Essa é a história sobre minha vida, sobre como ela mudou de uma hora pra outra. Vou começar do zero, porque quero que vocês entendam tudo. Quero que saibam o porquê, e qual o principal fator, de tudo em minha vida ter se transformado.
SkyHill 23 de dezembro de 1900 19:50 da noite.
Minha história começou aqui. Meus pais estavam voltando do hospital, eu tinha nascido há poucos dias, era uma noite fria, a neve estava fraca. Tudo parecia normal, bom, normal para mim, que era apenas um bebê, uma criança inocente que não entendia nada.
- Jasmine, me perdoe, mas não podemos ficar com essa criança, não temos condições de cuidar dela, você sabe muito bem. (Anthony)
- Mas amor, é o nosso filho, mesmo com o pouco que temos, eu sei que conseguiremos cuidar dele. (Jasmine)
- Já está decidido, vamos deixá-lo no orfanato essa noite, e vamos embora da cidade. (Anthony)
Minha mãe chorava, mas eu ainda era uma criança jamais conseguiria entender tudo aquilo que estava acontecendo.
SkyHill 23 de dezembro de 1900 20:27 da noite.
A neve estava mais forte, a noite estava mais fria. Foi então que chegaram na porta do orfanato de SkyHill.
- Escreva uma carta, e coloque a criança lá, temos que sair da cidade o mais rápido possível. (Anthony)
- Está bem. (Jasmine)
Minha mãe escreveu uma carta e saiu do carro com uma cesta na mão. Dentro dela lá estava eu.
Antes de partir ela colocou a carta sobre mim, me deu um beijo na testa e tirou um colar de seu pescoço. Colocou o colar junto ao cesto e tocou a campainha. Logo saiu da porta, e foi ali, bem ali, que vi meus pais pela última vez.
Minutos depois, uma moça atende a porta, ela rapidamente se abaixa, pega o cesto e o coloca para dentro.
- Irmãs, rápido! Parece que temos mais uma criança abandonada, tragam a mamadeira e cobertores para cuidarmos dela o mais rápido possível. (Irmã Soraia)
- Olhe irmã Soraia, aí parece ter uma carta, é melhor ler. (Irmã Judi)
“Olá, primeiramente quero que nos perdoem por deixar nosso filho. Não temos condições de cuidar dele e sei que aqui ele poderá crescer e ter uma vida que jamais poderíamos dar a ele. Sei que ele irá se tornar um garoto forte e bonito, peço que cuidem dele e deem o amor que jamais poderei dar a ele um dia. As únicas coisas que eu gostaria de deixar a ele é o meu colar e seu nome. Escolhi o nome de seu bisavô, Jason Reymond. E mais uma vez, me desculpem por está fazendo isso.”
- Infelizmente Irmã Judi, é mais um caso de abandono, e o nome da criança é Jason. (Irmã Soraia)
- Amanhã cedo, iremos à delegacia, avisaremos a polícia, arrumaremos a papelada e, bem, acho que a partir de hoje teremos uma criança nova no orfanato. (Irmã Judi)
Foi ali, que minha vida começou, foi ali que ela mudou, foi ali que as coisas começaram a acontecer, e é aqui que começa a minha história.
SkyHill 6 de janeiro de 1908 8:00 da manhã
Eu tinha oito anos naquela época, fui uma criança quieta, sempre ficava no meu canto. Era uma criança triste, pensava que nunca seria adotado, que ficaria sozinho pra sempre, que nenhuma família jamais iria me querer, mas foi naquela manhã do dia 6 de janeiro que aquilo mudou.
- Crianças, daqui uma hora o senhor Johnson chegará ao orfanato. Ele decidiu que irá adotar uma criança, então já sabe, vão para seus quartos e troquem de roupa. Estejam preparadas para quando ele chegar. (Irmã Abigail)
Logo após irmã Abigail ter acabado sua frase, ela olhou com um olhar malvado para mim, e veio em minha direção.
- Menos você mocinho, creio que o senhor Johnson não ira querer uma criança estranha como você, então, nem precisa ir se trocar fique do jeito que você está.
A maneira que irmã Abigail falava me deixava triste, ela não me tratava assim, mas há dois anos tudo mudou, ela ficou estranha comigo logo após a morte de seu filho. Eu não entendia o motivo dela ter começado a me tratar daquela maneira, mas, como eu sempre fui um garoto quieto, não falava nada, apenas ficava triste e chorava a noite, antes de dormir.
