Capítulo XV

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Harley

10 de março de 2018

Sábado, Manhã

09h03

- Conseguimos alguma coisa? – Indagou Munique, os braços envolvendo uma pasta amarela com as algumas informações do caso do assassinato de Bruce Whitewoods.

- Ontem fui até o consultório da vaca... da psicóloga de Collin e ela não me disse nada – Harley sentiu a vodca descendo ardentemente por sua garganta, aquecendo suas bochechas. – Mas não precisamos dela...ainda. Collin não é um suspeito principal.

- Então por que investigar sobre ele?

- Porque, para entendermos o que levou alguém a matar Bruce, precisamos estudar o comportamento da vítima com cada pessoa. Às vezes, o filho não o matou, mas alguém o fez em nome dele.

Munique piscou rapidamente e abaixou os olhos, assimilando as palavras enquanto arreava-se sobre a cadeira, pernas sempre cobertas por um par de jeans nos finais de semana.

- Está tudo bem? – Perguntou a detetive por mera cordialidade.

- Está, é só que minha mãe...ainda não apoia a ideia de eu me envolver com coisas assim.

- Explique isso porque, se for me trazer mais dor de cabeça, sugiro que vá trabalhar com Edgar.

A ruiva retrucou com um sorriso amarelado.

- Não é nada, é só aquela coisa de ser extremamente protetora que as mães têm. Ela desaprova que eu fique vindo para cá todos os dias de ônibus e essas coisas...enfim.

Por um segundo, a detetive pensou que talvez sua mãe jamais tivesse tido a tal "coisa" que Munique falava.

- Enquanto pensava sobre a minha mãe, também pensei em algo para o caso. – Finalizou a garota enquanto esticava as costas e jogava uma pasta amarela sobre a mesa de mogno. Harley sentiu a curta brisa que veio do baque surdo da superfície amarelada contra a madeira. – Acho que deveríamos analisar todos os parentes mais próximos e começar daí. Como você disse, havia sentimento naquele crime.

- Eu disse? – Perguntei Harley, duvidosa.

- Sim. – Reforçou a ruiva e a detetive fitou sua dose de vodca, empurrando-a para o lado a fim de não se permitir ficar mais bêbada.

Folheando as poucas páginas que ali haviam, a mulher alcançou o que procurava:

Familiares da vítima: Collin Whitewoods (filho), Dana Whitewoods (filha), Robin Whitewoods (esposa), Dylan Whitewoods (irmão) Meredith John Whitewoods (Mãe) Charlie Whitewoods (falecido pai).

- Não acha melhor conversamos com algum destes parentes? – Perguntou a jovem com certa inocência em sua voz enquanto a detetive corria os olhos para as próximas páginas.

- Não está aqui. – A mulher jogou a pasta de volta para Munique.

- O-O que não está?

- A autópsia. Precisamos dela.

- Posso tentar consegui-la, mas Edgar disse que ela só chegaria no final de sexta-feira, então eu devia ir embora e analisá-la segunda...

O olhar repreensivo da detetive fez a garota se calar.

- Nunca aceite ordens de um homem que quer te subjugar. – A voz dela saiu fria e áspera. A garganta queimava por mais vodca. – Edgar percebeu que somos uma ameaça juntas e quer nos atrasar. Ele já deve estar com os papéis da autópsia. Consiga-os ainda hoje.

Obsessão Sublime (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora