Capítulo 23

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Pov. Hannah

Soluço retrocedendo seu alcance, não outra vez.

- “ Você não deveria estar aqui.” - ele disse muito baixo, esse sussurro é uma ameaça.

Eu olho pra ele com pavor, olho diretamente para aquelas duas esferas negras, o que não foi uma boa ideia.

Terror absoluto se apodera de minhas extremidades, impedindo que eu respire, a escuridão reina em sua alma, seu olhar fala por si só. Seu rosto muda de expressão em menos de um segundo, de fúria e dor é o último que reflete, e arrependimento?

Não sei porque, mas eu tenho uma pequena brecha de esperança em meu interior, aparenta uma coisa e seu olhar transmite outra coisa.

- “Por favor me ajude a escapar daqui. Te darei o que quiser, sei que isso significa trair a Axel, mas te juro estarei agradecida a você durante o resto dos meus dias...se eu continuar aqui eu morrerei.” - minhas bochechas estão úmidas, meus olhos está cheios de lágrimas, meus lábios e todo o meu corpo tremia.

Ele levanta a sua mão, eu retrocedo tudo o que posso, até que minhas costas se choca contra a parede.

- “Fica calma não vou te machucar.” - ele aproxima suas mãos do meu rosto, o segurando entre suas mãos grossas e cheias de calos, limpa minhas lágrimas com seu polegar. - “Farei todo o possível para te tirar daqui ou morrerei tentando.”

Suas palavras causam um estremecimento em meu corpo mas a esperança é maior. Soluço baixo e não tenho as forças necessárias de desviar os meus olhos do seu, para ver se está mentindo.

- “Você tem que se acalmar e ser o bastante silenciosa para que não nos descubram, Axel estará bastante ocupado para se preocupar com você agora, você entendeu?” - ele perguntou e eu só sou capaz de balançar minha cabeça em afirmação. Não tenho controle das minhas emoções e em qualquer momento.

Ele me segura pelo braço com força, mas não me machuca, puxa o meu corpo para que eu apresse o passo.

Meus passos são desajeitados pela velocidade que ele me puxa, ele é bem maior que eu e suas pernas são enormes comparadas com as minhas.

Saímos da casa, a noite está fria, ele me guia por uma parte do bosque. Acredito que vi a janela do quarto onde eu estava, está bastante escuro para que se dêem conta de nossa presença.

Tem muitos arbustos, pedras, lodo, minhas pernas estão bastante pesadas. Não sei por onde vou, tropeço mas seus dedos pressiona seu aperto, evitando que eu caia no chão.

Temos caminhado uns 30 minutos na escuridão, só com a pequena luz que as vezes aparece da lua.

Minha respiração falha, minhas pernas pedem aos gritos que pare, dou um passo mais e caio de joelhos.

- “Sinto muito, estou exausta.” - minha voz está entrecortada e falhando, a mochila da minhas costas pesa muito.

- “Vamos eu posso te ajudar carregando sua bolsa.” - eu entrego a minha mochila e ele me ajuda a levantar do chão. - “Falta pouco e logo você poderá ser livre.” - ele diz.

Seguimos caminhando um bom tempo, acho que mais do que temos avançado, isso faz parecer ser pra mim.

Cruzamos os arbustos e uma uma estrada de terra aparece em nossa frente.

- “Este é o caminho para a sua liberdade. Você deve seguir andando até que encontre uma lanchonete, você entra nela e pergunta por Dante.” - ele coloca a mochila na minhas costas, segura minha mão e coloca sobre uma placa de metal junto com uma pequena faca. - “Entregue essa placa a ele e se você tiver que se defender pelo caminho, não duvide de usar essa faca, apenas faça.” - ele suspira e o escuto a engolir a saliva. - “Desculpa por não chegar antes de que Axel ter feito toda essa monstruosidade, por não te proteger e deixar que te destrua dessa maneira.” - ele diz e eu não entendo nada do que ele disse.

- “Estou agradecida por tudo o que tem feito por mim, por arriscar sua vida mesmo sabendo qual será as consequências de seus atos. Posso te   recompensar pela sua valentia com dinheiro, mas na realidade isso não será suficiente, eu não sei como te pagar.” - digo e ele põe um dedo em meus lábios calando meus agradecimentos.

- “Não quero que diga nada e tão pouco quero seu dinheiro, só me promete que vai se cuidar e ser forte nesse mundo de merda, cheio de pessoas que só sabem causar com dor e o mais importante tente desaparecer e tente de esquecer isso.” - ele diz isso e me dá um abraço, e eu fico rígida. - “Agora vá.” - ele disse depois de me soltar, meu cérebro tenta assimilar tudo o que ele me disse. - “VÁ EMBORA AGORA!” - ele grita.

Assustada saio correndo pela direção que ele me disse.

Olho para trás, não consigo ver ninguém, volto a olhar para frente e continuo correndo até que dobro uma curva e tudo o que me rodeia são árvores. Não sinto os meus pés e todas as minhas extremidades doem.

- “Por favor Deus, me ajuda a sair de tudo isso, que esse sacrifício não seja em vão e que eles não me encontrem.” - eu repetia essas mesmas palavras em voz baixa, tantas vezes que eu já perdi a conta.

O silêncio foi quebrado por minhas súplicas e substituído por barulhos de motores, a extensa escuridão foi iluminada pelos faróis dos carros que passam.

Minha mente está tão cansada e o frio que faz, não me permite assimilar o que está acontecendo ao meu redor.

Quanto mais eu caminho, até onde está a luz e a claridade sinto o meu corpo mais esgotado do que nunca.

Paro uns segundos segurando uma das árvores, apoiando todo o meu corpo nela para descansar.

- “Só mais uns passos Hannah e você está fora de tudo isso.” - me animo desencostando meu corpo da árvore.

Ao levantar os olhos, vejo a lanchonete  que o homem havia me indicado, atravesso a pista sem olhar para os lados como se estivesse hipnotizada por ela.

As luzes de fora estão apagadas e as cortinas estão fechadas, mas dentro há várias pessoas, eu sei por que a luz mostra algumas sombras. Me aproximo da porta de vidro, pego a maçaneta, abro com dificuldade. Em minhas mãos seguro a pequena placa e a faca que o homem me deu.

Entro no local, uma lufada de ar quente me faz gemer de prazer, o cheiro que há aqui dento é magnífico. Não me lembro de haver comido algo com tanto gosto, o som de uma campainha me recebe.

- “Sinto muito senhorita, já fechamos faz 20 minutos.” - disse um senhor que estava de costas mas ao se virar e me ver ficou petrificado.

- “E-eu...sinto...muito senhor.” - minhas pernas não aguentam mais e caio imediatamente no chão.

Sinto umas mãos suaves em meus ombros que ajudam a levantar do chão colocando meu corpo em uma cadeira afastada da porta.

- “São eles pai mas faltam 2 dias para que eles venham cobrar o dinheiro? Por Deus.” - noeu campo de visão aparece uma menina seu rosto passava horror. - “O que aconteceu?” - do lado de fora escutamos um disparo e todos nós sobressaltado. A garota se aproxima da janela e puxa um pouco a cortina. - “Oh diabos! Papai é ele.” - la diz algo mais, mas tudo o que escuto é distorcido. Minha vista está borrada até que tudo se torna uma profunda escuridão.

A Vingança (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora