Era uma madrugada de outono quando Charles Xavier estava na cozinha conferindo se a dispensa estava bem abastecida para o café da manhã do dia seguinte. Ele tinha pouquíssimos jovens na escola, mas Tempestade e ele procuravam recrutar um novo a cada mês, e independente de quantos jovens alcançavam ele sabia que estavam começando algo grandioso.Pensava muito naqueles que recusavam o seu convite, muitas vezes as famílias negavam e omitiam a incrível habilidade de suas crianças e nem todos eram sensatos o bastante para entender que Charles estava propondo um caminho na luta contra a opressão.
Foi quando um enorme som de batida ecoou pelo saguão. Com um sobressalto, Charles percebeu que alguém batia na porta. Franziu a testa e se direcionou até a entrada, quando tocou na maçaneta, outra batida ressoou e ele abriu a grande porta de mármore.
Uma jovem estava parada na entrada, Charles acendeu a luz do hall e a observou atentamente. Ela tinha cabelos da cor de folhas secas no outono e estavam presos em um coque mal elaborado. Os olhos estavam vermelhos e úmidos, então ele viu que os braços estavam ensanguentados e as roupas sujas de lama.
-Não tenho para onde ir. -Ela disse simplesmente.
Charles abriu completamente a porta e gentilmente a puxou para perto, só então percebeu que ela tinha deixado uma mala ao chão e carregava outra às costas. Ele retirou a mala do chão e a guiou até a cozinha.
-Sente-se. -Ele disse indicando uma das cadeiras e em seguida correu para um dos armários, pegou um kit de primeiros socorros. -Preciso ver os seus machucados.
Ela recolheu os braços como se tivesse levado um choque.
-Não é nada. -Ela respondeu encarando os olhos azuis indignados de Charles.
-Por favor, preciso ver. -Ele disse puxando uma cadeira para sentar ao lado dela.
Já vi muitas coisas diferentes que as pessoas conseguem fazer. Não tenha medo.
O olhar dela percorreu o rosto de Charles com espanto ao perceber a voz dele em sua mente. Ela o encarou incrédula por alguns segundos.
Está tudo bem. Eu sou diferente, como você.
Então ela respirou fundo e esticou os braços.
Charles tocou os braços da jovem e então percebeu que apesar de haver sangue secando em seus braços, não havia cortes. Ele ergueu os olhos para ela e nem foi preciso telepatia para que ela lesse a questão em seus olhos.
-Eu sai de casa, fui embora. -Os lábios tremeram, mas respirou fundo novamente e continuou. -Eu não pude ficar depois que meu pai faleceu. Eu não tinha pra onde ir, soube do seu trabalho e estudos com a genética e achei que poderia tentar contatá-lo. -Ela começou cautelosa, a voz instável era um sussurro trêmulo. -Eu vim andando, foram alguns quilômetros na chuva e na beira da estrada até aqui eu acabei caindo de um barranco.
Ela estremeceu, as roupas estavam encharcadas.
-Estava escuro e eu não conseguia ver direito. Mas meus machucados saram mais rápido do que os das outras pessoas.
Charles desceu os dedos pela pele do braço dela e segurou a mão da jovem.
-Eu sinto muito. -A voz cheia de pesar, o toque protetor. -Pode ficar o tempo que precisar.
Nos olhos dela havia um lampejo de alívio.
-Você aceita instrumentos musicais aqui? - Ela apontou para uma das malas sujas. -Trouxe o meu violino.
Charles sorriu.
-É claro, fique à vontade. -Ele olhou novamente para os braços dela e depois para os seus olhos castanhos. -Esse poder que você possui é muito grande.
-Do que adianta? - Ela suspirou. -Consigo curar as feridas externas, mas o coração continua partido.
Ele afagou as mãos dela e sussurrou de volta:
-Qual é o seu nome?-Melanie. -Ela abaixou a cabeça e enxugou o rosto com a mão livre.
-Melanie, o coração é a parte humana que nunca deixa de ser regenerar. Não do modo genético, você sabe bem. Mas emocionalmente falando, o coração não fica partido pra sempre.
Pela primeira vez ela olhou nos olhos de Charles.
Dois meses depois, ela já havia se instalado permanentemente no instituto. Charles nunca vira alguém com uma mente tão voraz, Melanie lia todos os estudos sobre o gene X. Hank seu jovem pupilo havia encontrado alguém tão interessado quanto ele, o rapaz ficara extremamente entusiasmado quando Melanie concordou em fornecer amostras de sangue para que ele pudesse estudar o processo de regeneração do seu corpo.
Eles não sabiam bem até que ponto a regeneração dela ia, qual era o seu limite. Mas Charles não sabia se teriam tempo para descobrir, ele logo percebeu que ela era um espirito livre. Nada poderia lhe prender, os olhos de Melanie sempre estavam além. Ele sabia que não poderia se deixar apegar.
Todas as manhãs ela ia até a varanda do seu quarto e tocava o violino enquanto via o nascer do sol. Charles já estava acostumado a acordar com a música dela preenchendo o instituto, cada nota casava perfeitamente com as cores que o céu ia ganhando com a luz do amanhecer.
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✔ Scars | X-Men
Fanfiction★ ━━━ INEVITABLE HEROES ━━━ ★ [Concluída] Antes de Jean Grey, outra mutante foi a Fênix. Conheça a história que Charles Xaxier nunca revelou. Charles Xavier x fem.OC x Erik Lehnsherr Capa por @sweetinacai #1 em Magneto (20/06) #3 em Charles Xavier...