KINGDOM HEART (Jikook)

#9 (JIMIN)

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☙☙narrado por jimin☙☙

     Não é o canto alto do galo de minha mãe que me acorda, muito menos os gritos das crianças da rua acordando cedo para ir para a escola no meu bairro turbulento. O que me faz despertar é o sol que toca minhas pálpebras fechadas, obrigando-me à abri-las. O que é estranho, porque de início penso que estou em casa, só que minha casa é bastante escura. Meu quarto não tem nenhuma janela, e seria impossível acordar com o sol batendo em meu rosto.

       Eis que resolvo abrir os olhos, e só então percebo que estou no palácio do reino de Croft.

       Mais precisamente na ala médica e acompanhado de um braço enfaixado, foi assim que passei a minha primeira noite no palácio. Bem, admito que não foi nem um pouco monótono.

       O dia de ontem passa como flashes em minha cabeça. Recordo do exato momento em que coloquei os pés dentro do palácio, mais precisamente no jardim da frente, e minha maior vontade era de me jogar na grama macia. Quem sabe posso fazer isso depois. Lembro de quando caminhei pelos corredores e me encantei com cada um dos detalhes da incrível decoração desse imenso lugar, também sou capaz de lembrar da troca de roupas, do momento em que fiz uma rápida amizade com um dos outros criados, e claro, do meu nervosismo ao finalmente encontrar o rei pela primeira vez.

       É como se eu tivesse assistido um filme inúmeras vezes e soubesse todas as cenas de cor, consigo vislumbrar o exato momento em que Jeon Jungkook desceu as escadas, cumprimentou cada uma das vinte garotas ansiosas para conhece-lo e, quando começou a dar um pouco de atenção para os criados, aquele desastre aconteceu.

       Meu corpo foi em direção ao chão, e para piorar, caí em cima de um copo de vidro que se espedaçou por todo o piso próximo a mim. Eu senti um nervosismo abraçar minha pele como um casaco de couro quente, porém quente demais que chegou a ser desconfortante. Lembro de ouvir todo mundo fazendo sons de exclamação e preocupação, logo após isso uma voz grave e potente tomou conta do ambiente. O rei me pegou nos braços, me levou até à ala médica onde passamos mais ou menos dez minutos perto um do outro, nessa mesma hora ele tirou sua camisa na minha frente e a usou para conter meu sangramento.

       Ainda estou anestesiado. Parte por causa do ferimento, e outra por causa do rei. Assim que ele saiu e me deixou corado com aquela brincadeira, o médico me fez esquecer aquela vergonha momentânea ao me ajudar com o ferimento. Ele analisou, não com o mesmo cuidado que Jeon teve ao tocar meu braço, mas me disse que sangrou tanto daquela forma porque foi um corte profundo, e por mais que todo aquele vidro tenha se espalhado, nenhum pedaço ficou preso dentro do meu braço. O que ele disse parecer um milagre, para dizer no mínimo.

       Ele limpou o ferimento com alguns produtos que não conheço - o que ardeu bastante - e logo em seguida enfaixou meu braço e em menos de vinte e cinco minutos eu já estava melhor. Ele me deixou de repouso enquanto injetou agulhas em minhas veias e me fez tomar soro, o médico também pediu para que eu descansasse durante toda a noite e só me levantasse da cama depois das onze horas no dia seguinte. O que admito ser o maior desafio, imagina que ruim você estar em um palácio, morando com o príncipe, e em meio de todas as coisas incríveis que você pode ver e fazer, você tem que ficar deitado na cama durante toda a noite e boa parte do dia?

       Parecia impossível, mas bem que eu consegui.

       São exatamente onze e quatro da manhã quando uma enfermeira de cabelos vermelhos adentra o ambiente com uma caixa vermelha na mão. Ela deixa o objeto em cima da mesa principal e vem até mim com um sorriso de quem quer dizer bom dia.