Capítulo 34

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Pov. Hannah

É covarde o que farei, mas é uma alternativa fácil, não quero que a dor seja um costume, um meio de viver.

Logo estarei destruída por completa, já nem a sombra do que eu era existe mais.

Caminho até a cama das minhas torturas, porque aqui começou tudo e precisamente aqui acabará. Tentei ver o lado bom das coisas, juro que tentei, vingar a morte do meu pai, mas como se brinca com fogo sem sair queimada?

Brinquei nesse mesmo inferno e o demônio me consumiu por completo.

Humilhada, maltratada e violada de todas formas possíveis. Isso é desumano.

A ponta do vidro corta a palma da minha mão.

A luz da lua entra pela janela, como da primeira vez.

A passos lentos me dirijo até o a luz que entra pela janela, observo a lua brilhar em todo o seu resplendor, alheia a dor que sinto, tanto física como mental.

Minhas pernas tremem de dor e caio no chão.

As dores são mais intensas.

- “Porque” - eu sussurro. - “Não entendo, só quero ser uma garota normal, é pedir muito?” - eu questiono para o nada.

Olho as minhas mãos cheias de sangue, o pedaço do espelho manchado, meus olhos ardem segurando as lágrimas.

A dor física alivia a dor da alma.

Coloco a ponta do vidro sobre os meus pulsos, me incitam a continuar. Devagar o deslizo sobre minha pele, criando um fina corte branco e em segundos começa a ficar vermelho.

Volto a passar com mais força por cima do mesmo corte e o sangue sai abundantemente e espesso. A dor não é tão intensa igual a de antes.

Com as mãos tremendo corto meu outro pulso.

Observo como pouco a pouco, sai pelas minhas feridas o líquido escarlate do meu corpo, manchando a pele das minhas pernas nuas. Fecho os olhos com força, está não era a solução, não era.

- “Querida” um sussurro do vento chega a meus ouvidos.

- “Papai” - balbucio, estou um pouco tonta e desorientada.

- “Lute” - escuto mais claro. - “Depois da tempestade a calma sempre volta” - sinto um frio por todo o meu corpo.

Abro os olhos, tudo está dando voltas, a luz da lua é intensa, meu corpo se choca contra o chão. Já não sinto mais dor, o calor já não existe ao meu redor, tudo está mais frio.

As batidas do meu coração é uma melodia que já está chegando ao seu final, ela está cada vez mais lenta, suave, menos forçada, minhas pálpebras estão mais pesadas e é inevitável fechá-las. Meu peito dói, cada batida é forte, cada batida do meu coração é mais lenta e dolorosa, arrastando cada vez a inexistência da calmaria que me rodeia.

Me levando a um lugar, onde não sinto nada e não lembro nada...

Um lugar de completa escuridão.

A Vingança (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora