguém tentando brincar e aquilo me deixou mais tranquila. Ouvi alguém abrir a porta e chamei pelo seu nome, mas você não respondeu. Levantei-me e fui ver quem era, e ao chegar na porta, o rosto que vi era desconhecido. Uma mulher alta com os cabelos castanhos chocolate me encarava enquanto coloca uma mochila grande no chão. Ela me analisou por longos segundos antes de voar em cima de mim e agarrar os meus cabelos.


- Quem é você e o quê faz aqui? - Ela gritou.


Eu tentei várias vezes empurra-la, mas senti que ela estava com raiva de alguma coisa e queria descontar em mim. Minhas mãos alcançaram a sua garganta e eu e empurrei até a parede, tentei prender suas pernas nas minhas para que a mesma se acalma-se, em vão. Você apareceu e te ouvi dizer "Que porra é essa?" e rapidamente você me puxou, separando a suposta briga. Aquela mulher parecia louca, seus olhos ardiam de fúria, e isso só piorou quando ela te viu chegar.


- Quem é ela, Laura? - Gritou a mulher.

- Nancy? - Você exclamou.

Cartas que você jamais vai lerOnde histórias criam vida. Descubra agora