Capítulo IV

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   Ao abrir meus olhos me encontro uma paisagem diferente, ouvia sons de pássaros e de uma corrente de água, parecia que havia um rio por perto, caminho em busca de encontrar alguém, nos meus braços encontrava-se o livro que foi responsável por me trazer aqui, para essa terra desconhecida, não demorou muito para descobrir que estava sendo espionada por animais cujo os olhos me chamaram a atenção logo que os vi escondidos por entre os arbustos 

   - O que foi?! Por que estão fugindo de mim?! - digo encarando eles, os arbustos que se esconderam eram enormes 

   Eles começaram a fazer alguns sons estranhos e logo vieram para cima de mim, começo a correr e gritar desesperada diante de tudo aquilo, eles tentavam a todo custo agarrar minhas canelas para me jogar no chão, e para escapar deles eu tentava a todo o momento correr o mais rápido possível, sentindo meu corpo exaurir com tanto esforço, suando muito e o coração acelerar a cada segundo, minha respiração estava ficando cada vez mais pesada. Agarrei o livro com toda a força possível e tentei subir em uma arvore, porem a ideia deu errado, ali seria meu fim, era isso que vinha em minha mente, morreria nesse planeta inóspito. . . 

P. V. O Alkajar

Caminhando pelos montes onde eu morava, desde que aquela maldita injustiça foi feita contra mim tive que me contentar com essa vida que levo, mas queria mudar de vida, era necessário mudar, mas a partir de hoje minha vida será outra.

   Vi uma coisa extraordinária no céu, uma luz rasgou aquele horizonte indo rumo ao chão, parecia um asteroide, mas logo lembrei o que era quando veio a minha mente a maldita noite em que cheguei aqui, pulei sobre as águas e comecei a surfar nelas em direção ao local onde o misterioso objeto caiu.

   Eu me aproximo e noto que não era um objeto e sim uma mulher, a observo de longe, ela procura por ajuda, totalmente atordoada sem entender nada, buscando por sinal de vida, logo ela vê os olhos dos Sylga (criaturas que são felinas, grandes de cores variadas podendo ser bicolores ou tricolores, eles tem 0,95cm, com dentes muito afiados capazes de quebrar os ossos mais resistentes, fora as asas gigantes que esses animais grotescos possuem e para completar o medonho visual eles possuíam chifres)

   Eram exatos quatro pares de olhos que a observavam atentos a cada movimento dela, até que na tentativa de pegar um deles dois correram dispersados em várias posições e logo começaram o ataque, ela seria morta se não conseguisse se esconder, logo trarei de entrar no meio.

   Puxei uma grande quantia de água pra minha direção, meus braços se transfiguraram para a forma de dois chicotes de água, logo lancei eles contra aquelas criaturas que vieram ferozes em minha direção, continuei a girar os dois chicotes e atacando os animais. Não demorou muito para um deles conseguir me derrubar, ela pulou por cima do animal, o jogando contra uma árvore, saiu grunhindo pouco depois. Outro animal a feriu no braço, e nas pernas, a puxei para perto de mim

   — Sei que não há motivos pra isso, mas eu preciso que confie - digo segurando-a na cintura

   — Não me resta escolha - revira os olhos e cruza os braços em sinal de protesto

   Corro o mais rápido possível dali, me lançando em direção ao rio, ela grita e se sacode desesperadamente sem entender nem um pouco que eu a queria salvar de tudo aquilo, assim que chegamos perto do rio dou um grande salto e com a mão esquerda (a única livre) crio uma espécie de prancha aquática na qual surfamos velozes em direção ao outro lado do rio.

   No caminho vemos muitas criaturas se mexer nas águas do rio, seres disformes e estranhos, eu conheço grande parte dos monstros dessas águas. A moça estava assustada com tudo, eles pulavam em nossa direção, estavam dispostos a derrubar-nos na água, puxei novamente a moça pra perto de mim, fiz o rio mesmo se tornar uma armadilha pra eles, congelando parte da água e lançando espinhos de gelo contra eles

   — O que eles são?

   — Piranhas Negras, são criaturas carnívoras que vivem nesse rio desde quando ele nasceu

    — Pra onde está me levando - grita assim que o som das águas batendo na prancha aumenta ainda mais as altíssimas velocidades que comecei a ganhar aproveitando a correnteza

   — Só quero te deixar a salvo só isso

   Ela nada disse, apenas segurou-se em meus braços tentando se manter o mais segura possível, não demorou muito para vermos outras criaturas, elas pareciam humanos, porém tinham a pele levemente azulada.

   — Olha só - faz uma breve pausa — Seres iguais a nós - ela colocou os pés perto da água

   Mas a puxei, não permiti que fosse para lá, mostrei a ela o rosto deles se transformando e os olhos famintos por sangue

   — Essas criaturas são monstros perigosos demais - ao dizer isso vejo em seu olhar o medo tomar conta dela

   Ela me encarou tentando encontrar em mim algo que a acalmasse, lancei um olhar sereno para ela.

   — Pra onde vamos?

   — Vamos para a vila onde cresci - não demorou muito para nós dois começarmos ir mais rápido para conseguirmos fugir daquelas criaturas aquáticas

   Não demorou muito para finalmente chegarmos a borda do rio onde eu fui criado, alguma casas se agrupavam perto do rio, até que sempre admirei essa arquitetura da vila onde cresci. . .

P. V. O. Micaele

   O local era belíssimo, as casas de madeira clara tudo feito de uma maneira que deixava o ar jovem a vila, mesmo sendo muito mais velha do que parecia, as pessoas lançaram olhares curiosos e sussurros entre si quando me viram entrando com o homem que me salvou.

   — Alkajar é um prazer rever você em nossa cidade - finalmente soube o nome dele, se tornou uma palavra nova pra mim

   — É sempre um prazer voltar a minha casa - seu tom saiu amigável todos o encaravam com grande admiração.

   — Qual o nome dessa bela garota? - um anão ruivo se aproxima de mim, ele era gordinho e as barbas dele eram enormes

   — Micaele - respondo gentilmente, logo acaricio os cabelos dele, bagunçando eles, o anão parecia ter ficado com raiva, mas quando me olho pra cima viu o meu olhar doce e carismático logo mudou de ideia

   — Você parece simpática demais e muito bela

   Todos pareciam empolgados com minha chegada e isso despertou uma grande curiosidade em mim. Porém mesmo diante de toda aquela festa eu notei que havia alguém insatisfeito, tentei me aproximar dessa pessoa, ele estava isolado de todo o resto, era um jovem elfo de cabelos claros, usava uma espécie de chapéu grande e nos encaramos por breves momentos, quando sentir o impulso de ir até ele fui impedida.

   — Algum problema? - Alkajar me diz encarando alegremente

   — Nenhum - pouco depois de dizer isso percebo que ele apenas lança um olhar de onde o homem estava

   O homem abaixou a cabeça e logo saiu dali, preferi continuar o caminho até o centro da cidade onde seria feito a festa de comemoração ao retorno de Alkajar, por todos os lados o que mais se via eram pessoas comemorando batendo palmas. . .

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