•●8-Uma música, uma lembrança•●

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"Eu o matei... Eu o matei... Eu a matei... Matei aquelas crianças... Matei a minha tia... Matei todos... Não sei oque está acontecendo comigo... Não consigo parar"

Chego em casa um pouco chateada pelo oque aconteceu; eu estou começando a gostar do Adam, e quando eu penso que ele também está gostando de mim, eu o vejo beijando a Emilly. Sem dúvidas ela é uma completa oferecida, mas prefiro não pensar nisso, vou jantar com o Nicolas hoje e quero esquecer as coisas ruins que acontecem. Quero que todos se ferrem! O Adam, a Vanessa e principalmente a Emilly; quero esquecer de todos, pelo menos por hoje.

Vanessa narrando.

Vejo que o meu pai saiu, e então vou ao seu escritório, não tem ninguém em casa, e então tudo vai ficar muito mais fácil. Vou ao seu computador e para a minha sorte ele está aberto na página da empresa que ele comanda; o problema é que ele tem muitas empresas e então acho que vai ser meio difícil achar o seu telefone e os pais da maldita Coralline.

Vou pesquisando todos os funcionários, e então acho algo que me deixou muito feliz, a mãe de Coralline! Essa empresa é exatamente a empresa em que os pais da estranha trabalham, agora só resta eu achar o seu paizinho nojento, e tudo vai funcionar do jeitinho que eu quero.

Coralline narrando.

Passaram-se algumas horas e já está na hora de me arrumar. Tomo um banho, visto um vestido branco, longo e com mangas longas, eu gosto de cobrir o meu corpo porque eu odeio ele. Solto meu cabelo e fico um tempo me olhando no espelho, os cortes desapareceram rapidamente, só restam algumas pequenas marcas que são um pouco difíceis de enxergar. Coloco o meu amuleto da sorte (não que eu queira ter sorte com o Nicolas, mas quero não passar vergonha com esse meu jeito estranho) Vejo a campainha tocando, desço as escadas e encontro a minha mãe.

-Aonde vai tão arrumada?

-Vou sair com o Nicolas.

-Eu sempre soube! Vocês estão namorando! Quando vai trazer ele aqui de novo?

-Para com isso mãe! Não estamos namorando! Eu não gosto do Nicolas.

-Mais ele deve gostar de você.

-Ah tá bom mãe! Tenho que ir! O Nicolas está me esperando!

-Porque não o chama para entrar?

-Para de ter idéias mãe! Tchau

-Boa sorte!  _ Diz minha mãe praticamente gritando.

Abro a porta e vejo Nicolas, tenho que admitir que ele está muito lindo! Seus cabelos loiros estão levemente bagunçados, ele está com um short preto, uma camisa azul clara e um vans preto também. Ao me ver ele abre um sorriso maravilhoso, ele põe a mão no meu rosto e diz:

-Você está linda.

-Você também não está nada mal. _ Ele ri e estende a sua mão para mim.

Fomos andando e então, Nicolas abre a porta e entro no carro, em seguida ele entra, e coloca uma música muito bonita para tocar. Pela primeira vez na minha vida, estou sentindo uma felicidade sem fazer mal a ninguém, pela primeira vez parece que deixei de ser a "estranha" e passei a ser uma garota normal.

Mais de repente sinto uma grande pontada em meu peito, como se estivessem me furando com um alfinete, estou sentindo algo estranho, parece que tudo vai explodir e sair fora do controle; tenho que me controlar! Não posso estragar tudo, tenho que curtir a minha felicidade, minha felicidade por apenas uma noite.

Vanessa narrando.

Tudo está ocorrendo do jeito que eu planejei, consegui despedir os pais da Coralline e estou orgulhosa do meu potencial. Como? Consegui ligar para um funcionário que tomava conta de toda a empresa e o ameacei falando que se ele não despedisse os pais da estranha, quem iria ser despedido era ele. Ela merece isso e muito mais, vai aprender a nunca mais mecher comigo!

Coralline narrando.

Chegamos no restaurante e Nicolas abre a porta para mim novamente, o restaurante é muito lindo, tranquilo, e os músicos estão tocando uma música linda! Sentamos e escolhemos oque íamos comer.  Ele me olha fixamente, nunca vi ele me olhando desse jeito, parece que o seu olhar se perdeu no meu.

-Eu não entendo. _ Diz Nicolas me olhando suavemente.

-Oque? _ Digo.

-Eu não entendo como as pessoas conseguem te tratar mal, você... É tão linda.

-É porque eu sou estranha Nicolas, eu sou uma companhia que ninguém gostaria de ter por perto.

-Ei não fale assim! Você não é estranha, e eu amo a sua companhia.

-Pelo menos você Nicolas! Eu sou muito feliz por ter você por perto.

-Sempre vou estar ao seu lado quando você precisar.

Um sorriso se forma em meu rosto, é muito bom saber que tem alguém que não me humilha, e sim que gosta de me ter por perto. O garçom veio deixar os pedidos e então comemos; depois começamos a conversar sobre coisas aleatórias, faz bastante tempo que eu não converso com o Nicolas dessa forma, eu tinha até perdido a noção do quanto ele é legal. Está ficando mais tarde e então fomos embora, ao entrar no carro o Nicolas coloca uma música linda, espera! Eu lembro dessa música, essa é a música que estava tocando em uma festa quando o Nicolas me beijou! Eu tinha 13 anos, e ele havia se declarado para mim, mais depois nos afastamos um pouco quando mudei de casa, mais depois eu voltei a morar no mesmo bairro que ele. Uma lembrança muito grande começa a tomar toda a parte da minha mente.

4 anos atrás.

-Eu te amo Coral, você não é como as outras garotas, você é especial.

-N-Nicolas... eu...

-Shii. _ Nicolas me beija calmamente.

-Nicolas! _ Chamo a sua atenção e o mesmo começa a rir.

-Venha! Vamos voltar para a festa!

De volta ao presente...

Eu lembro que o Nicolas me amava, mais eu nunca consegui ama-lo, eu nunca senti amor por nenhum garoto, nunca consegui! passei a minha vida toda sendo violentada, que criei uma imagem ruim dos garotos certos como o Nicolas. Uma confusão muito grande toma conta do meu ser, eu me sinto culpada, o Nicolas me amava e eu sabia disso! Era para eu estar com ele, e não decepciona-lo indo embora sem deixar notícias, mais oque eu posso fazer? Não o amo, não posso forçar isso, parece que o Nicolas quer que eu lembre do quanto ele me amava, e isso deu certo; com apenas uma música, consegui me lembrar de algo que eu preferia ter esquecido, mesmo que isso não tenha sido algo ruim, eu não queria ter envolvimento com nenhum garoto, com ninguém! Eu só quero me trancar em um quarto escuro e nunca mais sair.

-Coral? Está tudo bem?

-É... Sim, estou bem.

-Parece pensativa.

-Pensando em algumas coisas, nada de mais.

E então a música muda repentinamente e o rádio começa a chiar e eu consigo ouvir gritos desesperados e estranhos.

-Nicolas? Está ouvindo isso?

-Oque?

Não adianta prosseguir no assunto, se ele tivesse ouvido, ele teria estranhado, só eu ouço e vejo coisas estranhas, porque nem eu mesma sei oque sou, e oque está acontecendo comigo. O carro toma um rumo diferente, e a música começa a mudar várias e várias vezes.

-Cuidado Nicolas!

Ele tenta desviar o carro mais não teve sucesso, acabamos batendo em um poste, vejo Nicolas desacordado e um sentimento de culpa toma parte de mim.

-Nicolas? Fala comigo Nicolas! 

Ele está sangrando muito e eu não sei oque fazer! O impacto foi muito grande e eu não entendo porque estou intacta sem sentir nenhuma dor ou sem estar machucada; estou começando a achar que essas coisas que estão acontecendo, como a morte do padre por exemplo, são tudo culpa minha, onde eu estou, algo ruim acontece, e isso está ficando cada vez pior. Vejo pessoas se aproximando e ligando para a ambulância, se alguma coisa acontecer ao Nicolas, eu nunca vou me perdoar!

†AMOR DOENTIO†  Onde histórias criam vida. Descubra agora