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007.

Ângela deu um grito histérico e Rico pegou a toalha de mesa para cobri-la. A moça começou a chorar.

- Era só o que me faltava, minha irmã querendo me cafetinar! Sai daí, Carla! – gritou para o banheiro.

- Fica fria que eu não vi nada. Quer dizer, alguma coisa eu vi, mas não se apavora, seu corpo tá em dia. – Rico piscou.

- A única coisa que vai ficar em dia é a minha mão na sua cara! – Ângela retrucou e lembrou de sua cicatriz. Cobriu o rosto. – Por favor, dá pra você pegar minha maquiagem que tá lá dentro com a catraia da minha irmã?

- Porque tá escondendo o rosto?

- Não gosto que vejam minhas cicatrizes. – ela falou, com vergonha e a com a voz abafada pelo tecido.

- Ah, nada a ver. Eu também tenho cicatriz, que ver? – levantou a blusa e mostrou a barriga. – Uma facada.

- Meu Deus, você foi assaltado? – ela arregalou os olhos.

- Não, isso foi na pelada lá na praia com a galera dos bairros. – ele explicou, tranquilo. – Aí, quer ir um dia me ver jogar? Mas tem que levar bandeirinha e gritar o meu nome! – gracejou.

- Eu não gosto de ir à praia.

- Porque não? Nem todas estão poluídas. E se não souber nadar, eu te empresto a minha bóia.

- Eu sei nadar muito bem, obrigada. Mas não me exponho mais.

- Por quê? Aderiu à alguma seita?

- Vem cá, você vai fazer interrogatório ou pegar a minha maquiagem? – Ângela indagou, irritadiça.

Carla entrou na sala com a caixa de maquiagem na mão.

- Tá aqui.

- Obrigada, ex-irmã. – falou Ângela friamente.

- Ah fala sério! Foi um acidente! Quando vi, eu tinha escorregado, encostado minhas mãos nas suas costas e te empurrado!

- E escorregou também pra trancar a porta? – Ângela ironizou.

- E quase bati com a cabeça na porta! Ao invés de ficar brava, você deveria ter pena de mim! Quase perdeu uma irmã! – disse com a maior caradura.

- Quase não, porque estou planejando um bom jeito de te matar e desovar o corpo sem ninguém descobrir! – Ângela se ergueu e voltou para o banheiro, fechando a porta com um estrondo.

- Olha, se quebrar, vai ter que me comprar outra, hein?! – Rico gritou e olhou para Carla. – O que foi isso?

- Isso o que, menino?

- Isso de você atirar a sua irmã seminua pra cima de mim.

- Aposto que você iria gostar. Tem cara de quem vem fácil. – Carla passou a mão pelo peito dele e os dois ficaram com os rostos muito próximos. – Hum, cheiro de menta no hálito... O meu é de chocolate... – ela deixou a boca à centímetros da dele, enquanto suas mãos tocavam o corpo dele. – Não falei? É só ligar que começa a funcionar.

Rico a puxou pela cintura e encostou levemente os lábios no de Carla.

- E você tem jeito de que é só fazer o mínimo de força que funciona a pleno vapor.

- Temos algo parecido então.

Rico a afastou.

- Teu marido não fica com ciúme?

Doce com Batata FritaOnde histórias criam vida. Descubra agora