Capítulo 27.

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Enzo Callegari.

Confesso que depois que escutei Isabella dizer que nunca existiu nós, senti uma pontada enorme de frustração me invadir. Quando entrei no carro e a observei mais uma vez, sabia que ainda tinha chances - mesmo sendo pequenas - de reconquista-la.

Só dela ter voltado a empresa já é um enorme avanço, afinal, estaremos mais próximos. Entretanto, não sei como puxar assunto com ela pois a cada conversa, sinto como se devesse pedir desculpas todo segundo pelos males que lhe causei.

É estanho, ainda mais para um homem de trinta anos como eu, passar a noite acordado com os pensamentos em uma única pessoa, num único sorriso.

Já tentei pregar os olhos varias vezes, por incrível que pareça, contei carneirinhos mas nem isso funcionou.

O que essa mulher está causando em mim?

Faço essa pergunta desde o dia que a conheci e até hoje não sei a resposta.

(...)

O despertador tocou fazendo com que eu desse um pulo da cama, assustado pois parecia que não havia conseguido dormir por muito tempo. Esfreguei os olhos e logo senti um cheiro de panquecas invadir todo o meu quarto fazendo meu estômago embrulhar.

Vesti uma calça de moletom e fui até a cozinha me deparando com Jesse dançando e cantando uma música que eu não faço ideia de qual seja, até porque ele canta numa língua que só ele entende.

— Tá fazendo o que aqui? — Perguntei ainda sonolento enquanto me aproximava do balcão.

— Panquecas, não está vendo? — Ele sorriu de lado e eu revirei os olhos.

— Sim, mas por que aqui?

— Ah, porque na minha casa eu esqueci de comprar farinha e ovos, fiquei com preguiça e resolvi vir aqui — Disse ele despejando a sua gororoba que ele nomeava de panqueca, num prato — Você quer?

— Prefiro tomar apenas meu café — Disse em meio a risos e Jesse deu de ombros.

— To sentindo você meio estranho, fala aí cara, o que "tá" pegando? — Ele me olhou enquanto comia.

— Nada, por que? — Arqueei uma das sobrancelhas.

— Sei lá, eu acho que você é estranho assim todo dia mas hoje está um pouco mais evidente. Já pensou em plástica? — Juro que se ele não fosse meu irmão, eu iria odiá-lo profundamente mas infelizmente é.

Apanhei um rolo de papel toalha dentro do armário jogando o mesmo em sua cabeça, escutando em seguida, sua gargalhada exagerada.

— O mais engraçado é que todos dizem que você se parece comigo — O alfinetei e logo seu sorriso desmanchou, fazendo o meu aparecer no mesmo instante.

— Você é tão chato, cara — Resmungou ele terminando de comer.

— Por que não foi até a Izzy ver se ela tinha farinha?

— É tão difícil pra você entender que eu queria ver meu irmão? — Dramatizou ele, garanto que o cinema de Hollywood está perdendo um ótimo ator.

— Tá bom Jesse, já entendi — Disse colocando minha xícara na pia.

Deixei ele na cozinha e fui acordar Laura pois a mesma tem aula hoje.

Quando conheci Ella - Duologia CallegariOnde histórias criam vida. Descubra agora