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Carla estava arrumada para o casamento e passou o batom nos lábios carnudos. Sorriu para si mesma diante do espelho e ajeitou o decote do vestido de noiva. Estava se sentindo fabulosa. Ângela entrou no quarto.

- Uau, você está linda!

- Eu sei. – Carla sorriu.

- E modesta como sempre...

- Pra quê tenho que ser modesta se sou linda mesmo? – Carla afirmou. Ela olhou para o vestido da irmã. – Deveria ter colocado menos metros nessa sua saia. Umas pernocas dessas e você esconde, Angie!

- Sabe quantos quilos de maquiagem tive que passar no rosto pra disfarçar as cicatrizes? Dava pra rebocar uma casa! Se eu encurtasse mais o vestido, não teria meia calça no mundo que desse conta!
- Ai, como você é exagerada, Angie! – ela tocou no queixo da irmã. – Vivo te dando dicas, tem que ter amor próprio, maninha! Você é linda! Para de se esconder!

- Não tenho a sua autoestima, eu sei. A minha está tão no chão que nem pra poeira serve. – Ângela fez bico. – Ainda mais depois do vídeo...

- Que vídeo?

- Nenhum. Deixa pra lá. – Ângela abanou a mão. – O João tá super ansioso para o casamento, tiveram que trocar duas vezes a camisa dele, estava encharcada de suor, sorte que a mãe dele trouxe mais peças de roupa.

- A dona Selminha só falta trazer uma mamadeira pro João toda vez que vem visitá-lo, por isso que ele é tão manhoso. – Carla comentou e se olhou no espelho. – Acho que deveria ter colocado um batom mais vermelho, é mais sexy.

- Carla, esse foi o mais vermelho que nós achamos! Mais do que isso e você teria que sangrar alguém para pintar a boca!

- O João ao menos está bonito? Espero que não esteja fedendo! Odeio gente que sua parecendo que tá derretendo! Meu casamento tem que tombar todas as fofoqueiras do bairro! Falavam que eu não ia casar, que o João, nem ninguém nunca toparia botar uma aliança em quem fez revista na tropa, agora vão ter que engolir!

- Bom, revista no bairro todo você fez mesmo, isso não dá pra negar. – Ângela falou e Carla revirou os olhos. – Até o Empadinha você pegou, Carla e o menino mal consegue pronunciar uma palavra direito.

- Mas sabe usar a língua para outras coisas... – Carla disse com malícia. – Mas deixa. Agora serei uma respeitável mulher casada, não é assim? E mamãe com medo que eu virasse uma perdida! Eu sou piranha, mas sou uma piranha boazinha, as pessoas é que não me entendem.

- As pessoas são ligadas nessa caretice de casamento, mas nunca achei que você cairia nessa.- Ângela comentou e ajeitou o véu da noiva.

- Ah, achei que seria divertido. E mamãe ameaçou me trancafiar num convento de irmãs beneditinas.

- Como se ela não soubesse que você seria expulsa em menos de três dias depois que tentasse desviar todas as outras pro mau caminho. – Ângela gracejou.

Carla deu uma piscadela sapeca. Diego entrou todo afobado e parou ao ver a irmã. Ele, Carla e Ângela eram trigêmeos, mas não poderiam ser mais diferentes, tanto nas personalidades, quanto na aparência física.

- Carla, você está um arraso!

- Eu sei! – Carla deu um pulinho, animado.

- Duvido que o João dê conta, ele mal conseguiu ficar com a Fani, mas de grão em grão o sapo enche a sacola.

Doce com Batata FritaOnde histórias criam vida. Descubra agora