†AMOR DOENTIO†

•●26-A chave da falsa liberdade•●

4 dia.

-Gostou? Foi eu que fiz!

Coralline diz sorrindo enquanto costura o seu rosto. Uma parte de seu rosto perto de sua testa está todo costurado, eu pensei que ela conseguiria regenerar o seu rosto também. Ela termina e dá um nó na linha, ela solta o cabelo, e troca de vestido; ela põe um vestido rosa com várias flores, e em seguida me olha girando contente.

-Estou bonita? 

Tudo oque eu consigo pensar é na morte do meu pai, ele não era muito afetuoso comigo, mas ele sempre quis o meu bem e o bem da Vanessa. A maldita Coralline tirou a minha única família, a minha mãe morreu de câncer quando eu tinha apenas sete anos, meus tios estão morando bem longe daqui e eles não se interessam pela própria família.

A Coralline liga um pequeno rádio e começa a rodopiar igual a uma louca, a música parece ser uma música clássica, ela pega uma caixa pequena e senta em minha frente.

-Eu quero te dar esse presente, você se comportou muito bem e acho que você merece isso. _ Ela diz com um sorriso enorme.

Coralline abre a caixa e então eu vejo uma chave, será essa a chave das correntes? Será que finalmente ela vai me deixar em paz? Isso está estranho.

Penso tanto na chave que nem reparo que no lado dela tem uma pequena seringa, pra que essa seringa? Deus!

-Não se preocupe não vai doer nada! Estou te dando a sua liberdade. _ Assim que a Coralline aplica a seringa em mim, sinto uma enorme dor de cabeça e a minha vista escurece.

{...}

Acordo e percebo que estou livre das correntes, finalmente estou liv...

Droga!

Sinto uma corrente em meu pescoço, a puxo e percebo que no final dela tem uma espécie de serra elétrica. Maldita Coralline!.Começo a ver dois olhos vermelhos no escuro, eles vão se aproximando e então vejo Coralline, sua expressão está completamente mudada.

-Desgraçada! Oque você está fazendo? Me tira daqui!

-Veja amor! Seus braços estão livres! Agora você pode dançar comigo!  _ Ela põe a música clássica novamente e pega em minhas mãos, mas a solto a fazendo ficar séria. _ Então vamos direto ao ponto. Sabe aquela chave que te dei?

-Você não me deu, se estivesse me dado, eu já estaria longe de você, maldita! _ Ela parece não ligar para o meu comentário e continua.

-A chave está dentro de você.

-OQUE?! Como assim?

-Quando eu apliquei o clorofórmio em você, você dormiu por um bom tempo. _ Ela suspira. _ E então, eu coloquei a chave no seu estômago _ Ela ri. _ Não se assuste!  A chave não está tão no fundo do seu estômago. _ Ela vem até mim e coloca a mão em uma parte costurada da minha barriga. _ Até consigo senti-la! _ Ela começa a rir. _ Está vendo essa faca ao seu lado? Use-a para tirar a chave da sua barriga antes que morra naquela serra. _ Ela aponta para a serra. _ E então você vai sentir o prazer da liberdade! Mas talvez eu prefira você morto, assim você não me diz ofensas e eu posso provar a sua pele. _ Ela morde o lábio e vai até a porta.

-Você não pode ir embora! Me tira daqui agora! sua...

-Boa sorte Adam, e prove o seu amor por mim. _ Ela fecha a porta bruscamente.

A serra começa a funcionar e a corrente do meu pescoço começa a ser puxada, eu não sei oque fazer, tudo oque eu queria agora era sair daqui!

Se eu quiser sair daqui tenho que pegar essa maldita chave! Pego a faca e a encosto no ferimento fazendo as costuras serem abertas, ponho a faca e a preciono no ferimento causando uma dor terrível. Jogo a faca no chão e tento cortar a corrente na serra, jogo a corrente mas nada acontece, ela continua do mesmo jeito, a jogo novamente mas ela não quebra de jeito nenhum. Estou me aproximando cada vez mais da serra e o meu desespero vai aumentando cada vez mais; me estico e pego a faca novamente, a empurro de vez para abrir o ferimento, começo a gritar com a dor, ponho a minha mão no ferimento e sinto algo, a coloco mais fundo e consigo pegar a chave, abro o cadeado da corrente e caio no chão. Tiro a minha camisa e a amarro no ferimento na tentativa de parar o sangramento. Depois de algum tempo a Coralline entra na sala.

-Estou orgulhosa de você meu amor! Você provou que me ama!

Não ligando para o seu comentário, me levanto com dificuldade e vou em direção a porta, mas de repente ela se fecha sozinha.

-Qual é a merda do seu problema? Você disse que eu teria a minha liberdade!

-Aa eu não te expliquei? A liberdade das correntes!

-EU NÃO ACREDITO! Então toda essa porcaria foi em vão?

-Eu te amo ainda mais depois do que você fez meu amor.

-Eu não quero que você me ame merda! Eu quero que você me odeie! Eu estou cansado dessas suas torturas! Eu não tenho palavras para descrever o quanto eu te odeio! Eu te odeio mais que tudo nesse mundo! 

Ela se vira de costas para esconder o seu nervosismo, e então ela se vira para mim e várias lágrimas escorrem pelo o seu rosto, ela limpas as lágrimas e então diz:

-Se é isso que você quer.

Ela tira o seu vestido ficando apenas com a sua roupa íntima, e então ela põe as mãos nos pontos da sua cabeça, abrindo toda a costura. Ela pega a faca que usei para me cortar e a coloca em sua barriga.

-Saiba que eu te amo muito Adam! Você foi o primeiro garoto que eu me apaixonei e será o único. Eu quero que você se lembre de mim como a melhor namorada que você já teve, e saiba que eu nunca vou desistir do nosso amor.

Ela pega a faca e começa a cortar a sua barriga, fecho os olhos para não olhar e sinto sangue espirrando em mim.

Abro os olhos bem devagar e então vejo a pior cena da minha vida, a Coralline está com o pescoço aberto até a sua barriga. Olho para a sua mão e oque ela está segurando me deixa com pavor.

-Se as minhas palavras não valem nada para você, espero que as minhas ações tenham valido de alguma coisa. Toma! Quero que guarde isso, e toda vez que o ver, se lembre de mim.

De repente meus braços se esticam e ela coloca o seu coração na minha mão, ela deixa uma última lágrima cair de seu rosto e então ela beija a minha testa.

-Eu te amo Adam.

A Coralline começa a queimar e então ela cai no chão ainda com um sorriso em seu rosto. Depois de um tempo a única coisa que resta são as cinzas da Coralline. Uma enorme ventania toma parte do lugar, levando as suas cinzas embora.

Isso tudo é tão confuso.

Ela acabou com a minha vida.

Se eu soubesse que isso iria acontecer eu nunca teria me aproximado dela.

Eu a odeio com todas as minhas forças.

Mas tenho que seguir em frente.

Não sei se consigo.

Mas tenho que fazer isso.

Pelo o meu pai.

E pela Vanessa.