Cartas que você jamais vai ler

Capítulo 08

Eu te amei. Mais do que a mim mesma.

E ainda te amo porque todo o universo conspirou para que eu chegasse até você.

Aceitar um pedido de encontro é uma coisa normal, dependendo da pessoa. Porem, pra mim, aceitar um pedido seu é muito mais que isso. Minhas pernas ficaram trêmulas e senti uma forte ansiedade bater. Decidi que finalmente entraria no seu jogo de sedução, se é que eu podia chamar assim. Eu queria entender todos aqueles sentimentos que floresceram desde o primeiro dia que te vi. Nunca quis confessa-los, e foi bom eu não ter feito isso no começo. Charlie queria ficar com sua avó aquela semana sem aula, eu deixei suas roupas prontas na mochila e esperei até o horário que combinei com minha mãe para leva-lo. Ele estava ansioso e bem animado, a minha mãe havia prometido que os dois iriam ao zoológico e eu tive que aguentar ouvir a semana toda sobre aquele assunto. Charlie gostava de animais e desde que descobriu seu amor por eles, colocou na cabeça que seria veterinário ou qualquer outro profissional que tenha contato com os bichinhos.

- Eu vou ver os leões, os tigres, e...

- E cuidado para eles não pularam por cima das grades e te pegar. - Falei.

- Mamãe! - Exclamou Charlie.

- É brincadeira. - Peguei ele no colo e o abracei.

Abri a porta principal e coloquei Charlie no chão. Pedi para ele pegar sua mochila e o mesmo saiu correndo, já gritando de felicidade. Tranquei a porta e caminhamos até o carro. Paramos em um lugar pra comprar um sorvete e continuamos até a casa da minha mãe. Era um pouco longe da minha, coisa de 25 minutos.

- Quero que se comporte e seja um ótimo garoto, okay?

- Okay, mãe. - Ele disse. - Eu vou trazer um leão pra casa.

- Ele vai devorar você antes de chegar. - Dei risada e aumentei a música.

Charlie cantarolava a música que tocava na rádio e eu o acompanhava como voz de fundo. Ele dançava de um lado pro outro e balançava as mãos para acompanhar o ritmo. Quando avistamos a casa da minha mãe, ele bateu as mãos contra o vidro quando a viu parada na calçada, já o esperando.

- Vovó!

Destravei a porta do carro e ela abriu, pegou Charlie no colo e os dois se abraçaram. Charlie sem sombra de dúvidas amava passar o dia com a minha mãe. Desci do carro e ajeitei o óculos de sol que eu usava, o calor era insuportável. Peguei a mochila dele e entramos na casa, minha mãe logo foi oferecendo um suco e nós dois aceitamos. Me sentei na mesa e Charlie pegou o copo e correu pra brincar com o cachorro que minha mãe tinha, ele sempre ficava no quintal.

- E como vão as coisas no hospital? - Ela me perguntou.

- Muito bem. - Respondi. - Vou voltar amanhã.

- Ah, que ótimo. - Ela disse e sentou-se ao meu lado. - Então sugiro que você vai fazer algo hoje anoite? - Perguntou ela, me deixando surpresa.

- Acho que sim... - Respondi e bebi um pouco do suco para disfarçar minha expressão de assustada.

- Sua cara não te deixa mentir. E quem é o bonitão?

- Mãe! - Exclamei.

- Okay, me desculpe. - Ela se apressou em falar. - Sabe que oque eu mais quero é ver você casada com um homem que possa te fazer feliz, você merece isso, Taylor.

- É complicado... - Respondi.

Meu celular tocou. Fechei os olhos lentamente e os abri novamente depois de tirar o aparelho do bolso. Era você. Me arrepiei instantaneamente e olhei para minha mãe, ela fez menção com a cabeça sobre eu poder atender, e assim o fiz.