Capítulo Oito

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Caminho apressadamente tentando me equilibrar sobre os saltos que normalmente uso quando participo de alguma reunião importante na empresa

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Caminho apressadamente tentando me equilibrar sobre os saltos que normalmente uso quando participo de alguma reunião importante na empresa. Me sinto mais profissional quando a saia lápis está acompanhada de uma blusa de botão — normalmente de cetim, tenho de várias cores e Cecilia diz que são minhas fardas — e os temidos scarpins.

Eu só queria que alguém me explicasse quem decidiu que esse sapato é o ideal para uma "executiva"? Não nego que fico mais elegante, mesmo assim meus dedinhos clamam por liberdade. Normalmente no trabalho uso peças mais confortáveis, passo horas sentada e ficar toda apertada não faz bem ao meu cérebro.

Assim que a reunião terminou, Alex me lembrou que eu havia prometido lhe acompanhar em um evento, como ele representa Ramon, precisa participar desse tipo de coisa e algumas vezes e vou junto. Ele é sempre muito divertido e me deixa bem à vontade, em alguns momentos depois da festa damos "uns amassos" no carro, mas não passa disso, não minto para ele, Alex sabe dos meus — confusos — sentimentos.

Agora preciso de um vestido, não tenho nada apropriado uma vez que o jantar é de gala e por isso preciso de algo bem elegante. Respondo mais uma mensagem e jogo o celular dentro da bolsa. Estanco assim que vejo quem está parado na minha frente. Usando jeans, uma camisa azul-escuro e jaqueta de couro, Santiago me encara também parado a poucos metros de onde estou.

Mas o que me chama a atenção é quem está a seu lado. Estou confusa, todos os sentimentos parecem brigar dentro de mim, ele parece se recuperar do susto inicial desse súbito encontro, sorri para a pessoa que segura sua mão e caminha em minha direção. Solto o ar que prendia sem me dar conta quando ele me cumprimenta.

— Olá Samantha — sua voz baixa e profunda foi o suficiente para deixarem as pernas bambas.

— Santiago — mantenho a postura austera, encaro o ser ao seu lado que me direciona um olhar curioso, mas também algo a mais que não sei dizer —seu sobrinho?

O menino que aparenta ter em torno dos cinco ou seis anos aperta a mão do homem ao seu lado e se encolhe um pouco. Sinto coisas estranhas ao encarar seu olhar assustado, uma vontade de por ele no colo e não sei de onde surgiu esse sentimento.

— Não — seu tom é firme, me fazendo voltar a encará-lo — ele é meu filho — estou surpresa e Santiago continua sério — foi por ele que passei seis meses fora.

Não consigo reagir, nada faz sentido agora, ao contrário, tudo parece ainda mais confuso. O menino é a cara dele, os olhos castanhos profundos que mesmo escondido atrás da armação azul dos óculos que usa, não nega o parentesco, o cabelo um pouco comprido também é parecido com o de Santiago. Mas ninguém nunca falou nada sobre ele ter um filho. Fico parada tentado assimilar suas palavras, em algum momento elas vão começar a fazer sentido, sou superinteligente, não é?

"Kryptonita queridinha", pequena Sam me lembra, que Santiago tem o poder de me deixar incapacitada mentalmente.

— Samantha, esse é Bernardo meu filho — meu olhar deixa Santiago e volta ao rosto infantil — filho, essa é Samantha minha... é, uma amiga do papai.

Samantha - Livro 2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora