Cap 03

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Me encontro parada, olhando uma caixa, na qual estava gravado as minhas iniciais. Estou surpresa, de onde ela apareceu? E então decido abri-la de uma vez, porque oque continha dentro era oque mais me importava, vou em direção a ela e para minha surpresa ela fez o barulho familiar que eu tanto amo, "meus pincéis" penso e dou um largo sorriso achei que eles tinham sumido para sempre, alguém havia os tirado das minhas mãos pequeninas quando criança, não lembro quem mas sempre quis saber o porque, esses pincéis... Tão mágicos... Eles sempre me davam a impressão de que era como se meus desenhos tivessem vida, cores e tonalidades totalmente de uma forma sobrenatural, comecei a analisar a caixa e percebo que esta trancada, "que droga" amaldiçoou mentalmente e quando vou procura-la pelo quarto que eu ainda não me adaptei de tão minusculo, sinto alguém puxar meu braço, como assim? Abro os olhos e percebo que estava dormindo e me deparo com os olhos grandes e preocupados da minha mãe.
- Filha, você esta bem? - fala não entendendo a minha agitação.
Me sento, apoiando os cotovelos nos joelho, acabei vacilando... Quase caindo da cama, ne afasto e suspiro coçando os olhos, a minha mãe fica me olhando com espectativa, esperando pela resposta.
- Não é que... Não sei. - respondo olhando para minhas mãos, onde até agora pouco eu segurava minha caixinha.
- Filha, já é a 7° vez nesse mês que eu acordo com seus movimentos bruscos e essa respiração forçada. - fala preocupada.
Nos dois primeiros meses depois da morte de Jonathan eu tive esse mesmo ataque 4 vezes, 2 vezes em cada, meus pais me levaram para me consultar, mas sinceramente, eu não achava necessário, não era como se eu ainda tivesse algum problema que envolva o acidente, mas não discordava e nem opinava sobre o assunto, não os culpo por querer proteger a única filha que lhes restava agora.
- Mãe, esta tudo bem. - falo tentando tanquiliza-la - eu estou bem agora.
E lanço um sorriso gentil para  aquela figura enrolada dentro das cobertas, no quarto já começava a aparecer os primeiros sinais de que o sol já estava prestes a dar bom dia. Jocelyn me devolve o sorriso e se curva em minha direção depositando um beijo em minha testa.
- Se precisar de algo estarei aqui do outro lado. - fala saindo do quarto e fechando a porta.
- Ok. - falo sem emitir som, apenas movendo a boca.
Observo a janela aberta, devo ter esquecido de fechar ontem, sinto falta do meu quarto, da minha casa e do meu belo tapete, "que saudades do meu tapete" penso. Os primeiros raios batem de tal forma na parede e na minha cama fazendo com que eu cubra meus olhos com a coberta, não é atoa que eu durmo com a janela fechada, aqui a cama é totalmente desproporcional a janela, nada contra, eu gosto do sol. 
E pela primeira vez em dias eu vou olhar meu celular, ver notificações e tudo. Vasculho meu facebook, quanta gente, todos me desejando pêsames pela morte de alguém que eles ao menos se lembravam. Homenagens e mais homenagens. Eu não fiz homenagem alguma, eu sempre estive presente com meu irmão, sempre fiz por onde falar tudo que tinha pra falar, principalmente coisas sinceras do tipo " - Meu irmãozinho, essa camiseta não ta nada bonita em você" ou "- Olha, abre teu olho, e faça sempre seu melhor" as vezes eu tinha uma sinceridade estressada " - Você sabe que só ta perdendo seu tempo, se comportando como um idiota" ele tinha raiva, porque sabia que eu na maioria das vezes estava certa. Uma notificação me tira das minhas lembranças.
Izzy♥: Bom dia!! Está se sentindo bem?

Clary Fray: Acordei menos pessimista hoje e você?

Izzy♥: Olha só! Que coisa boa! Isso deveria ser comemorado, não acha?

Clary Fray: A não Izzy, de novo?

Izzy♥: Vamos lá Clary, nós precisamos nos reunir todos juntos, já é a milésima vez que te chamo e você não vem. Estamos com saudades.

Clary Fray: OK, ok.

Izzy♥: Sério? Você aceitou? Caraca! Vou avisar aos outros, até mais, bjooos.

Clary Fray: Até.
Falo sem muito entusiasmo.

Hoje me ligaram do meu escritório, volto a trabalhar semana que vem... Mas no momento aquele sonho não saía da minha cabeça, não entendo porque eu acordei tão agitada e com respiração falha, esses sonhos sempre me cobram um esforço físico, como se eu estivesse correndo três quilômetros ou mais, sendo que estou apenas deitada.
Finalmente crio coragem e vou escovar os dentes, faço minhas higienes e vou trocar de roupa, olho no celular e já são 8:30am, e logo desso para tomar café.
Estou sem fome, mas vou comer, hoje me olhei no espelho e fiquei assustada ao me deparar com uma figura muito magra, mais magra que o normal.
- Bom dia, pai - vejo ele sentado na mesa levando sua xícara de café até a boca e lendo umas papeladas. Ele ergue os olhos para cima e sorri.
- Bom dia filha.- fala sorrindo, não dava pra ver o sorriso por conta de toda a papelada cobrindo sua boca, mas dava pra saber pelo aspecto dos seus olhos enrugarem quando realizava o ato. - Dormiu bem?
- Acho que sim... - falo recordando o sonho.
- Por que não tem certeza?
- Um sonho que tive, lembra da caixinha de pincéis que me deu de presente nos meus 7 anos de vida?
Ele olha para mim de soslaio, finalmente me dando atenção e esquecendo a papelada, como ele não falou nada continuei.
- Então, sonhei que a encontrava.
E no momento em que ele estava levando novamente a xícara até a boca para dar mais uma goleada em seu café, acaba se engasgando.
- Pai! Tudo bem!? - falo me levantando para ajuda-lo.
- Estou sim, Clary. - faz sinal com a mão para que eu me sente novamente. - e então? Oque mais viu no lugar onde estava?
Quando eu estava prestes a falar as coisas mais detalhadamente, minha mãe aparece cantarolando enquanto levava o balde de roupas sujas para a máquina de lavar, desvio minha atenção para ela e acabo esquecendo o assunto na mesa do café com meu pai.
- Bom dia. - fala Jocelyn convicta, parecia animada. - Clary, tem alguma roupa suja no quarto? - quando eu ia respondendo ela me corta - Se tiver, faça o favor de trazer - quando eu ia abrindo minha boca pra falar, ela novamente me corta - E o café da manhã não vai comer? - E mais uma vez tento falar, novamente sendo interrompida - Sabe que precisa se alimentar, esta muito magra! - termina ela, a essa altura eu já havia desistido de tentar responder seus questionamentos e simplesmente mudei o tópico da conversa.
- Vou sair com a Izzy e meus outros amigos hoje. - falo enquanto me ponho de pé e vou em direção ao fogão.
Os dois ficam me olhando incrédulos. Dou de ombros, enquanto coloco o café da manhã no prato.
- Sério? - fala Jocelyn(minha mãe) se aproximando.
- Sim, Por quê não? - falo sem muito interesse. E eles se encaram.
- Nos ficamos felizes com isso filha, é que deixou de viver sua vida a 4 meses depois que o Jonathan...
Derrubo a xícara no chão e logo me abaixo para pegar os cacos que ali espalhados ficaram, minha mãe tenta me ajudar, mas digo que não preciso de ajuda.
- Vou sair as 6:00pm, mudando de assunto.
Os dois assentem com a cabeça, tomo meu café e vou dar um passeio até o parque, chutando uma pedrinha, com as mãos enfiadas dentro do bolso. De cabeça baixa e acabo esbarrando em alguém, me desculpo e levanto minha cabeça. Me deparando com uma moça de cabelos cacheados, pele bronzeada e lábios avermelhados.
- Maia? - falo não acreditando em quem estava vendo, o seu olhar refletia o mesmo sentimento que o meu.
- A quanto tempo eu não te via - fala me abraçando e eu a correspondo.
- Bem... Você sabe...
Ela baixa o olhar e muda de assunto.
- E então, ficou sabendo do Simon?
- Sim, ele me falou que iria gravar um CD com o Raphael. Mas já faz um tempo que não o vejo. - digo, continuo andando e chutando a pedra e Maia se sente a vontade para me acompanhar.
- Vi ele ontem, esta todo feliz que finalmente você decidiu sair de casa. - fala com brilho nos olhos, ela realmente gosta dele, penso.
- Hmm.. Que bom que ele esta contente - faço uma pausa e pergunto - Você vai com a gente hoje a noite?
Ela me olha de canto de olho.
- Não... A Isabelle não me convidou. - fala formando uma ruga de duvida em sua testa.
- Talvez ela apenas esteja muito distraída. - falo dando de ombros e ela concorda com a cabeça.
- Bem, foi bom te ver, mas já vou indo, Lucian precisa de mim.
- Em pleno sábado?
- É, trabalho integral, você sabe, ser policial é isso. - diz ela dando uma piscadela e já se despedindo - Até mais. - fala balançando a mão no ar.
-Até. - Respondo imitando seu movimento.

Dias turbulentosOnde histórias criam vida. Descubra agora