Capítulo 1

251 16 23
                                    

Oi meus pudinzinhos 🍮

Aqui está a fanfic da Heather que eu disse que faria. A história é narrada em primeira pessoa, apenas do ponto de vista da Heather, a fanfic vai ser atualizada a cada duas semanas enquanto Baby Girl não acaba, mas depois que acabar eu rearranjo o calendário.
Estão prontos?

Avisos de gatilhos: menção a suicídio, estupro e violência doméstica; assassinato; abuso de substâncias entorpecentes lícitas e ilícitas e transtornos psicológicos.

Boa leitura 🍮 ❤️

Desde menina, eu sempre sonhei com um príncipe encantado. Alguém que fosse chegar em um cavalo branco para me salvar e me levar para muito longe da minha realidade de merda. Um lugar tão, tão distante, que ninguém sequer saberia o meu nome.

Tolice, eu sei, meninas como eu não tem finais felizes, não tem uma história de amor épica apenas esperando para acontecer. Não. Meninas como eu estão presas dentro de um ciclo de vícios e violência e essa foi uma lição que aprendi quando era muito nova porque aquela era a realidade de Berserk, aquela era a realidade em que eu nasci.

Sou Heather DeRange, a filha mais nova de Oswald DeRange e desde o dia em que eu nasci minha vida é uma merda. Não é fácil viver naquela em que muitos intitulam como "a pior ilha do Arquipélago Barbárico", é muito fácil ver Berserk como a ilha cheia de criminosos e viciados, mas é necessário viver lá para saber realmente como as coisas são.

É necessário viver lá para saber que a marginalidade apenas se alastrou depois que o Arquipélago Barbárico se tornou o Arquipélago das Ilhas Internas e todas as quatro Ilhas passaram a ter um único governo. É preciso viver lá para saber que toda a riqueza gerada pelos Berserkers era investida em Berk ou em Histeria e que a população foi completamente abandonada por seus governantes. É preciso viver lá para saber que a falta de estrutura em setores básicos foi o que fez parte da população ganhar seu sustento com o tráfico.

É preciso viver em Berserk para saber que o número de mulheres mortas por seus maridos é muito maior do que as estatísticas mostram. E apenas eu vou poder contar que minha mãe foi apenas mais uma que entrou para esse número.

Meu pai sempre foi um completo imbecil, estava sempre bêbado, ninguém sabia como ele conseguia o dinheiro para sustentar o vício enquanto minha mãe fazia o impossível para que meu irmão e eu não ficássemos com fome. A violência era tão comum que chegava quase a ser diária, era normal ver minha mãe com hematomas por toda a parte ou ossos quebrados, ela sempre mentia e por muito tempo eu achei que minha mãe era apenas desastrada.

Até que eu vi tudo com os meus próprios olhos. Eu tinha sete anos e nunca fui capaz de esquecer o que vi naquele momento. Eu não fui capaz de compreender por que aquela vez foi diferente das outras e até hoje não entendo, tudo o que sei é que em um momento minha mãe estava no chão, gritando, implorando para que ele parasse e no outro ela adormeceu para nunca mais acordar.

Meu pai nunca chegou a ser julgado pelo o que fez, em Berserk não há justiça para as mulheres fracas demais para escapar, é muito comum ouvir que aquelas mulheres estavam naquela situação "porque queriam", essa foi a mentira na qual acreditei até ser velha demais para entender o que realmente acontecia na vida daquelas mulheres. Levei anos para entender todo o sofrimento que as aprisionava e as matava aos poucos.

É claro que depois da morte da minha mãe, nada mudou para o meu pai. Ele continuou com as bebedeiras e os surtos de violência, a única coisa que tinha mudado era seu alvo que passou a ser meu irmão mais velho, Dagur, e eu. Dagur é dez anos mais velho do que eu, então quando minha mãe morreu, era ele o responsável por nos sustentar e ele fazia o que fosse preciso pensando no meu bem estar, eu sempre o amei muito e nunca entendi muito bem por quê ele nunca revidou a violência de meu pai, Dagur apanhava todos os dias e ainda assim nunca o vi derramar uma lágrima sequer. Eu passei muitos anos da minha vida sem revidar, assim como o meu irmão, mas isso porque eu era muito pequena, muito estúpida. Nunca entendi o que sempre impediu Dagur de acabar com todo aquele inferno e talvez eu nunca entenda, mas alguém tinha que acabar com todo aquele sofrimento.

E esse alguém,

fui eu.

Levou anos para que eu reagisse, ainda me lembro bem daquela noite. Eu tinha acabado de completar dezesseis anos, meu pai voltou pra casa bêbado, mas algo foi diferente naquela noite, não sei o que deu na cabeça daquele homem, mas aquela noite foi a pior. Algo se rompeu dentro de mim, algo se partiu ao meio, se estilhaçou em milhões de pedaços e até hoje me pergunto o que foi. O que me fez pegar aquela faca?

Vinte e três facadas. No pescoço, no tórax e no estômago. Lembro de Dagur gritando meu nome, talvez ele estivesse tentando me fazer parar, mas o escarlate era tão bonito e ele merecia. Ele mereceu cada uma daquelas facadas, mereceu cada segundo de agonia.

Jamais vou me arrepender das facadas que meu pai levou, mas nunca vou me perdoar por ter deixado meu irmão levar a culpa. Dagur foi réu confesso e sequer teve um julgamento, ele foi preso naquela mesma noite e eu fui jogada em um abrigo esquecido pelos deuses. Ainda posso me lembrar com detalhes daquela noite, me lembro dos sons, dos cheiros, das texturas, me lembro de cada detalhe como se vivesse tudo outra vez.

Lembro de como me senti ao ver meu pai se afogar em seu próprio sangue, lembro de como chorei ao ver meu irmão levado para longe, lembro do quanto me desesperei ao me ver completanente sozinha.

Eu sempre quis um conto de fadas, mas finais felizes e amores verdadeiros são para princesas ingênuas e estúpidas. E eu?

Eu sou a maldita bruxa.

Então gostaram?
O que esperam dessa nova história? Como enxergam a Heather agora que sabem um pouquinho mais sobre ela?
Comentem expectativas.

See ya 😘

I Did Something BadOnde histórias criam vida. Descubra agora