Cartas que você jamais vai ler

Capítulo 14

Você sempre foi o suficiente pra mim, Laura. 

Quando voltei de um outro hospital próximo a Massachusetts precisei passar rapidamente no hospital onde eu trabalhava porque eu tinha mais alguns casos para resolver. No caminho, dentro da ambulância mesmo, eu conversava com o para-médico e checava sempre a pressão arterial do paciente. Aquilo tudo foi uma longa história, mas fiquei feliz em poder ir até um outro hospital com médicos diferentes do que eu estava acostumada a trabalhar. Minha mãe me ligava desesperadamente, eu estranhei porem, quando sai da ambulância, a primeira coisa que fiz foi retornar as ligações. 

- Diga, mãe. 

- Minha filha, você já está pronta para o casamento da sua prima? 

- Como é que é? - Gritei incrédula e algumas pessoas me olharam. 

- Já estou quase terminando de me arrumar, venha logo porque você vai perder a cerimônia.

- Mãe, não vou conseguir ir, me desculpe. Eu estou no meio de um caso muito importante com um paciente aqui no hospital. 

- Vou avisar a ela que você vai se atrasar um pouco. 

Ela desligou. Me deixou com o celular em frente a orelha andando apressadamente em direção a sala de cirurgia. Minha mãe estava mesmo afim de me ver naquela festa, mas eu não dava a miníma para tal ocasião, eu nem tinha motivos para ser legal com a minha prima depois de tudo que ela tinha feito. Sei que não devemos guardar rancor dos outros, porem eu não tenho amnésia, isso eu já havia deixado bem claro para a minha mãe. 

Depois de toda aquela confusão eu tive tempo para descansar e, horas mais tarde, finalmente voltei para casa. Atendi a sua chamada assim que entrei, conversamos sem parar enquanto eu caminhava até o meu quarto e tirava os tênis deixando-os pra trás na escadaria. Me joguei na cama e sorri a cada vez que ouvia a sua voz, eu estava ficando uma completa louca por você. E sempre foi assim, todos os dias depois que eu voltava do trabalho nós duas conversávamos até eu cair no sono, você me dizia sempre no outro dia que tinha escutado os meus roncos, mas isso não acontecia de verdade, eu nunca ronquei. O tempo passou, tudo estava sendo como eu sempre imaginava que seria, a minha vida agora tinha mais um motivo real do qual me deixava apaixonada por viver, por ser mesmo feliz. Aquela tarde foi uma das mais difíceis, eu precisava decidir com qual roupa iria a um jantar que você havia me convidado horas mais cedo. Você sempre me convidava para fazer algo divertido, e eu gostava pois era bom passar meu tempo ao seu lado. Optei por uma short-sleeved yoga hoodie da cor rosa e uma calça legging preta comum, não fazia muito frio mas também não estava aquele calor de suar. A ida até o local foi tranquila, ouvimos música e conversamos sobre assuntos aleatórios dos quais nos interessava, eram coisas que tínhamos em comum e isso gerava um papo duradouro. 

- Como foi o casamento da sua prima? - Você me perguntou.

- Casamento? 

- Sim, Taylor. Você disse que iria, lembra? - Você riu ao falar. 

- Ah tá, verdade. - Olhei pra frente. - Acontece que eu não fui.

- Rancorosa você, não? 

- Nunca. Jamais, meu amor. - Falei e juntas demos risada. 

- Minha mãe me ligou no dia, mas sabe como é, né. Eu tive um caso muito importante no hospital e obviamente eu não ia deixar de participar para ir ao casamento de uma adúltera.

- Ai que horror, Tay. - Você disse ironicamente.

- Horror? que nada! - Fui mais irônica ainda. - E tem outra...