Capítulo XIX - Parte I

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Harley

12 de março de 2018

Segunda-feira, Manhã

11h01

Assim que Harley ouviu sobre os ataques, ela correu para o hospital de Bristol, afinal Castle Combe não possui sua própria central de socorro, apenas uma pequena enfermaria ministrada por um idoso que não era um especialista. O fato de tantos policiais, mais especificamente Humes e Edgar, estarem ali era desesperador. Não estavam na ala em que Tom era mantido e onde Mina trabalhava, mas estavam próximos o bastante para serem perigosos.

A detetive esperava ali, de braços cruzados, junto de Edgar, sentado numa das cadeiras da sala de espera, esticado e aparentemente confortável com o ambiente. Havia um balcão bege na entrada, onde uma atendente gorda corria com fichas e novos cadastros. Ela disse que os avisaria quando pudessem falar com Robin, que passava por exames a fim de verificar nenhum ferimento grave.

Pelo o que a detetive conseguiu ouvir, ela havia tomado dois pontos no couro cabeludo, onde disseram que ela sofreu uma pancada forte, mas que, por sorte, não havia lhe causado um traumatismo severo. Em alguns minutos, um homem de jaleco branco e cabelos bem penteados para trás com um crachá onde se lia Dr. Patterson surgiu, guiando-os para a emergência, onde ela estava e, em breve, seria liberada.

Eles a colocaram numa sala longa com uma fileira de camas separadas por cortinas em tons praticamente transparentes, que falhavam em sua única função de manter a privacidade dos pacientes. Harley alcançou a cama de Robin primeiro, o rosto da mulher era o puro cansaço, com olheiras profundas de guaxinim que fizeram a detetive lembrar, mais uma vez, de Tom.

- Disseram que vão refazer alguns exames só para ter certeza de que estou bem. – Explicou a viúva de forma imparcial enquanto uma enfermeira colocava um medidor de pressão arterial em seu braço arroxeado. Mais alguns minutos se passaram. Harley estava impaciente, com a ponta do pé direito tentando esmagar o piso de linóleo branco com batidas incessantes. Ela tinha de tirá-los daquele hospital.

Para disfarçar sua impaciência e nervosismo, a detetive concentrou-se nas silhuetas perfeitas do homem da maca do lado. Não parecia que ia muito longe, já que a esposa ou filha, Harley não saberia dizer, segurava sua mão com uma força extrema, chorando e dizendo palavras incompreensíveis.

- Vocês não vão perguntar o que aconteceu?

A atenção de Harley voltou-se para Robin, que agora estava de braços cruzados.

- Já sabemos o que aconteceu, senhora Whitewoods. – Edgar foi, surpreendentemente, mais rápido do que Harley em sua reposta. – Sabemos que você e Emma foram atacadas na mesma manhã e que...ela não teve tanta sorte quanto a senhora.

- Sorte!? – Robin largou os braços ao lado da cama e os dedos cravaram nos lençóis. - Acham que eu tive sorte!?

- Pelo o que vejo, não está inconsciente, senhora Whitewoods. – Retrucou Harley enquanto os olhos corriam daquele cubículo formado pelas cortinas. Não tinha muito o que se ver, apenas uma viúva estressada e em choque com os cabelos bagunçados e uma cadeira de plástico. – Emma Quinn ainda não acordou.

- Onde ela está?

- Deve estar em um desses box por aqui... – A detetive deu dois passos para trás, esticando seu pescoço para ter uma visão parcialmente maior daquele longo corredor depressivo.

- E o...

- Agressor? – Edgar concluiu.

Robin não precisou responder, seu olhar expelindo palavras furiosas que não saíram por entre os lábios.

Obsessão Sublime (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora