Capítulo 2

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Três meses depois que me mudei para casa dos Johnson, tudo estava indo bem. Eu havia começado a estudar. Eu e Terry estávamos cada vez mais próximos. Os dias passavam depressa e, a cada dia que eu ficava ali, eu me sentia melhor.
SkyHill 13 de abril de 1914 08:00 da manhã.
Era uma manhã de sol, tudo estava correndo bem. Naquele dia eu e Terry iríamos fazer um passeio nas cavernas de SkyHill com a escola. Terry estava animado, então foi até meu quarto.
- Bom dia irmão. – Ele pulou em cima de mim na cama. – Tá animado para o passeio de hoje? (Terry)
- Sim, mas você parece mais animado do que eu maninho. – Eu ri. – Creio que eu me anime mais com o passar do dia. (Jason)
- Acho melhor você se levantar e se arrumar, ou vamos acabar nos atrasando. Temos que está na escola às dez. (Terry)
Concordei com a cabeça e fui tomar banho. Terminei o banho rapidamente e vesti o uniforme do colégio onde estudávamos, eles eram muito rigorosos na questão uniformes, e tínhamos que estar impecáveis quando íamos para escola.
Eu estava pronto, desci as escadas e fiquei esperando por Terry. Dez minutos depois Terry desceu.
Naquele dia Sr. Johnson estava de folga, então resolveu ele mesmo levar a gente ao colégio. No caminho fizemos uma parada para que comprássemos lanche em uma feira. Em seguida continuamos o caminho, chegamos à escola por volta de nove e cinquenta da manhã, Sr. Johnson como sempre muito carinhoso se despediu da gente, descemos do carro e ele se foi.
SkyHill 13 de abril de 1914 10 da manhã.
Apesar de ser dois anos mais novo que Terry, éramos da mesma classe na escola. Sr. Johnson havia feito um trato para que eu e Terry ficássemos na mesma turma, assim seria mais fácil para eu me adaptar a vida nova que eu estava tendo.
Todos os alunos já estavam presentes do lado de fora da escola, esperando que o ônibus escolar viesse nos buscar.
O ônibus, em menos de dois minutos, havia chegado e todos entraram no ônibus, aquele dia era um dia ensolarado, então seria um ótimo dia para um passeio.
Estavam todos animados, eu fui me animando mais com o passar do tempo. Todos cantavam uma música que a professora havia ensinado, se me lembro bem, um trecho da música falava sobre um fazendeiro que tinha uma vaca.
Cavernas de SkyHill 13 de abril de 1914 11:20 da manhã.
Por volta das onze, lembro-me que chegamos a entrada das cavernas de SkyHill, foi quando a professora começou a falar algumas coisas.
- Crianças, tomem cuidado nas cavernas, andem sempre juntos, nada de se separarem lá dentro, e tenham bastante atenção. (Professora)
Lembro-me que um dos alunos bagunceiro da turma disse:
- Mas professora, se é tão perigoso, porque trouxemos Jason? Como a senhora ele tem medo de escuro, vai que ele se perde lá dentro. (Timóteo)
Lembro que todos riram de mim naquele dia, mas pro meu espanto, Terry não aceitou ouvir aquilo de Timóteo.
- Cale a boca, valentão, porque não mexe com alguém do seu tamanho? Não vou deixar que falem assim do meu maninho não.(Terry)
Terry havia ficado muito bravo naquela situação. Aquele foi o primeiro dia que ele havia me protegido de alguém. E também foi a primeira vez que alguém tentou se encrencar comigo.
Timóteo era o valentão da turma, era o mais alto de todos, tinha 10 anos, era meio gordo, e pensava que poderia mandar em todo mundo.
- Crianças parem já de brigar. – Disse a professora com um tom de autoridade. – Vamos, temos uma longa caminhada pela frente. (Professora)
Todos começamos a caminhar, aquele passeio tinha sido um divertido, naquele dia eu aprendi bastante coisa sobre rochas, e até encontrei uma pedra que guardo até hoje, porque achei ela maravilhosa, mas não levei apenas uma pedra que me faria lembrar daquele dia, também levei uma cicatriz, bem no peito que fez com que eu jamais pudesse esquecer daquele dia.
Estávamos andando, então chegamos a uma área de bastante atenção dentro da caverna. A professora havia alertado para que andássemos em fila, e bem devagar, para que não nos não se machucasse.
Foi então que Timóteo aproveitou que eu estava distraído colocou o pé na frente fazendo com que eu caísse no chão, e ficasse pra trás me perdendo do grupo de alunos.
Terry estava distraído naquele momento observando como a caverna era linda. Quando eu levantei, e não conseguia mais ver a professora e os alunos, resolvi seguir em frente para que eu pudesse tentar encontra-los, eu estava muito assustado, estava sozinho e com medo novamente.
Aquilo me fez recordar da maneira que eu sempre se sentia no orfanato, a sensação de tristeza me dominou naquele momento. Eu me perdi, o desespero aumentou, foi então que eu tropecei e comecei a rolar eu já não via mais nada, e tudo ficou escuro.
SkyHill 13 de abril de 1914 19:17 da noite.
Eu acordei, ouvia gritos para todos os lados, minha visão ainda estava escura. Eu não entendia nada, ouvia Sr. Johnson gritando, Terry chorando, pessoas vestidas de branco falando coisas, foi então que mais uma vez eu apaguei. Então tive um sonho que jamais consegui esquecer.
“Eu estava em um lugar cheio de pessoas. Eu não conseguia ver o rosto dessas pessoas, mas aquelas expressões não eram boas, pareciam me julgar, como se eu tivesse cometido algum erro, como se eu tivesse feito algo que seria imperdoável. Então eu começava a correr, mas essas pessoas vinham atrás de mim. Tudo estava ficando escuro, mas lá no fim, bem no fim eu conseguia ver uma luz, então quando eu estava chegando, nessa luz. Eu acordei.”

Skyhill 14 de abril de 1914 02:35 da madrugada
Eu acordei. Estava em um quarto de hospital e havia uma cadeira próxima da cama onde eu estava deitado, Sr. Johnson estava sentado nela. Quando ele percebeu que eu havia acordado logo chamou um médico.
- Não se preocupe Johnson, está tudo bem com ele, a pressão está normal, e ele já está se recuperando, sente-se você precisa se acalmar, acho até melhor não vir trabalhar amanhã. (Dr. Parker)
- Tudo bem, obrigado Parker, qualquer coisa te chamo. (Sr. Johnson)
Sr. Johnson veio em minha direção, e começou a fazer carinho em minha cabeça.
- Você nos deu um susto, campeão. – Ele sorriu. – Jamais me perdoaria se tivesse acontecido algo com você. (Sr. Johnson)
Ele falava de um jeito preocupado, Sr. Johnson gostava muito de mim. Retribui o sorriso pra ele, e minhas pálpebras começaram a pesar, lembro-me de ter dito algo a ele e ter adormecido novamente.
SkyHill 21 de abril de 1914 13:00 da tarde.
Uma semana depois do ocorrido, eu estava me recuperando. Ali foi a primeira vez que eu havia quebrado alguma parte do meu corpo, minha perna estava engessada.
Terry achava incrível aquilo, para ele era uma marca de guerra, mas o ocorrido só tinha feito meu medo por lugares fechados aumentar. O terror que eu havia passado naquele dia demoraria muito tempo para ser curado.
Eles haviam me contado que depois de um tempo a professor havia percebido que eu tinha me perdido, e que fez o pedido de socorro o mais rápido possível, que eu havia sido encontrado caído em um barranco dentro da caverna, e que na queda eu havia batido o peito e a cabeça bem forte, que fez com que eu ficasse desacordado.
Naquela época eu ainda era um garoto bondoso, eu menti, contei para Sr. Johnson que eu apenas havia tropeçado. Não queria prejudicar ninguém, por mais que Timóteo merecesse, não queria causar problemas para sua família.
Naquele dia, Sr. Johnson iria viajar para casa de sua mãe, e voltaria na próxima semana. Como eu havia quebrado minha perna e não iria poder acompanhá-lo na viagem, Terry iria junto com ele.
Samantha decidiu não ir para ficar me fazendo companhia, mas aquela decisão que ela havia tomado não era uma simples decisão, pois foi ali que tudo mudou, foi ali que as coisas começaram a ficar complicadas.
- Você tem certeza que não quer ir querida? (Sr. Johnson)
- Sim querido, ficarei cuidando do pequeno Jason. ( Samantha)
- Tudo bem então querida. (Sr. Johnson)
A maneira como Samantha falava sempre me assustava, era estranho aquilo, mas eu sabia que havia algo de muito errado, mas eu era apenas uma criança inocente, eu não tinha ideia do que poderia acontecer, então deixava pra lá.
SkyHill 21 de abril de 1914 17:16 da tarde
Sr. Johnson e Terry já estavam com as coisas prontas, suas malas já estavam no carro. Eles se despediram de mim e Samantha e Terry foi até mim dizendo pra eu não me preocupar, que logo ele voltaria, e estaríamos juntos brincando por aí. Sr. Johnson fez carinho na minha cabeça, me deu um beijo na testa e se foi.
E foi ali naquele momento que tudo mudou. Samantha reuniu todos os empregados na sala.
- Todos vocês, quero que vão embora, vocês terão uma folga de uma semana. Quero vocês fora de minha casa em uma hora, todos vocês. (Samantha)
Naquele momento, me lembro do desespero que passei, sabia que naquele dia eu conheceria a verdadeira Samantha. Eu estava com medo, eu senti que algo ruim estava pra acontecer, e, no estado em que eu me encontrava, eu não poderia fazer nada a não ser esperar que o pior acontecesse.
Uma hora depois não havia mais nenhum empregado, a casa estava vazia e lá estava somente eu e Samantha. Ela havia me colocado em uma poltrona sentado, pegou uma cadeira,  colocou em minha frente e se sentou.
- Então, moleque, me diga, o que você quer de minha família?(Samantha)
Meu coração gelou naquele instante, eu não sabia o que responder.
- O-o que a senhora está falando? (Jason)
- Não se faça de sonso moleque, chega a nossa casa como se não quisesse nada, mas saiba que você não é a primeira criança que vem aqui morar com a gente. Aqueles moleques interesseiros. Da mesma forma que fiz com que eles saíssem daqui, farei o mesmo com você. E caso você não diga qual sua intenção aqui dentro dessa casa, eu mesma irei dar um jeito de acabar com você. (Samantha)
Naquele dia eu senti muito medo, eu era apenas uma criança de 8 anos, não havia mal em meu coração. Como uma pessoa poderia ser tão má e rigorosa comigo? Eu sentia muita vontade de chorar, não sabia como lidar com aquela situação.
- Pois bem, agora nessa casa somos apenas eu e você, então confesse o que você quer garoto. (Samanta)
- Senhora, eu não sei o que você está falando. (Jason)
Quando terminei a frase, jamais me esquecerei do que aconteceu, Samantha acertou meu rosto com um tapa. Um tapa forte que ficara marcado em minha alma até hoje. Eu fiquei sem reação. Meu rosto doía e eu não sabia o que fazer naquele momento.
- Então pequeno Jason, teremos uma longa semana pela frente, você tem sete dias para admitir o que está querendo de minha família, ou eu darei um jeito em você. (Samantha)
Eu já não sabia mais o que falar, eu estava perplexo. Meu rosto ainda estava doendo, meu coração acelerado, foi então que comecei a chorar. Ali, bem naquele momento uma semana difícil havia acabado de começar.
SkyHill 21 de abril de 1914 22:17 da noite.
Eu ainda estava na sala, sentado na mesma poltrona, sem saber o que fazer. Não saia da minha cabeça o tapa que ela havia me dado, naquela época eu não sabia o que estava sentindo, mas hoje consigo dizer que eu estava destruído por dentro, aquilo jamais havia acontecido.
Durante a noite, Samantha ligou o rádio e começou e começou a tocar uma música bem alta, ela cantarolava e aquela música ia penetrando minha mente, e me deixando meio louco. Eu estava cansado, queria dormir, minha perna doía, não tinha como eu conseguir subir as escadas sem ajuda de Samantha, assim eu não conseguiria ir para meu quarto. Depois de um tempo, Samantha desligou o rádio, e veio até mim.
- Já estou me cansado da sua cara garoto, então acho bom que abra logo sua boca e diga o que quer da minha família. (Samantha)
- Sra. Samantha, me desculpa eu não sei o que a senhora está falando. (Jason)
- Garoto mentiroso, vou te ensinar uma lição. (Samantha)
Ela me pegou no colo, e começou a me levar pela casa, eu não sabia onde ela estava me levando, foi quando percebi que ela me levava para a dispensa da casa.
- Você vai ficar aí, até decidir admitir o que realmente quer da minha família, porque se pensa que vai tomar o lugar do meu Terry você está muito enganado. (Samantha)
Ela bateu a porta, e trancou por fora. Eu novamente comecei a chorar, eu estava ali, sozinho, com fome e cansado, quando eu menos esperava, eu caí no sono.
SkyHill 22 de abril de 1914 06:15 dá manhã.
- Acorde. – Lá estava Samantha me balançando – Coma, seus dias de tortura só começaram. (Samantha)
Eu acordei. No chão perto de onde eu estava deitado havia um pão com um copo d’água. Eu não pensei duas vezes e logo comi o pão. Samantha me olhava com um olhar de ódio, eu consegui perceber ali, que ela realmente queria me matar, e que eu precisaria fazer uma coisa antes que fosse tarde demais.
- Samantha, porque está fazendo isso comigo?(Jason)
- Não está claro, você simplesmente chega na família, querendo ocupar o lugar do meu bebê, e ainda pergunta, garoto inútil? Logo você não fará mais parte dessa família. (Samantha)
As palavras de Samantha penetravam minha alma de uma forma que, quando penso, me causam arrepios até hoje.
Ela novamente fechou a porta. Eu estava em mal, estava fraco e não sabia o que fazer, então novamente adormeci. Por volta das dez da manhã, novamente Samantha volta.
- Bem, hoje a noite um amigo ira me visitar, não quero ouvir nem um barulho seu, caso ouça, você vai desejar nunca ter nascido. (Samantha)
Quando Samantha estava prestes a sair, eu sabia que era arriscado, mas eu teria que fazer alguma coisa. Por estar na despensa, derrubei um pote de picles, que caiu e quebrou. Cortei-me sem querer no braço. Samantha praguejou alguma coisa, e saiu da dispensa.
Minutos depois ela voltou com uma caixa de primeiros socorros, ela se abaixou e começou a limpar minha ferida. Não sei por que ela fez aquilo, mas aquela era minha chance, enquanto ela me fazia um curativo, aproveitei e peguei a chave que estava pendurada em sua cintura, e rapidamente eu escondi. Depois Samantha saiu da dispensa.
SkyHill 22 de abril de 1914 19:00 da noite
Durante a tarde, Samantha havia aparecido na dispensa e me dado algumas coisas de comer, sempre dizendo que eu jamais tomaria o lugar de Terry, e que se tivesse que fazer para se livrar de mim não iria pensar duas vezes pra fazer aquilo.
Eram mais ou menos sete da noite, quando lá em baixo na sala começou a tocar uma música. Eu sabia que seria naquele momento que eu teria que fazer alguma coisa.
Levantei-me, abri a porta bem devagar para que ninguém escutasse nada, e fui andando até a escada, escorado na parede, foi quando vi a cena, lá estava Samantha junto com Garibaldi. Lembro-me de ficar confuso, pois na época eu não sabia o que era aquilo, mas os dois estavam muito próximos, estavam trocando carinhos, e aquela não parecia ser a primeira vez que ela fazia aquilo.
Fiquei um pouco assustado. Foi então que decidi fazer algo, eu era uma criança e não imaginava que aquilo poderia dá errado.
- Tio Garibaldi, me ajuda, por favor, Samantha está sendo má comigo. - falei tentando andar na direção dos dois. – Me ajuda. (Jason)
Foi então que Garibaldi começou a rir, aquela risada não sai da minha cabeça, tive vários pesadelos com ela.
- Ora, ora o que temos aqui? Parece que você está dando um jeito nele, não é mesmo Samantha? (Garibaldi)
- Sim, em breve esse garoto estará fora do nosso caminho. (Samantha)
- Ótimo, agora que ele sabe da gente, não vai ser seguro deixá-lo por aqui. (Garibaldi)
- Sim, darei um jeito nele. (Samantha)
Samantha veio em minha direção, me pegou no colo e mais uma vez me levou de volta despensa. Quando chegamos lá ela me jogou no chão, que eu bater minha perna e aquilo doía.
- Se sair daqui mais uma vez, eu acabo com você.
Aquela frase havia me assustado. Eu estava sozinho e simplesmente não sabia o que fazer para me livrar daquela situação. Mas em breve eu sabia que aquilo acabaria.
5 de agosto de 1948 16:00 da tarde – Dias atuais.
Dei uma pausa daquilo, levantei e bebi um copo d’água e me sentei novamente.
- E o que aconteceu logo depois que você acordou? (???)
- Bem... (Jason)
SkyHill 23 de abril de 1908 01:17 da madrugada.
Acordei com um barulho vindo lá de baixo e não consegui dormir mais, Samantha e Garibaldi riam alto, e eu não podia fazer nada. Minha perna estava quebrada, aquilo me impedia de fazer muita coisa.
Eu poderia sair correndo dali, mas não iria conseguir devido à situação que eu me encontrava. E mais uma vez sem poder fazer nada, comecei a chorar e em pouco tempo eu caí no sono.
As horas se passaram e novamente eu acordei já não ouvia mais o som vindo lá de baixo. Então resolvi sair da dispensa e percebi que Garibaldi havia ido embora, na mesa havia três garrafas de vinho, então que a campainha tocou, Samantha dormia no sofá e não acordou com o barulho da campainha.
Essa era minha chance, mesmo com a perna quebrada desci a escada me arrastando, ouvi uma voz vinda lá de fora, era a voz de Judith.
- Judith, por favor, me ajuda. – eu falava chorando. – Samantha, ela ficou louca, me machucou, eu preciso de ajuda. (Jason)
-Jason, fique calmo abra a porta para que eu possa te ajudar. (Judith)
Abri a porta e contei para Judith o que havia acontecido, ela entrou em desespero. Foi então que ela resolveu acordar Samantha, mas para nossa surpresa... Samantha estava morta.
Skyhill 23 de abril de 1908 10:30 dá manhã.
Em meia hora a polícia e o jornal estavam reunidos na frente da casa, ninguém sabia o que havia acontecido. Sr. Johnson chegaria mais tarde, ele já havia sido avisado do ocorrido, então, assim que soube, saiu de casa de sua mãe e veio para SkyHill.
A polícia fez uma barreira para que as pessoas não pudessem ultrapassar em direção a casa, do lado de fora estava cheio, parecia que todas as pessoas de SkyHill estava na frente da casa.
Todos queriam saber o que tinha acontecido.
Na época só me passava na cabeça que Garibaldi poderia ter feito algo com ela. Eu estava com medo, mas Judith estava comigo para me proteger, ela não saiu de perto de mim em momento algum, então um policial veio até mim.
- Me conte garotinho, o que houve aqui. (policial)
Contei pra ele toda a história. Ele anotava em seu bloco de notas, então ele pegou seu rádio e mandou uma mensagem para outros polícias.
- Mande uma viatura até a casa dos Madson, leve Garibaldi Madson para a delegacia. (Policial)
Aquele dia estava estranho, o tempo estava ficando nublado e eu sentia bastante medo. Só queria que nada daquilo tivesse acontecido, mas aquela era só a primeira das confusões que iriam acontecer na minha vida.
O jornal chegou logo depois.
- Bom dia senhor. - dizia um jornalista com um gravador na mão. - Poderia nos contar o que aconteceu? (jornalista)
- Por enquanto não posso dar informações sobre o caso, peço que respeitem a família e mantenham distância. (Policial)
Naquele momento saíram de dentro da casa com o corpo de Samantha. Aquele dia estava sendo um dia triste, eu estava fraco e não sabia por quanto tempo eu aguentaria passar por tudo aquilo.
SkyHill 23 de abril de 1908 14:19 da tarde.
Sr. Johnson havia acabado de chegar, Terry não estava com ele para que evitassem que ele descobrisse o que havia acontecido. Assim que ele desceu do carro, o pessoal que trabalhava no jornal foi em sua direção, querendo saber notícias do que havia acontecido.
Ele simplesmente ignorou, passou pelos jornalistas, e veio em direção a casa. Quando entrou veio falar comigo.
- Pequeno Jason. – Ele me abraçou e começou a chorar. – Você está bem? Eu jamais me perdoaria se tivesse acontecido algo com você, me desculpe.
Ele chorava, aquela cena me deixou comovido, me lembro de ter ficado muito triste por aquilo. Sr. Johnson não parecia estar triste pelo o que havia acontecido com Samantha, mas sim estava triste por ter me deixado lá sozinho com ela.
Me culpei por anos pela morte de Samantha.
- Me conte, o que houve? (Sr. Johnson)
- Papai, quando o senhor foi embora Samantha mandou todos os empregados embora e, em seguida, me disse coisas horríveis. Ela me culpava por coisas que eu não sabia o que eram, foi horrível! Ela e tio Garibaldi eles estavam se beijando, eu não entendi muito bem o porquê... (Jason)
- Não acredito que Garibaldi estava fazendo isso comigo. – Dava pra ver o ódio no olhar de Sr.Johnson. – ele me paga. (Sr. Johnson)
Logo após ter dito isso, ele parecia estar com mais raiva, então saiu de dentro da casa e foi em direção aos jornalistas e começou a gritar.
- VOCÊS QUEREM UMA HISTÓRIA, ENTÃO AQUI ESTÁ A HISTÓRIA DE VOCÊS. – a raiva o consumiu, e ele começou a falar coisas sem pensar. – COMO VOCÊS SABEM, SAMANTHA JOHNSON ESTÁ MORTA, E QUEREM SABER MAIS ELA ME TRAIA COM O MARIDO DA MINHA PRÓPRIA IRMÃ. (Sr. Johnson)
Todos ficaram chocados, e apesar de todo ódio dava pra perceber a frustração na voz de Sr. Johnson. Foi quando ele começou a chorar, o policial que estava com a gente foi em direção de Sr. Johnson e o colocou pra dentro.
- Você ficou maluco. – disse ele indignado. - você sabe o que acabou de fazer? Aqueles jornalistas vão usar o que você acabou de falar, amanhã você com certeza estará na primeira página do jornal. (policial)
Todos estavam em silêncio e aquele silêncio pesava mais ainda o ambiente onde estávamos.
Skyhill 25 de abril de 1908 10:00 da manhã.
Dois dias haviam se passado e nossa família ainda era o assunto da cidade, quando Terry descobriu da morte de sua mãe ele ficou muito mal, e pra piorar a história, ele começou a me culpar.
E foi ali, depois daquele dia que ele começou a se afastar de mim. Eu me senti mal e comecei a me sentir sozinho de acordo que o tempo ia passando.
- Ei pequeno Jason está tudo bem? (Sr. Johnson)
- Sim papai, só estou um pouco triste. (Jason)
Terry me olhava com um olhar estranho, e aquilo era ruim.
- Papai, não quero esse garoto morando com a gente. (Terry)
- Terry, não é assim, já te expliquei, não é culpa dele nada disso que aconteceu, então entenda, por favor. (Sr. Johnson)
Terry levantou e foi para seu quarto com uma cara ruim. O clima estava tenso, foi quando o telefone tocou, Judith atendeu e, em seguida, chamou Sr. Johnson, era da delegacia.
- O que, como assim Garibaldi se matou? – Sr. Johnson disse indignado. – tudo bem, estou indo. (Sr. Johnson)
Ele nem se despediu. Pegou seu chapéu e saiu de casa. Judith veio até mim para conversar.
- Ei, não se preocupem vai ficar tudo. (Judith)
Ela me deu um abraço.
- Sim, eu sei que vai. – tentei ser positivo. – Ei poderia me trazer um copo de suco? (Jason)
- Sim, claro. (Judith)
Quando Judith saiu para fazer meu suco, Terry foi até mim.
- Quero deixar avisado, quero você longe de minha família. - ele falava com raiva. – Tudo mudou depois que você chegou. Se não tivesse aparecido, nada disso teria acontecido. (Terry)
- Mas Terry... (Jason)
Terry foi em minha direção e começou a me bater, eu estava muito machucado, eu não podia fazer nada. Naquele momento Judith escutou o barulho e rapidamente foi até a sala, tirou Terry de cima de mim, e deu uma bronca nele, mandando ele para seu quarto e deixando ele de castigo.
Eu chorava, eu ainda era um garoto inocente e nunca quis ter causado aquilo para aquela família, mesmo sabendo que aquilo não era culpa minha. Judith me abraçou e disse que tudo ficaria bem.
SkyHill 25 de abril de 1908 15:17 da tarde.
Algumas horas depois, Sr. Johnson havia chegado, Judith estava na sala comigo.
- Então, Senhor, o que houve? (Judith)
- Muita coisa, até agora meu cérebro não conseguiu processar tamanha informação, acho melhor que você leia. – ele estava muito triste. –  leia para Jason, creio que ele mereça saber.
- ... Johnson creio que você mereça uma explicação antes que eu me mate. Eu e Samantha estávamos tendo um caso fazia tempos, ela me dizia que já não te amava mais, por isso estávamos planejando fugir, mas tudo mudou quando você adotou o garoto. Inicialmente estávamos planejando te matar, porque assim Terry seria o único herdeiro e ficaria com toda sua fortuna. Como a criança ainda é menor, eu e Samantha administraríamos toda a fortuna, mas isso mudou quando você resolveu adotar esse garoto, iríamos mata-lo antes que você retornasse e depois acabaríamos com você, mas tudo deu errado, por um simples detalhe: Gertrudes havia me seguido...
Então, enquanto eu estava com Samantha, ela apareceu aqui, e estava armada. Estava enfurecida, havia trago uma garrafa de vinho envenenada, e então obrigou Samantha a beber. Não demorou muito até que fizesse efeito, Gertrudes esperou que Samantha morresse e logo em seguida me fez de refém. Ela estava me levando para a ponte de SkyHill, mas enquanto ela dirigia pulei do carro e consegui escapar. Te peço desculpas por tudo que eu estava planejando, gostaria de pedir que cuidasse de Melissa ela não merece ficar sozinha pelos pecados que dos pais... Adeus.
Quando Judith terminou de ler o silêncio era a única coisa que restava na sala.
Skyhill 25 de abril de 1908 10:19
No dia seguinte, éramos a primeira página do jornal, estava estampado na capa “TERROR NA MANSÃO JOHNSON” me lembro claramente da cara de frustrado do sr. Johnson. Ele sabia que aquela matéria poderia lhe causar problemas futuros.
E foi exatamente o que aconteceu mais tarde, ele foi afastado do hospital onde trabalhava, e saber daquilo o deixou muito triste, então ele resolveu aproveitar o tempo que ficaria fora do hospital para trabalhar com fotografia.
Naquele mesmo dia mais tarde, ele levou eu e Terry no jardim e tirou uma foto nossa junto com ele, fez duas cópias da foto e entregou pra gente. Guardo essa foto até hoje.
- Peguem essa foto com carinho, quero que se lembrem pra sempre um do outro. (Sr. Johnson)
Confesso que senti certo arrepio da maneira que ele havia falado, mas depois percebi que era apenas uma frase e nada de mais.
À noite comemos, ouvimos o rádio e fomos dormir.
Skyhill 05 de agosto de 1942 17:00 dias atuais.
- O que aconteceu depois. (???)
- Melissa foi morar com a gente, as coisas começaram a ficar estranhas na casa com o passar do tempo. Terry já não me tratava mais bem e sempre queria manter distância.
Depois da morte de Garibaldi e a prisão de Gertrudes, Melissa falava pouco. A gente conversava raramente, às vezes ela se isolava totalmente. Ela era tão nova pra estar passando por tudo aquilo. (Jason)
SkyHill 10 de maio de 1908 08:23 da manhã.
Mesmo depois de um tempo, o clima na casa continuava tenso. Estava no dia de tirar o gesso da minha perna, então acordei bem cedo. Judith me ajudou a me trocar de roupa e Sr. Johnson veio me pegar, ele me levou no colo até o carro e fomos para o hospital.
Chegando lá os médicos foram muito gentis, e então tiraram o gesso, fazia bastante tempo que eu não via minha perna, e aquilo me deixou feliz. Ela estava boa e agora eu iria poder correr novamente e, como eu e Sr. Johnson havíamos combinado, essa tarde ele levaria eu, Melissa e Terry ao campo.
- Estou tão animado pra hoje. – Sorri. – Vai ser divertido poder correr no campo hoje de novo. (Jason)
- Parece que você está bem animado não é mesmo pequeno Jason?  – Ele sorriu. – O que acha de comprarmos uma bola para levar? (Sr. Johnson)
- Ótimo. (Jason)
Saímos e passamos em uma loja de brinquedos, compramos uma bola, que era linda. Era azul e vermelha e me lembro de que brincamos com ela durante anos até que um dia Tobi a mordeu e ela furou.
Estávamos indo pra casa, e, por mais Sr. Johnson parecesse demonstrar estar bem, ele se sentia mal, ele sempre tentava esconder, mas por alguma motivo ele não conseguia.
Skyhill 10 de maio de 1908 13:17 da tarde.
Chegamos em casa. Melissa e Terry já nos esperavam prontos para irem. Judith iria com a gente para ajudar Sr. Johnson a nós vigiar. Estávamos levando bastante comida porque iríamos fazer um piquenique.
Eles vieram para o carro trazendo as coisas, os dois pareciam muito animados, Terry ainda me ignorava e Melissa parecia um pouco melhor. Todos estavam prontos, e fomos para o campo.
Chegando lá, como de costume, vimos Tobi correndo em nossa direção. Ele parecia alegre, já fazia tempo que nós não o víamos, estava contente como sempre, pulava na gente e lambia como sempre fazia.
Começamos a correr pelo campo e me lembrei da primeira vez em que eu e Terry fomos lá. Fiquei um pouco triste, mas logo a tristeza havia passado. Sr. Johnson e Judith preparam as coisas do piquenique embaixo da grande árvore enquanto nós brincávamos.
- Ei crianças, venham já aqui. – Gritava Sr. Johnson. – Vamos tirar uma foto. (Sr. Johnson)
Saímos correndo em direção a ele. Correr no campo nos deixou bem humorado, era divertido e sempre apostávamos corridas e, mesmo Terry não estando bem comigo, ele sabia que aquilo era uma corrida e não aceitava perder pra mim.
Então estávamos perto da grande árvore, eu, Judith, Terry, Melissa, Sr. Johnson e Tobi. Tiramos uma foto incrível, estávamos todos felizes naquele dia e era uma das últimas lembranças felizes eu tive naquela época.
SkyHill 9 de março de 1914 07:20 da manhã.
Seis longos anos haviam se passado. Com o passar do tempo todos nós mudamos, já nos tornamos outras pessoas crescemos e amadurecemos.
Eu tinha 14 anos, meu cabelo estava mais comprido e aparentemente eu era o mesmo garoto, porém agora eu estava maior, mas me vestia da mesma maneira.
Terry, bem ele tinha 16 anos. Havia crescido. Tinha sardas no rosto, que combinava com sua pele branca. Ele havia cortado seu cabelo dos lados e diminuído em cima. Ele havia se tornado um garoto cheio de personalidade, na escola ele chamava atenção por onde passava.
Melissa estava com 15 anos. Se tornando uma garota linda. Seus lindos cabelos negros continuavam grandes, ela sempre cuidava deles. Ela havia ganhado bastantes curvas, era uma garota bem direita, mas mesmo depois de tanto tempo ela continuava a ser uma garota quieta e praticamente tinha medo de tudo.
Bem, já Sr. Johnson, continuava o mesmo, mas muita coisa havia mudado. Não fisicamente e sim em sua personalidade. Dois anos depois da morte de Samantha, Sr. Johnson havia perdido seu emprego, e aos poucos teve que ir demitindo os funcionários da casa um por um, onde no fim só restaram Judith e Olavo que, por gostarem muito da gente, aceitaram trabalhar segunda, quarta e sexta em troca de um salário menor.
Sr. Johnson começou a sofrer de ansiedade e tomava remédios muito fortes. Aquilo ia mexendo com sua mente, que fez com que ele se tornasse outra pessoa. Ele continuava o mesmo homem doce, mas aconteciam coisas que faziam com que sua personalidade mudasse.
Assim que acordei levantei e me toquei. Naquele dia eu usaria uma blusa branca, bermuda e um sapato marrom. Pra finalizar coloquei uma boina e minha bolsa de lado, e desci para a cozinha.
- Bom dia pessoas. – Eu disse animado. – Passarem bem à noite? (Jason)
Terry fez que sim com a cabeça e voltou a tomar seu café. Eu havia me tornado um menino cheio de vida, eu era mais faladeiro e também era menos tímido agora.
- Não estou muito bem, acho que não vou à aula hoje. (Melissa)
Realmente ela parecia estar mal, então não a perguntei muito. Tomei meu café e sai pra escola, pra mim aquela seria mais uma manhã como as outras que eu acordava, me arrumava, tomava café e ia pra aula, mas não foi bem assim que aconteceu. Levantei-me da cadeira me despedi de Melissa e de Sr. Johnson. Terry saiu de casa logo depois de mim. Fomos juntos pra escola, mas ele não trocou nem uma palavras comigo no caminho da escola.
Faltava meia hora para começar a aula, foi então que percebi que não havia trago meu caderno e resolvi voltar em casa para busca-lo.
Ao chegar a casa, percebi que tudo estava muito quieto, então pensei que Melissa poderia ter ido dormir e Sr. Johnson poderia ter saído. Entrei no meu quarto e ouvi um barulho de choro, quando sai do meu quarto, percebi que a porta que Sr. Johnson havia dito para nunca entramos estava entre aberta.
Por mais que eu não fosse curioso resolvi olhar para ver o que era, porém quando olhei, desejaria nunca ter visto a cena que se passava lá dentro.

A Vida De Jason ReymondOnde histórias criam vida. Descubra agora