O Sonderkommando II

1.9K 254 75
                                    

No outro dia Magneto ofereceu uma xícara de café ao invés de conhaque e Melanie aceitou. Eles estavam na sala de estar, pela janela era possível ver o dia nublado e ela começou a se perguntar em que área da cidade estavam.

-Soube que você conheceu o Professor Xavier. -Ele disse e ela balançou a cabeça concordando. -Eu trabalhei com Charles por alguns meses, mas nossas ideias se mostraram diferentes.

-Diferentes como? -Melanie encheu sua xícara novamente, havia dormido mal e sonhado com vozes e com galáxias. Ia precisar de muito café durante o dia.

-Ele acredita que pode haver paz entre humanos e mutantes e quer cultivar isso com diálogos diplomatas. -Magneto puxou uma cadeira e se sentou próximo à Melanie. Os olhos dele eram intensos. -Eu não tenho tanta paciência para ser pacifista.

-E isso significa que...?

-Significa que eu vou atrás das pessoas que perseguem os mutantes. -Magneto ajustou a gola alta de seu casaco. -Se encontrasse o Dr. Trask gostaria de dialogar com ele e esperar que ele solte os mutantes do seu laboratório de boa vontade?

Melanie sentiu a raiva arrepiando sua pele.
-Eu invadiria o local. -Ela murmurou.

-Foi o que fiz e continuarei fazendo. -Explicou Magneto. -Se você quiser nos acompanhar... Sei que suas habilidades nos ajudaria.

Melanie riu sem humor.

-Não consigo usar minha habilidades em outras pessoas. -Ela colocou a xícara sobre a mesa. -Eu e o Professor tentamos.

-Tentaram com os métodos dele. -Ele se levantou e estendeu a mão para ela. -Os meus são diferentes, Senhorita Levinsky.

Melanie se levantou e apertou a mão de Magneto.

Aquela aliança durou alguns meses. Melanie ficou tempo o bastante para acompanhar Magneto pelo mundo e encontrar outros mutantes. Aprendeu quais eram os gatilhos de sua habilidade e viu Raven partir e deixar.

Mas os sonhos e a voz na mente de Melanie continuava cada noite com mais intensidade e terror.

Moscow, inverno de 1963

Melanie bateu na porta do quarto com força. Estava furiosa e apreensiva. Pelo chamado que Erik fez ao telefone, ele não estava nada bem. A única coisa que tinha dito ao telefone foi:

-Por favor, preciso de você agora. -Disse em um sussurro. -Me encontre no hotel Dursley no subúrbio de Moscou. Venha sozinha, não avise ninguém.

Então ela soube que algo estava errado, Erik nunca dizia "por favor".
Conseguiu encontrar o hotel vinte minutos depois e agora batia na porta do quarto apreensiva. Erik abriu a porta, a puxou para dentro rápido e bruscamente. Logo em seguida trancou a porta.

-O que aconteceu? -Ela indagou, mas sem respondê-la, Erik tirou a camisa e jogou em cima do sofá enquanto se aproximava dele.

Então ela percebeu as duas enormes feridas, uma na barriga e outra no peito do lado esquerdo.

-Mas que diabos... -Resmungou tocando o peito dele.

-Me distraí, conseguiram me acertar. -Ele murmurou franzindo o rosto com a dor. -Já tirei as balas, preciso que você cure as feridas.

Ela franziu a testa e suspirou.

-São profundas, Erik. -Analisou o ferimento da barriga. -Atingiram um órgão seu. Eu acho que...

Erik segurou o pulso dela. -Eu sei que consegue. -Ele murmurou com a voz firme, os olhos cintilaram.

-O que estava fazendo? Poderia ter morrido! -Ela disse tirando as luvas e as jogando pela sala, sentia que sua voz ia aumentando com a raiva. -Quantos ainda vamos ver morrer, Erik? Quantos humanos você ainda vai matar? Isso está errado. -Ela colocou as mãos frias no abdômen dele, a pele de Erik arrepiou com o seu toque.

-Você sabe pelo que tenho lutado. -Ele murmurou, a voz mais fria do que antes.

-Eu sei que não tenho visto resultados. -Sibilou se concentrando, podia sentir as células de Erik vibrar com o seu toque, mas a ferida não estava fechando. Então tentou com o machucado no ombro, mas isso a fazia virar o rosto expondo completamente sua expressão ao olhar dele.

-Está tão insatisfeita. Tem pensado em voltar não é? -Ele sussurrou, o hálito soprando no rosto dela.

-E você me deixaria ir embora? -Ela sussurrou de volta. -Ou iria me machucar como os outros? Como fez com Raven?

Não estava funcionando, diferentemente de Erik, a raiva não era o gatilho para aflorar o seu poder. As feridas dele continuavam a sangrar.

-Eu não posso fazer isso! -Ela gritou em resposta a tudo, frustrada as mãos apertando o peito dele.

Erik passou uma mão pela cintura e a outra pela nuca dela.

-Não vou deixar você ir. -Sussurrou a apertando contra o seu corpo.

Envolveu os lábios dela em um beijo profundo e urgente, entrelaçando a língua dela com a dele assim que sentiu o hálito quente e convidativo. Apertou as mãos no corpo dela sentindo uma sensação de formigamento pelo seu corpo, as mãos dele acariciaram a sua pele fazendo-o sentir como se estivesse sendo queimado.

Em um tumulto de beijos e sensações eles tombaram na cama e quando Erik se ergueu sobre ela, Melanie conseguiu ver que os ferimentos estavam fechando. Estavam se curando.

-Eu... -Ela murmurou sem saber o que falar tocou levemente a pele ao redor do peito dele.

-Você conseguiu. -E um leve sorriso passou rapidamente pelo seu rosto. -Mas ainda não estou curado por completo, preciso de mais uma dose.

Ela sorriu ergueu o corpo para beijar a boca de Erik e os machucados se fecharam por completo.

-Eu não lhe machucaria. -Erik murmurou. -Eu sou melhor com você. -Ele a olhou nos olhos. -Ainda está brava comigo?

-Estou furiosa com você. -Respondeu e Erik sorriu.

-Somos mais fortes juntos. -Erik sussurrou segurando o corpo dela preso ao seu, ela o beijou.

Todos os metais no quarto vibraram. Ele a beijou e fechou os braços em volta da cintura dela, só conseguiu sussurrar o seu nome enquanto os metais do quarto levitaram e desabaram ao chão assim que ele arfou e suspirou sem soltá-la do abraço.

Mais um toque e ele já não sabia nada do tempo, espaço e controle. Erik sabia que ele era intenso como uma tempestade, sempre tão cheio de ira e vingança. Enquanto que ela era sempre sensata e equilibrada, era a sua calmaria. Ele nunca havia dito a ela, mas não podia evitar que à sua maneira se mostrasse encantado com a mutante.

A energia descarregada foi tanta que ambos levaram longos segundos para recuperar a respiração. Ele ergueu a cabeça e recebeu de bom grado o beijo que ela deu em seus lábios e deitou ao lado dela observando o quarto ao redor.

Apesar do cansaço, ele permaneceu acordado. Dificilmente dormia a noite inteira com alguém, não se permitia. Olhou mais uma vez para ela deitada ao seu lado, lembrou-se de como a expressão furiosa em seu rosto também parecera preocupação. Ela odiava que se machucassem. No inicio ele a provocava para intensificar os poderes dela, mas aos poucos passou a compreender porque ela foi tão valiosa para Charles.

Ao se acomodar e mexer-se na cama, ela despertou e encontrou novamente os olhos dele.

-Achei que estava indo embora. -Ela murmurou e em seguida bocejou.

-Não vou a lugar nenhum... -Voltou a prendê-la em seu abraço. -... liebe. -Acrescentou em um sussurro.

Esta noite ele não iria embora.

✔ Scars | X-MenOnde histórias criam vida. Descubra agora