Epílogo - Encarando a Realidade

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O dia amanheceu, acordando o sentimento que Camila não imaginava que iria chegar, o arrependimento. Não se arrependia da noite incrível que teve com Elaine, mas sim por ter sido fraca e traído a namorada. Camila olhou a amiga dormindo com o rosto sereno.

― Ela ainda está na deliciosa realidade de sua imaginação. ― disse pra si com tristeza.

Tomando cuidado para não acordar Elaine, levantou-se. Sabia que não se controlaria se a visse acordada e já estava arrasada demais, não queria piorar as coisas. Completamente incapaz de encarar de frente a situação, optou pela saída mais covarde: juntou suas coisas de qualquer jeito na mala, vestiu-se e partiu, deixando apenas um bilhete para a amiga.

“Elaine, amei tudo que vivemos essa noite, mas sempre soubemos que a nossa realidade era outra. Desculpe por ir sem te acordar, mas estou em conflito comigo mesma e não suportaria te ver e não te beijar. Fique bem.

Beijos, Camila!”

Quando Elaine acordou, a primeira coisa que viu foi o pequeno pedaço de papel repousando sobre o travesseiro de Camila. Depois de lê-lo, finalmente se deu conta de que a amiga não estava mais lá. Inevitável controlar a lágrima que escorreu pelo seu rosto. Mesmo tendo a ciência de que tudo não passaria de uma noite, a dor que sentiu foi inevitável. Leu mais uma vez o bilhete e ponderou se deveria mandar ou não uma mensagem para Camila. Achou que o correto seria dar espaço, esperar, no entanto, a necessidade de se manifestar foi mais forte. Enviou uma mensagem contendo apenas um simples beijo e decidiu que esperaria a amiga falar. Estava amedrontada com a ideia de Camila sumir, sua vontade era de questiona-la, no entanto, não queria afugenta-la. No fim, decidiu que a única coisa que lhe restava era esperar. Tomou banho, vestiu-se e, melancólica, finalmente foi embora do quarto onde tivera a melhor noite de sua vida.

Camila chegou em casa abatida, deu a desculpa do cansaço para a namorada, que questionara o motivo dela estar com o semblante triste. Isolou-se em seu quarto e se deixou imergir no mar de pensamentos sobre tudo o que fizera.

Mesmo sem acreditar na desculpa de Camila, Amanda resolveu sair do quarto e deixar a namorada descansar. Quando Camila resolveu dar o ar da graça, Amanda estava terminando de fazer o jantar. Camila pensou muito e decidiu não contar nada para a namorada. Optou por dar um tempo na sua relação com Elaine, aquilo seria o mais correto. Precisava tentar seguir a vida, amava Amanda e isso era tudo o que importava. Ao menos era o que ela pensava.

******

Três meses se passaram, e Elaine não impôs sua presença na vida de Camila. Se era um tempo que ela queria, era um tempo que iria ter. Começou a se relacionar com uma colega da faculdade, não era uma Camila, mas serviu para amenizar a falta que a amiga fazia, apesar de ainda chorar ao lembrar de tudo que haviam vivido.

Mesmo sem ter qualquer contato com Elaine, Camila não passava um dia sequer sem pensar em como ela estaria. Muitas vezes chegou a escrever uma mensagem, mas nunca foi capaz de enviar. Amanda conhecia muito bem a namorada, sabia que ela não estava bem e mesmo tendo notado que Camila andava mais carinhosa do que o normal naqueles últimos meses – fato que lhe agrada bastante – percebia algo triste em seu olhar. Sem poder mais aguentar vê-la daquele jeito, decidiu provocar uma conversa:

― Camila, admite que tem algo errado. Poxa, consigo ver a tristeza em seu olhar. Me diga o que tá acontecendo, amor.

― Só tô cansada, amor. ― Falou e precisou fazer um esforço sobrenatural para não desabar no colo da namorada.

― Não é cansaço, sei que não é. ― Foi o que Amanda respondeu enquanto acariciava seu rosto ― Pode me falar o que tá te incomodando.

Ao sentir o toque carinhoso da namorada, Camila não suportou e liberou toda tristeza e desespero que estava sentindo em forma de lágrimas. Amanda a abraçou enquanto ela soluçava de tanto chorar.

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