CAPÍTULO 1 - FELÍCIA ANTÔNIA TOMBERLAINE

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CONTEÚDO ADULTO: PROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS!!!


Felícia levantou-se da cama lentamente para não acordar o namorado.

Ela reconhecia que o cuidado era mais para evitar ter que conversar com ele do que pelo respeito à privacidade dele.

Era um domingo e ele dormira em seu aprtamento novamente.

Namoravam há mais de três anos e Jefferson mais uma vez falara em casamento e, pior ainda, em filhos, para a contrariedade da namorada.

Ela sentia que a relação esfriava cada vez mais de uma forma irreversível, mas ele, embriagado pelo amor, não percebia.

Pensara muito no relacionamento do início que ela também achou que seria perfeito e duradouro, mas agora, tudo estava se acabando e reconhecia que não tinha mais o tesão inicial que sentira por ele.

Um dia, tudo apontara para uma união sólida, segura e feliz, mas agora, sem saber por que, tudo parecia sem cor, sem viço, sem entusiasmo, frio e mecânico da parte dela.

Ela tinha certeza de que não seria feliz casada com Jefferson e, como ele sonhava, com um lindo casal de filhos.

Não se enxergava grávida ou dando a luz, amamentando, levando as crianças para a escola, dando banho, cuidando.

No fundo, ela sabia que estava se escondendo de algo que nem ela mesma sabia o que era. Só sabia que uma vozinha, que ela não queria escutar, sussurrava, bem lá no fundo, uma novidade que ela não queria ouvir.

Ela só sabia que o sexo entre eles se tornara insosso e a companhia dele era quase de um irmão, um parceiro de trabalho e só.

Ao contrário dela, Jefferson, 37 anos, alto, magro, moreno, cabelos lisos e negros e de sorriso cativante, estava cada vez mais confiante de que eram o casal perfeito e que se casariam muito bem. Os sogros a amavam e ela se sentia traindo o amor deles por não corresponder a todo o carinho e amor do filho deles por ela.

Jefferson sentia-se visivelmente orgulhoso em desfilar pelas ruas e reuniões sociais com a jovem de 32 anos,  um metro e oitenta e três (um pouquinho mais alta do que ele), longos e espessos cabelos louros, olhos claros, corpo escultural e de uma expressão determinada de mulher forte e que sabia muito bem o que queria da vida.

Às vezes, ela o surpreendia rindo arrogante para os amigos e ela imaginava que aquele olhar queria dizer nitidamente "olhe a fera que eu consegui domar", o que a irritava cada vez mais.

Ela percebeu, desde o início, que ele ficara totalmente atraído por ela e, como os dois já fossem amigos, decidiu dar uma chance ao amor, que ela pensou que nasceria com o tempo.

Ele fizera arquitetura e depois engenharia e a convencera Felícia a fazer o mesmo. Numa coisa os dois concordavam, quando começaram a se relacionar: se era para fazer algo, que se fizesse direito. No caso de Felícia, tinha que sair perfeito!

Os dois se formaram com seis meses de diferença e montaram seus escritórios lado a lado num prédio do centro da cidade.

Talvez a convivência diária estivesse cansando e desgastando a relação, pensara Felícia.

Trabalhavam juntos todos os dias e era raro o dia em que o namorado não a surpreendia chegando em seu apartamento para levá-la a algum evento, para jantarem ou mesmo para discutirem algum projeto que ficara pendente naquele dia.

Como ela queria fazer seu nome e solidificar a carreira, no início, não se importou em passarem longas horas, noite adentro, analisando plantas e projetos arquitetônicos.

Jefferson, cada vez mais apaixonado, gostava de surpreendê-la mesmo no escritório com presentes, convites para sair, trazer-lhe um café, a correspondência...dar-lhe um beijo roubado, cercá-la de mimos que, tinha que admitir, já estavam cansando.

A mãe a criara praticamente sozinha, depois que o pai de Felícia falecera vítima de AVC quando ela ainda era criança.

De gênio forte, determinada e decidida, a mãe a  fizera crescer totalmente independente e, por isso, agora ela estava se cansando de ser tão sufocada por Jefferson.

Tirou as roupas, abriu o chuveiro e sentiu a água cercá-la prazerosamente.

A água quente caiu sobre os seus ombros e espalhou os longos cabelos pelas suas costas douradas.

Pernas longas e fortes, seios fartos,  belos traços arrancavam suspiros dos  funcionários das empreiteiras que ela visitava.

Ela sabia que o namorado não era muito a favor dela frequentar, três vezes por semana, as aulas de capoeira que ela amava.

Ela reconhecia que a prática daquele esporte ajudava a controlar o gênio forte que herdara da mãe e expulsava os traços de uma vida estressante numa cidade grande como aquela.

A mãe lhe enviara mais um cartão postal indicando que ela agora estava no Alasca acompanhando o atual marido, um coronel aposentado do exército,  numa viagem pelo mundo que, inicialmente, ela dissera que iria durar um ano. Naquela semana, completaria três anos. Atrás do cartão mostrando o casal no meio do gelo, apenas os dizeres de sempre: "Sinto saudades. Beijos."

Será que ela nunca se cansaria de resumir assim o contato com a filha ao longo dos últimos  anos? Ficava imaginando se era papel da filha dizer à mãe que as duas haviam se tornado duas completas  estranhas?

Por que as pessoas tinham que obrigar os outros a se relacionarem mesmo quando não havia mais um relacionamento? Por simples convenção social?

_Ei, querida! Deixe-me entrar e esfregar as suas costas._disse Jefferson batendo na porta e interrompendo os seus pensamentos.

_Não. Não estou a fim. Minha menstruação chegou._mentiu ela.

Não menstruaria senão na semana seguinte, mas queria ficar sozinha.

Queria pensar sobre o rumo que queria dar a sua vida e, descobriu finalmente, de preferência sem formar uma família com Jefferson.

MEU PORTO SEGURO É VOCÊ-Um romance para gays e lésbicas-Armando Scoth LeeOnde histórias criam vida. Descubra agora