08

23 0 0
                                    

"E não há remédio para as lembranças
Seu rosto é como uma melodia
Não sairá da minha cabeça
Sua alma está me assombrando
E me dizendo
Que tudo está bem" — Lana Del Rey (Dark Paradise)

MEGAN PARKER

12 de junho de 2018

10:32 a.m.

*Los Angeles, Califórnia – Estados Unidos*


— Você chegou mais cedo. Entre— a sua voz calma soa e eu faço o que ela pediu. Caminho até o pequeno sofá bege e me sento, vendo-a se acomodar na poltrona na minha frente.

— Sim, me desculpe.— digo envergonhada por aparentar não conseguir esperar o horário correto da sessão. — Eu precisei entregar alguns papéis na universidade, então estava por perto.

— Entendo.— diz concedente, limpando a garganta e adquirido sua típica postura impecável. — Então, como está se sentindo?

Penso numa resposta adequada. Incomplexa o suficiente para não parecer superficial demais.

Meus dedos estão inquietos enquanto os pressiono contra o jeans escuro da calça que estou usando, um tique que adquiri ao decorrer dos dias. Sinto que ser sincera é necessário, mas não me estou completamente confortável para colocar todas as cartas na mesa, então procuro responder a sua pergunta de modo objetivo que possibilite que ela por si só descubra o que estou pensando, sem que precise falar. Isso soa tão patético.

— Já tive dias melhores.

— Você acha que a sua situação pessoal atual está interferindo negativamente no seu bem-estar?— ela cruza as pernas e coloca um bloco de notas em cima de uma das pernas, me analisando minuciosamente.

Agradeço mentalmente por ela estar se referindo a mim de modo informal, fazendo com que a tensão se dissipe quase que completamente.

— Acredito que já tenha visto nos noticiários os acontecimentos das últimas semanas.— deduzo gentilmente. — Se estivéssemos numa situação comum, eu não precisaria estar consultando um psicólogo.

Ela pressiona o topo da caneta e escreve algo no papel, olhando pra mim logo em seguida, quase como se sentisse ofendida.


— Como psicóloga, minha função é ouvir o que lhe aflige. Não é necessário algo fora da sua rotina ocorrer para que você procure alguém para conversar sobre os seus problemas, Senhorita Parker.— o modo cordial como ela me chama, faz-me sentir ligeiramente desconfortável. — A ideia de que pessoas que consultam psicólogos são doentes, já está ultrapassada. Não é um problema cuidar da saúde mental.

— Me chame apenas de Megan, por favor.

Maitê Jones. Psicóloga renomada em Los Angeles, com um consultório em Bervelly Hills e especializada em casos traumáticos — principalmente os de perda no qual o indivíduo gerava grande caos emocional ao não possuir reações adequadas.
Tínhamos tido nossa primeira sessão há duas semanas, através de uma sugestão que eu havia recebido do reitor da UCLA. O Sr. Jones e ela possuíam algum parentesco do qual não me lembro, porém ele havia me chamado no seu gabinete para conversamos sobre o meu desempenho estudantil que havia diminuído um pouco— o bastante para que ele se preocupasse.
O Sr. Jones propôs que eu me afastasse dos estudos por algum tempo, até que me estabelecesse emocionalmente para retornar às atividades. Porém eu não queria perder o período, então minhas consultas diárias com uma psicóloga, foram a condição que me ajudou a permanecer na UCLA.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 03, 2019 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

FleeOnde histórias criam vida. Descubra agora