Capítulo 2

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Oi meus pudinzinhos 🍮

Mais um capítulo para vocês. Ouçam "Cruel World", Phantogram ali em cima 👆 (pedaço da tradução ali em baixo)

Espero que gostem.

Boa leitura 🍮❤️

"Então estou me despedindo
Adeus ao meu lado bom
Só me machucou
E finalmente aprendi
É um mundo muito cruel"


Estou aqui há seis meses.

Seis longos, tortuosos e malditos meses. Não sei o que aconteceu com meu irmão, não tenho notícias desde que ele foi levado e desde aquela noite estou aqui. Sozinha.

O maldito buraco para onde me trouxeram é, como tudo em Berserk, podre. As paredes são tão sujas que sequer sei de que cor eram, minha cama é tão velha que já tenho feridas nas costas por causa das molas do colchão, a comida não tem sabor algum e eu já não tenho mais nada. Nada além do caderno que achei no lixo da diretora, junto com uma caneta quebrada com a tinta já no fim.

Pertences não são permitidos no abrigo, tudo é dividido igualmente entre todas as crianças. Acham que assim nenhum de nós se sentirá excluído ou inferior, mas eu sei a verdade, sei que essa política de "igualdade" apenas existe para mascarar o fato de que a diretora desvia grande parte do dinheiro que recebe do governo e sei disso porque, diferente dos outros, eu não sou burra.

Não é preciso ser um gênio para saber como as coisas funcionam aqui. Não é preciso ser um gênio para perceber que cada coisa que fazem aqui dentro é calculada para desencadear algum tipo de reação das crianças que tiveram o azar de serem jogadas aqui. É fácil controlar crianças sozinhas, assustadas e famintas porque normalmente não questionam se o que estão fazendo com elas é certo ou errado por estarem aterrorizadas demais. Essas crianças apenas conseguem pensar que deveriam ser gratas a tudo o que fizeram por elas, deveriam agradecer por terem um teto mofado sobre suas cabeças, deveriam agradecer por terem duas refeições ao dia, deveriam agradecer por tomarem banho frio no meio do inverno barbárico, deveriam agradecer por ainda poderem frequentar uma escola. E a maioria delas agradece.

Agradecem de forma estúpida e patética por uma vida que não chega sequer a atingir o mínimo de dignidade que qualquer ser humano deveria ter. Agradecem por serem tratadas como vermes porque isso é melhor do que ficar vagando pelas ruas completamente invisíveis. É ridícula a forma com que se conformam, como pensam que é mais confortável ficar aqui, vivendo humilhação atrás de humilhação, ao invés de saírem para tentar a sorte por conta própria.

Eu não posso me conformar com essa vida. Mesmo sendo órfã, mesmo sem saber sobre a única pessoa que tenho no mundo, mesmo estando completamente sozinha, estando faminta, com frio e aterrorizada. Mesmo não tendo mais nada a perder. Ainda assim não posso me conformar porque sei que no momento em que me conformar, vai ser o momento em que eles - todos eles - vão vencer, vai ser o momento em que vou morrer.

Pensei em morrer várias vezes desde que cheguei aqui. Pensei em quebrar um espelho e usar os cacos. Pensei em amarrar um um lençol no cano que usamos como chuveiro. Pensei tantas coisas que nem consigo mais contar todas elas. Mas a minha vontade de provar a todos o quanto estão errados é maior do que a minha vontade de pôr um fim à minha existência. Eu quero que saibam que ainda me lembro de cada palavra que disseram.

I Did Something BadOnde histórias criam vida. Descubra agora