005.
- Mãe, deixa de histerismo, por favor! – pediu Ângela. – Me surpreende a Carla ainda não ter passado a limpo todas as mulheres dessa região! Demorou muito até!
- A Carla deve ter algum problema hormonal, só pode! – Alicia choramingava. – É ser humano, ela vai e pega! O que vier, morre na rede! Eu tenho medo é dessa menina pegar alguma doença venérea! Foi assim que o pai de vocês morreu!
- O pai de vocês morreu? – perguntou Divina. – Sinto muito.
- Morreu nada! – Ângela exclamou. – É um pinguço que deu o golpe numa ricaça e mora num triplex lá Barra! Faz tempo que não vemos a fuça dele e por mim, não veríamos nunca mais!
- Fiquei com medo agora, pensei que papai tinha morrido mesmo, como é que eu ia alugar um terno preto a essa hora da noite e com essa chuva? – Diego falou, preocupado.
- Era só ir de camisa e calça e estava mais do que suficiente! Tem gente que nem roupa vale a pena gastar! – afirmou Ângela.
- Seu pai morreu no dia em que me abandonou com três filhos pra criar pra ficar se esfregando naquela outra! – Alicia sacudiu o dedo, indignada.
- Você fala da Carla, Alicia, mas a tua burrice somada ao fogo no rabo que resultou nisso. – falou Marta, mexendo no controle remoto. – Ficou com o Olavo porque ele tinha cabelo bonito! Ficou indignada na escola quando disseram que o cabelo dele era de palha de aço, se solidarizou tanto, mas tanto, que saíram três crias de uma vez de tanto caridade que deu! Ficava toda ardida!
- Mamãe, por favor! – Alicia exclamou, se abanando. – Isso é de um passado remoto, nem lembrava mais!
- Claro que lembrava, a mureta aqui de casa é lascada por causa de quem, hein? Da Carla é que não!
- E eu sentava naquela mureta, que nojo! – Ângela fez uma careta. – Poxa, mãe, é uma lasca enorme! Você falou que um carro tinha batido!
- Ah, bateu mesmo! Bateu de frente de um jeito que meu falecido marido, que Deus o tenha, até corou! – lembrou Marta, enquanto Alicia afundava o rosto numa almofada. – E olha que ele não era homem de corar!
- Eu to ficando enjoado com essas histórias... – Diego colocou a mão no estômago.
- Deve ser por causa daquele podrão que você comeu no caminho pra cá. – Bolo teorizou. – Ah, dona Marta, conta mais! Como é que foi o passado de aventuras eróticas da dona Alicia?
- Ninguém vai contar mais nada e vamos parar com isso! – Alicia jogou a almofada contra Bolo. – E a senhora, mamãe, me poupe, tá? Eu sou uma mãe de família!
- E isso te torna menos mulher? – Marta questionou.
- O que eu quero saber mesmo é porque essa rata rosa fez aquele vídeo na internet! – Ângela exclamou e beliscou o braço de Divina. – Fala! Solta! Porque tudo isso se eu nunca te fiz nada? Não tenho culpa se a minha irmã quis trocar saliva com você!
- Trocamos mais do que saliva! – Divina se ergueu. – E vocês tem uma mão pesada, hein? – ela esfregou os braços. – Na verdade, eu também não tinha tido esse tipo de experiência antes da Carla. Foi algo experimental das duas partes. Mas aí... Sei lá, bateu a química! Acontece! A gente quando prova doce, se lambuza!
- Você bem que podia contar detalhes desse lambe-lambe todo, né? – pediu Bolo. – Diego, me arranja um papel e caneta!
- Não vou servir de fetiche pra você não, moço! Se manca! – ela fez o gesto de dar uma banana com os braços. Bolo fez bico. – A Carla me deixou pra casar com o João, eu fiquei com raiva e quis me vingar! Foi errado, eu sei, mas tava de cabeça quente! Então entrei no perfil dela, vi aquele monte de fotos suas e achei que iria atingi-la em cheio! A Carlinha gosta tanto de você, Ângela! Falava o tempo todo que você é bonita sim, mas tem complexo por causa das suas cicatrizes! E olhando de perto, nem são tão aparentes assim!
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Doce com Batata Frita
ChickLitÂngela García leva uma vida normal até receber vários ataques na internet por causa de sua aparência. Cheia de cicatrizes por causa de um acidente, Angie não se considera ''normal''. Com a ajuda de seus irmãos, Carla e Diego, Ângela irá aprender que...