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- Por enquanto a gente vai morar nesse remendo, mas em breve, muito em breve, estaremos morando numa casa de verdade.

- A nossa casa é de verdade, João, tá achando que é de papel? – Diego segurava um grande pedaço de bolo, passou pelo casal e entrou dentro da casa.

- É questão de ambição, Diego, de querer mais! – João gritou e depois segurou as mãos de Carla. – Ainda vamos morar numa mansão. Uma meta que será alcançada, pode anotar. Não acho legal passar a vida toda morando em cima da casa da sua mãe.

- Ai, João, pra mim tá tudo ok, a casa ficou uma gracinha e você cuidou de tudo, nem me deixou dar pitaco!

- Claro, se não você iria querer uma parede da casa de cada cor!

- E ficaria muita harmoniosa, fique você sabendo! Quem gosta de tons pastéis, sem vida, sem alegria, é gente que tá morrendo por dentro! E nem pense que as paredes vão ficar brancas e sem nenhum efeito por muito tempo que você só vai se iludir!

- Carlinha, eu sempre tive um gosto melhor pra decoração do que você!

- Desde quando? Só porque decorou a casa da sua tia, não quer dizer que virou decorador, meu bem. Só quer dizer que a sua tia deixou você brincar de casinha e no ano seguinte pintou a casa toda de amarelo.

- Argh, parece um ovo cozido. – ele fez uma careta. Olhou no relógio.- Hora da gente ir. Vai trocar de roupa?

- Por quê? Minha roupa está ótima. – ela colocou as mãos nos quadris.

- Com esse decote? E cadê o resto de pano da sua saia? – ele a olhou de alto a baixo, censurando.

- Ficou na fábrica de roupas, se quiser, vai lá buscar! E para de ficar mandando no que eu visto, você me conheceu assim e sabia com o que estava lidando!

- Mas agora você é uma mulher casada, Carla!

- E daí? Quer dizer que eu estou morta?

- Basicamente sim. – Ângela disse, passando por eles e entrando em casa.

João fez um ar desgostoso.

- Vamos logo que o avião não vai esperar pela gente só por causa das suas belas pernas.

- Se o piloto vir as minhas pernas, é capaz até de errar a rota. – Carla passou a mão pelo cabelo, gabando-se.

- Sem comentários, Carla! Sem comentários!

João e Carla entraram no carro que ele ainda estava pagando parcelado e foram viajar para lua-de-mel. Diego e Ângela olhavam pela janela.

- Quanto tempo você acha que dura? – perguntou Ângela.

- Não dou um mês pra rolar uma matança entre os dois. – Diego comeu um pedaço de bolo.

- Eu aposto em umas duas semanas. Vinte reais.

- Feito.

Os dois irmãos trocaram um aperto de mão. Diego foi comer mais bolo e encher o copo de refrigerante. Ângela sentou no sofá e foi olhar o celular. A avó deles, Marta, entrou na sala e viu o neto comendo.

- Queria saber pra onde vai toda essa comida! Esse menino é um graveto e come como um esfomeado! Certeza que tem um buraco negro dentro do estômago! E desde pequeno que é assim, só o que o Diego já comeu em vinte e cinco anos de vida dava para alimentar a população inteirinha da África e ainda sobrava!

- Vovó, a senhora sabe que comida só não é melhor do que sexo. – Diego afirmou.

- É verdade, embora faça anos que eu não veja um homem nu. Quer dizer, eu vi o Seu Afonsinho quando ele deu aquela crise e saiu correndo pelado pelo bairro, mas não conta.

Doce com Batata FritaOnde histórias criam vida. Descubra agora