CAPÍTULO 4

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Bianca de Alencar

Bianca Alencar, você definitivamente não deveria ter dito o que você disse. Como você insinua que o seu futuro chefe estava usando a porta dos fundos?

Eu sei que ele não é gay, já vi várias vezes sair na mídia ele com várias mulheres, e meu irmão também já falou que é um desperdício ele não ser gay. Na verdade eu nem sei por que disse aquilo, simplesmente saiu. Hoje já é sexta-feira, estou o tempo todo com meu celular, mesmo eu tendo feito aquele comentário desnecessário eu estou confiante sobre conseguir a vaga. De repente me assusto com o meu celular tocando e acabo o deixando cair, pego e atendo rapidamente.

— Alô!

— Bianca de Alencar? — é uma voz doce e feminina.

— Sim!

— Que ótimo! Sou Isadora, secretaria do Sr. Martinelli, estou te ligando para avisar que a vaga é sua, esteja aqui as 07h30min, passe no RH com todos os seus documentos.

— Maravilha! Muito obrigada!

— Até segunda!

— Até! — desligo o telefone e começo a gritar pelo quarto.

— O que aconteceu Bia, você está bem? — meu irmão Tiago entra correndo no meu quarto, molhado e de toalha.

— Eu fui escolhida Ti, a vaga é minha! — pulo nele e começo a lhe dar um monte de beijos babados.

— Ai! Para sua louca, eu pensei que você estivesse precisando de ajuda aqui. Louca! — ele sai do quarto emburrado. Começo a rir. Amo meu irmão.

***

— Vamos Tiago? — entro na cozinha onde está meu irmão e meu avô. — Bom dia vô! — dou um beijo na testa dos dois e pego uma maçã.

— Bom dia minha princesa!

— Eu só começo a trabalhar as 09h00min, eu não vou agora.

— Por favor! — faço bico.

— Por que você não vai dirigindo?

— Estourei os pontos da carteira.

Ele bufa, levanta-se e sobe as escadas.

— Está feliz? — meu avô me pergunta.

— Muito vô, não aguentava mais ficar em casa sem fazer nada.

— Eu tenho muito orgulho de vocês! — ele segura as minhas mãos e dá um beijo em cada uma.

— Pelo menos o senhor tem, e é isso que importa pra mim e para o Tiago. -

O Tiago desce a escada com a cara emburrada.

— Palhaçada eu ter que ir para trabalho duas horas antes do meu horário, fique sabendo que você vai ficar me devendo.

— Te amo! — lhe dou um beijo na bochecha.

— Também te amo!

— Tchau vovô!

***

Eu imaginava que o Enrico fosse aquele tipo de chefe que não faz nada e que manda que os seus funcionários façam o seu trabalho, mas não, ele é muito empenhado no que faz, ficamos horas trancados no seu escritório tentando terminar toda a demanda de contratos que ficaram acumulados por causa da morte do antigo advogado.

Um rapaz muito bonito adentrou a sala, era o Lorenzo, irmão mais novo do Enrico, pense em um cara muito simpático, engraçado, esse é o Lorenzo, ele foi chamar o irmão para almoçar e o Enrico me convidou, como não sou besta eu aceitei, nunca recuso comida.

Fomos a um restaurante bem simpático, não tinha nada de luxo, era um lugar comum, não ligo muito pra isso, tendo uma comida boa e limpa, pra mim está ótimo. O almoço estava ótimo, até que não ficou mais.

— Ah! Então foi por ela que você me trocou? — essa voz, eu não teria tanto azar, ou teria?

— O que você está fazendo aqui Vitória? — a voz de Enrico sai dura, seu maxilar está trincado, espero que ele não quebre seus dentes com a força que está fazendo.

— Eu sei que você gosta de almoçar nesse lugarzinho, como você não atende as minhas ligações, decidi vir até você. — ela olha pra mim com desgosto. — O que você está fazendo aqui com ele Bianca?

— Ela não te deve nenhuma satisfação e muito menos eu. Então por favor, nos deixe almoçar em paz.

— Por que você está me tratando assim Rico? — ela força uma voz chorosa, as pessoas ao nosso redor já estão olhando em nossa direção. Que vergonha meu Deus.

— Vitória, você precisa entender que eu não quero mais nada com você, esse papel que você esta fazendo é ridículo. Você está se humilhando para uma pessoa que não te quer.

— Quem você quer agora é ela? Essa sem sal? — ela pega o meu copo de suco e joga no meu rosto, nessa hora eu queria que um buraco se abrisse e me sugasse.

— Você é louca Vitória? — ele pega no braço dela com certa ignorância.

— Tudo bem Sr. Martinelli, eu já estou acostumada com os surtos da Vitória. — pego um guardanapo e tento me limpar o máximo possível, que bom que escolhi um vestido preto hoje. — Mas eu não tenho nada a ver com a briga de casal de vocês, então vou voltar para agência, com licença Sr. Martinelli. — Pego minha bolsa e saio do restaurante, mas não chego nem a atravessar a rua e sou pega pelo braço por um Enrico irritado.

— Vamos Bianca, eu te levo para a agência.

— E a sua namorada?

— Vitória não é e nunca vai ser minha namorada. Na verdade foi um erro dos grandes me envolver com ela além do profissional.

— Então por que se envolveu?

— Ela se ofereceu pra mim, e eu sou homem, uma coisa levou a outra. Mas pareceu que vocês já se conheciam.

— Nós nos conhecemos sim, ela é afilhada do meu pai!

— Eu sempre me esqueço de que você é irmã do Tiago, eu já conheci o seu pai, Paulo de Alencar Albuquerque, homem um pouco difícil de lidar.

— Pois é! Nós não escolhemos família!

Acho que ele percebeu o meu desgosto e muda de assunto.

— Me desculpe por aquilo, vamos passar em alguma loja para você trocar de roupa. – eu aceito e seguimos para a primeira loja que vimos aqui na Av. Paulista.

Escolhi uma calça cintura alta preta e uma camisa bege, ele quis pagar, mas eu não deixei, ele não gostou da ideia, mas aceitou.

***

Chegamos à agência, fiquei muito sem graça por que parece que todos perceberam que eu troquei de roupa e que nós passamos muito do horário de almoço. Espero que não comecem a imaginar coisas onde não tem.

— O que aconteceu com o seu vestido Bianca? — Isadora é uma mulher negra com seus 35 anos, muito bonita, ela é um doce de pessoa.

— Acidente com o suco! — é tudo que eu digo.

— Foi a Vitória, não foi? — ela me pergunta baixo.

— Como você sabe?

— Ela passou aqui querendo falar com o Enrico, mas eu disse que ele tinha saído para almoçar, aí de repente você aparece com outra roupa e diz que sofreu um acidente com o suco, é só juntar os pontos.

— Ela é louca, disse que o Enrico tinha trocado ela por mim.

— Vitória sempre causa quando vem à agência, ela acha que será a senhora Martinelli, mas o Enrico não quer nada com ela.

— Bianca pode vir a minha sala, por favor? — Enrico aparece na porta da sua sala.

— Claro! — ele volta para sala. — Depois nosfalamos!    


Enrico - Irmãos Martinelli #1 - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora