002.
- Por enquanto a gente vai morar nesse remendo, mas em breve, muito em breve, estaremos morando numa casa de verdade.
- A nossa casa é de verdade, João, tá achando que é de papel? – Diego segurava um grande pedaço de bolo, passou pelo casal e entrou dentro da casa.
- É questão de ambição, Diego, de querer mais! – João gritou e depois segurou as mãos de Carla. – Ainda vamos morar numa mansão. Uma meta que será alcançada, pode anotar. Não acho legal passar a vida toda morando em cima da casa da sua mãe.
- Ai, João, pra mim tá tudo ok, a casa ficou uma gracinha e você cuidou de tudo, nem me deixou dar pitaco!
- Claro, se não você iria querer uma parede da casa de cada cor!
- E ficaria muita harmoniosa, fique você sabendo! Quem gosta de tons pastéis, sem vida, sem alegria, é gente que tá morrendo por dentro! E nem pense que as paredes vão ficar brancas e sem nenhum efeito por muito tempo que você só vai se iludir!
- Carlinha, eu sempre tive um gosto melhor pra decoração do que você!
- Desde quando? Só porque decorou a casa da sua tia, não quer dizer que virou decorador, meu bem. Só quer dizer que a sua tia deixou você brincar de casinha e no ano seguinte pintou a casa toda de amarelo.
- Argh, parece um ovo cozido. – ele fez uma careta. Olhou no relógio.- Hora da gente ir. Vai trocar de roupa?
- Por quê? Minha roupa está ótima. – ela colocou as mãos nos quadris.
- Com esse decote? E cadê o resto de pano da sua saia? – ele a olhou de alto a baixo, censurando.
- Ficou na fábrica de roupas, se quiser, vai lá buscar! E para de ficar mandando no que eu visto, você me conheceu assim e sabia com o que estava lidando!
- Mas agora você é uma mulher casada, Carla!
- E daí? Quer dizer que eu estou morta?
- Basicamente sim. – Ângela disse, passando por eles e entrando em casa.
João fez um ar desgostoso.
- Vamos logo que o avião não vai esperar pela gente só por causa das suas belas pernas.
- Se o piloto vir as minhas pernas, é capaz até de errar a rota. – Carla passou a mão pelo cabelo, gabando-se.
- Sem comentários, Carla! Sem comentários!
João e Carla entraram no carro que ele ainda estava pagando parcelado e foram viajar para lua-de-mel. Diego e Ângela olhavam pela janela.
- Quanto tempo você acha que dura? – perguntou Ângela.
- Não dou um mês pra rolar uma matança entre os dois. – Diego comeu um pedaço de bolo.
- Eu aposto em umas duas semanas. Vinte reais.
- Feito.
Os dois irmãos trocaram um aperto de mão. Diego foi comer mais bolo e encher o copo de refrigerante. Ângela sentou no sofá e foi olhar o celular. A avó deles, Marta, entrou na sala e viu o neto comendo.
- Queria saber pra onde vai toda essa comida! Esse menino é um graveto e come como um esfomeado! Certeza que tem um buraco negro dentro do estômago! E desde pequeno que é assim, só o que o Diego já comeu em vinte e cinco anos de vida dava para alimentar a população inteirinha da África e ainda sobrava!
- Vovó, a senhora sabe que comida só não é melhor do que sexo. – Diego afirmou.
- É verdade, embora faça anos que eu não veja um homem nu. Quer dizer, eu vi o Seu Afonsinho quando ele deu aquela crise e saiu correndo pelado pelo bairro, mas não conta.
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Doce com Batata Frita
ChickLitÂngela García leva uma vida normal até receber vários ataques na internet por causa de sua aparência. Cheia de cicatrizes por causa de um acidente, Angie não se considera ''normal''. Com a ajuda de seus irmãos, Carla e Diego, Ângela irá aprender que...