Capítulo 3

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Oi meus pudinzinhos 🍮
Mais um capítulo para vocês, estou postando hoje porque não vou ter tempo no sábado, então o próximo sai em 19/09.

Espero que gostem.

Boa leitura 🍮❤️

Acordo com um sobressalto ao sentir o barco se mover. Pisco para me livrar do sono e olho para cima, franzo a testa ao perceber que ainda é noite e mesmo assim o barco já está saindo. Reviro os olhos ao me dar conta que estou em uma embarcação usada para contrabando, mas dou de ombros. Contrabando ou não, é como vou sair dessa ilha e isso é tudo o que importa.

As primeiras gotas de chuva caem em minha cabeça e não posso evitar soltar uma maldição. Entrei por acidente em um barco que com certeza leva algo ilegal, não faço ideia de para onde estou indo e agora estou desprotegida da chuva. Honestamente, se me receberem a tiros no porto, estarei no lucro. 

Estremeço e me encolho um pouco mais, fecho o olhos apesar de saber que não voltarei a adormecer e espero. Espero porque esperar é a única coisa que me restou, é o que estou fazendo desde o início. Esperei para que meu pai pagasse pelo o que fez à minha mãe - a todos nós -, esperei para que meu irmão saísse e voltasse para mim, esperei que alguém me tirasse daquele buraco - que alguém visse o quanto aquele lugar me matava aos poucos - e agora espero que a chuva passe e que o barco chege ao seu destino depressa.

Não sei se se passam minutos ou horas, tampouco sei quanto tempo faz que deixamos o porto, mas o barco diminui sua velocidade gradativamente até que finalmente para. Me levanto, um pouco fraca pelo tempo em que fiquei imóvel no pouco espaço que tinha entre os containers, a chuva ainda cai sobre minha cabeça e posso me sentir tremendo, mas ando por entre os containers até chegar à borda do navio e ser capaz de ver um porto. Não sei onde estou, mas sei que ainda é no Arquipélago porque ainda é noite.

Me sento na borda do navio e passo as pernas para o outro lado, uma após a outra, e então me solto e caio no deck de madeira.

-Você aí! - Ouço alguém gritar e um nó se forma em minha garganta, estremeço de dor ao tentar engolir o maldito nó que arranha minha garganta por dentro e manda pontadas até meus ouvidos. Pareço me esforçar demais para erguer a cabeça, mas sou capaz de ver homens a minha frente.

Homens enormes e assustadores.

E um deles aponta uma arma para minha cabeça, mas apenas sei disso pelo metal frio e pesado do cano pressionado contra a lateral da minha cabeça. O porto está escuro e minha visão borrada demais para conseguir distinguir qualquer um deles com clareza. Nem mesmo sei o que estão falando porque suas vozes não passam de ecos em meus ouvidos. A chuva deve ter me feito adoecer. Ótimo. Era só o que faltava. Agora sim a noite está quase completa, só me resta levar um tiro - e pelo o que parece, isso não vai demorar muito.

-Eu disse para se levantar! - O homem com a arma em minha cabeça grita. Ele me puxa pelo braço até que eu esteja de pé e seu aperto forte me machuca. Estou fraca demais para ficar de pé sozinha, estou tonta e sinto que posso vomitar a qualquer momento, mas lentamente minha visão reganha o foco e vejo com clareza meu carrasco.

Um homem alto, bem mais velho do que eu, mas ainda de aparência jovem. Apesar disso, é careca e não tem mais do que uma barba rala no rosto, seus olhos estão cerrados e a testa franzida e suas roupas indicam que a única moda que ele conhece é a que viu em filmes de gangues dos anos 90. Ouço o click, sei que a arma está engatilhada e me preparo para o momento em que meus miolos vão explodir. Vou morrer. Mas vou morrer livre.

-Já chega, Ryker! - Uma nova voz se junta a confusão e tudo fica em silêncio. O barulho da chuva e de passos no chão molhado são a única coisa ouvida. - Deixe a garota e vá ver a mercadoria.

"Ryker" faz um barulho de descontentamento e não me solta.

-Eu espero que você tenha um plano melhor. - Ele cospe as palavras como se deixassem um gosto ruim em sua boca. Está claro para mim que Ryker não gosta nem um pouco desse outro homem. O outro homem ri.

-Faça o que pedi, Ryker.

Ryker me solta, minhas pernas fraquejam, mas não caio. Ainda estou tonta, mas uso toda a força que tenho para me manter de pé. Ryker desaparece, mas ainda tenho dois homens ao meu lado e sem nenhum lugar para onde correr, me viro para finalmente encontrar o homem por trás de tudo.

Não sei bem o que eu esperava, mas definitivamente não foi o que vi. Vi um garoto, não muito mais velho do que eu, ele tem cabelos negros bem penteados, olhos castanhos e nenhum sinal de barba no rosto, está vestindo um terno caro cujo o preço provavelmente seria capaz de alimentar todas as crianças do abrigo por dias. Ele está acompanhado de um outro homem, um empregado que segura um guarda-chuva sobre sua cabeça para que ele não se molhe.

Ele está a muitos passos de mim e mesmo assim sinto sua presença como se estivesse ao meu lado, ele tem um ar poderoso de elegância que tem esse efeito e ele certamente tem mais poder do que eu possa imaginar e sei que não sou a única que percebe porque sinto o homem a minha esquerda tremendo, e sei que não é de frio. Esse homem não tem nada nas mãos, nenhuma arma, e mesmo assim é capaz de fazer que tremam diante dele sem dizer sequer uma palavra e o sorriso que está colado em seu rosto pode ser mais aterrorizante do que qualquer arsenal que possa ter.

Mesmo assim, não tenho medo. Não sou inundada com o pavor ou a vontade de abaixar a cabeça, não me sinto pequena em sua presença mesmo sabendo que este homem, o homem bem a minha frente, pode me matar em um estalar de dedos e esconder o corpo para nunca ser encontrado. Não sinto medo. Sinto alívio.

Sinto alívio porque não importa o que ele fará comigo, vai ser melhor do que tudo o que já vivi.

-Venha. - A voz dele é tranquila, mas autoritária e mesmo assim não consigo mover as pernas para me aproximar como pede, minha visão sai de foco e estou tonta.

O homem a minha direita me empurra e eu tropeço para frente, fraca demais para impedir que caia nos braços de alguém - não sei se nos de meu carrasco ou de seu empregado. E então, tudo a minha volta escurece.

Então, gostaram?
Onde será que a Heather de meteu? 🤔
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See ya 😘

I Did Something BadOnde histórias criam vida. Descubra agora