Us Against The World

Prologue

Seus pequenos olhos não suportavam se manter abertos por muito tempo. Um som totalmente indecifrável soou a sua frente, mas depois de um longo tempo, com muito esforço, ele percebeu ser a voz da sua mãe. O cinto o prendia com força e seu tronco já doía e ardia tanto, que com seus restos de forças, um choro, assustado e baixo escapou dele.

Aqueles eram seus pais? Porque estavam deitados daquela forma estranha? Porque o mundo agora parecia estar de cabeça para baixo, e a sua pele parecia queimar? E aquele vermelho horrível? O seu choro ficou ainda mais alto quando sirenes e vozes começaram a fazer seu ouvido latejar. Aquilo tudo era demais para ele processar. Deixava sua cabeça, confusa. Luzes o obrigaram a fechar seus olhos, e algo o puxou para fora, acompanhado de gritos. Todo aquele ar quente o havia deixado, e um ar fresco aliviou sua pele.

Mas, e os seus pais? Deveriam tirá-los também. Em meio a dor, nervoso e o medo o garoto percebeu estar no braços de um homem desconhecido, que vestia um capacete estranho e sujo. E haviam mais pessoas como ele ali, o olhando, como se fosse aquela cobra que ele havia visitado no zoológico com a mãe semana passada.

O choro daquela criança de apenas cinco anos era o que mais se ouvia, e o que tornava toda aquela cena mais trágica do que ela já aparentava ser. Os corpos dos seus pais na frente do carro totalmente ensanguentados e sem vida eram retirados das ferragens. A multidão de curiosos se aglomerava cada vez mais ao redor daquele quadro onde apenas se havia pintado a catástrofe. As pessoas queriam ver, e queriam saber, sobre o único sobrevivente do acidente. O mesmo garoto ainda chorava no colo de um bombeiro que tentava acalmá-lo e, mesmo com todas os dramas que ele presenciava com aquele trabalho, ele sentia pena, e pensava o que seria daquela inocente criança sem seus pais. Talvez um parente próximo o cuidasse, mas caso contrário seu único destino seria o orfanato mais próximo.