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- Mãe, deixa de histerismo, por favor! – pediu Ângela. – Me surpreende a Carla ainda não ter passado a limpo todas as mulheres dessa região! Demorou muito até!

- A Carla deve ter algum problema hormonal, só pode! – Alicia choramingava. – É ser humano, ela vai e pega! O que vier, morre na rede! Eu tenho medo é dessa menina pegar alguma doença venérea! Foi assim que o pai de vocês morreu!

- O pai de vocês morreu? – perguntou Divina. – Sinto muito.

- Morreu nada! – Ângela exclamou. – É um pinguço que deu o golpe numa ricaça e mora num triplex lá Barra! Faz tempo que não vemos a fuça dele e por mim, não veríamos nunca mais!

- Fiquei com medo agora, pensei que papai tinha morrido mesmo, como é que eu ia alugar um terno preto a essa hora da noite e com essa chuva? – Diego falou, preocupado.

- Era só ir de camisa e calça e estava mais do que suficiente! Tem gente que nem roupa vale a pena gastar! – afirmou Ângela.

- Seu pai morreu no dia em que me abandonou com três filhos pra criar pra ficar se esfregando naquela outra! – Alicia sacudiu o dedo, indignada.

- Você fala da Carla, Alicia, mas a tua burrice somada ao fogo no rabo que resultou nisso. – falou Marta, mexendo no controle remoto. – Ficou com o Olavo porque ele tinha cabelo bonito! Ficou indignada na escola quando disseram que o cabelo dele era de palha de aço, se solidarizou tanto, mas tanto, que saíram três crias de uma vez de tanto caridade que deu! Ficava toda ardida!

- Mamãe, por favor! – Alicia exclamou, se abanando. – Isso é de um passado remoto, nem lembrava mais!

- Claro que lembrava, a mureta aqui de casa é lascada por causa de quem, hein? Da Carla é que não!

- E eu sentava naquela mureta, que nojo! – Ângela fez uma careta. – Poxa, mãe, é uma lasca enorme! Você falou que um carro tinha batido!

- Ah, bateu mesmo! Bateu de frente de um jeito que meu falecido marido, que Deus o tenha, até corou! – lembrou Marta, enquanto Alicia afundava o rosto numa almofada. – E olha que ele não era homem de corar!

- Eu to ficando enjoado com essas histórias... – Diego colocou a mão no estômago.

- Deve ser por causa daquele podrão que você comeu no caminho pra cá. – Bolo teorizou. – Ah, dona Marta, conta mais! Como é que foi o passado de aventuras eróticas da dona Alicia?

- Ninguém vai contar mais nada e vamos parar com isso! – Alicia jogou a almofada contra Bolo. – E a senhora, mamãe, me poupe, tá? Eu sou uma mãe de família!

- E isso te torna menos mulher? – Marta questionou.

- O que eu quero saber mesmo é porque essa rata rosa fez aquele vídeo na internet! – Ângela exclamou e beliscou o braço de Divina. – Fala! Solta! Porque tudo isso se eu nunca te fiz nada? Não tenho culpa se a minha irmã quis trocar saliva com você!

- Trocamos mais do que saliva! – Divina se ergueu. – E vocês tem uma mão pesada, hein? – ela esfregou os braços. – Na verdade, eu também não tinha tido esse tipo de experiência antes da Carla. Foi algo experimental das duas partes. Mas aí... Sei lá, bateu a química! Acontece! A gente quando prova doce, se lambuza!

- Você bem que podia contar detalhes desse lambe-lambe todo, né? – pediu Bolo. – Diego, me arranja um papel e caneta!

- Não vou servir de fetiche pra você não, moço! Se manca! – ela fez o gesto de dar uma banana com os braços. Bolo fez bico. – A Carla me deixou pra casar com o João, eu fiquei com raiva e quis me vingar! Foi errado, eu sei, mas tava de cabeça quente! Então entrei no perfil dela, vi aquele monte de fotos suas e achei que iria atingi-la em cheio! A Carlinha gosta tanto de você, Ângela! Falava o tempo todo que você é bonita sim, mas tem complexo por causa das suas cicatrizes! E olhando de perto, nem são tão aparentes assim!

Doce com Batata FritaOnde histórias criam vida. Descubra agora