Capítulo 10

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- Vamos logo, mamãe.


Gritou Charlie quando eu ainda estava em meu quarto certificando-me de que havia pegado tudo que iria precisar. Fechei as janelas e sai de lá, passei o corredor e logo pude ver vocês dois no andar de baixo.


- Ela é muito lerda, Charlie.


Você falou e instantaneamente, os dois começaram a rir. Charlie correu pra fora em direção ao carro deixando nós duas sozinhas dentro de casa. Semicerrei os olhos pra você e te vi sorrir e me dar um beijo molhado na bochecha, peguei a mala que eu havia preparado e você pegou a outra, juntas caminhamos pra fora de encontro ao carro onde meu filho já nos esperava. Pedi que você trancasse a porta pra mim e você o fez, ao chegar perto de carro, você jogou as chaves pra mim e disse:


- Pensa rápido!


Me assustei e senti as chaves bater em meu peito, as segurei no impulso e te olhei. Guardei-as no bolso e depois abri o porta-malas. 


- Muito espertinha você, hein, Laura. 

- Sempre, meu amor. 


A viagem foi divertida e ao mesmo tempo cansativa. Levamos algumas horas pra chegar e, dentro dessas horas, nos divertimos e fizemos brincadeiras para o tempo passar. Charlie dormiu um pouco, ele havia encostado a cabeça no vidro onde o sol permanecia esquentando seu rosto e deixando sua pele iluminada, era algo fofo de se observar. Encostei minha cabeça no banco, logo a típica imagem de casas e prédios que se vê todos os dias foi substituída por uma paisagem mais tranquila, com montanhas e gramados verdes que pareciam não ter fim. Você ligou o rádio e colocou a sua música preferida, eu gostava muito daquela música e fiquei feliz em saber que você também. Cantarolamos juntas, nos olhávamos e sorriamos uma pra outra o tempo todo, e até mesmo quando eu errava a letra. 


  She dropped her sight. Unguarded, won't fight it.

  (Ela baixou a vista. Desprotegida, não vai lutar contra isso).


World can't see she's gonna leave him blinded. Lights off, don't stop...

(Mundo não pode ver que ela vai deixá-lo cego. Luzes apagadas, não pare...)


Paramos um pouco, Charlie precisava usar o banheiro, mas depois continuamos sem interrupções, e finalmente chegamos. Pude inalar aquele cheiro delicioso que sentimos quando estamos perto, o cheiro de água salgada me deixava ansiosa e contente por ter uns dias de paz em um lugar maravilhoso. Mais alguns minutos dirigindo até chegar ao hotel, nada muito demorado. Você prendeu os óculos na cabeça, segurando os cabelos. Eu amava te observar dirigir pois você era muito focada, e eu sempre gostei disso em você. Ao estacionar, nossos amigos nos esperava na entrada, eles correram até o carro e Natasha sentou-se em cima do capô. Demos risada e você freou que ela quase caiu pra frente. 


- Quer me matar, Laurão! - Exclamou Natasha saindo de cima do carro.

- Você que é a suicida aqui. 


Você saiu do carro e Natasha te abraçou. Ela te ergueu pela cintura e você bateu nos ombros dela pedindo que a mesma te soltasse. 

Cartas que você jamais vai lerOnde histórias criam vida. Descubra agora