Dois meses se passaram desde que voltei do Havaí e muita coisa aconteceu. Lara estava realmente grávida e eu ainda custava em acreditar, seus 5 meses de gestação faziam com que sua barriga, mesmo que pequena, já fosse visível.
Eu evitava de todas as formas o contato com Lara. Aquela situação já estava se tornando insuportável, mas eu não poderia fugir da minha responsabilidade. A história do bebê havia me afetado. Sobre o casamento, para reverter há o divórcio e sobre um filho? Uma criança fruto de uma noite de displicência e sem amor.
Eu me preocupava, nunca pensei em ser pai, mas agora que aconteceu quero que meu filho tenha tudo do melhor. Quero que ele tenha o melhor pai e já tenho me esforçado para ser essa figura, mesmo não tendo o melhor exemplo para me espelhar e também quero que tenha a melhor mãe, coisa que eu sei que Lara não será, já que ela sempre fez questão de deixar claro que nunca suportou crianças.
Sei que é preciso ter paciência com os hormônios da gravidez, mas pelos deuses, a Lara estava insuportável. Desde que voltei ela só sabia reclamar. Reclamar dos enjoos, da pele, das roupas que não lhe cabem, do corpo perfeito que estava perdendo, do trabalho que ela não se sentia mais confortável em fazer pois já estava um pouco mais acima do peso, da alimentação que ela teve que mudar para não terminar a gestação fora do padrão estético das modelos, de absolutamente tudo.
Enquanto ela vivia a reclamar eu só conseguia pensar na pobre criança que viria para o mundo através de uma mãe tão fútil e desnaturada.
O meu tempo havia se esgotado. Não achamos quem estava desviando o dinheiro, as contas da empresa apresentava cada dia um déficit maior e eu estava encurralado. Os preparativos do casamento já estavam nos detalhes finais. Já haviam se passado os cinco meses desde o noivado e o tão aterrorizante dia estava cada vez mais próximo.
Eu tinha apenas uma semana de solteiro. Exatamente sete dias, contados. Isso rodava na minha cabeça sem parar e eu não consegui pensar em como seria a minha vida ao lado daquela mulher. Estava prestes a entrar em reunião e minha mente estava em uma completa turbulência.
Assim que voltei do Havaí, fiz questão de revelar aquela foto, a foto mais linda que já havia tirado na vida, a foto da minha sereia misteriosa. Depois daquele estranho episódio do aeroporto eu nunca mais a vi. Estranho seria se eu a encontrasse por aqui, em Milão, ela não estava com cara de quem passava as férias, parecia que residia ali, no paraíso.
Não posso dizer que me apaixonei, mas posso afirmar que não consegui mais esquecer seus olhos profundos e intensos. Fico me perguntando se ela está bem, se quem quer que seja que estava a importunando naquele dia já a deixou em paz e principalmente, quem ela é.
Pedi ao meu melhor amigo, o Théo para tentar achar algo sobre ela. Ele era ótimo com tecnologias, rede sociais e essas coisas, mas nunca havia visto a garota e eu nem se quer sabia o seu nome. Acabou não dando em nada.
- Senhor, licença. - Luísa, minha secretária, falou entrando na minha sala. - Todos já estão aguardando na sala de reuniões.
- Ok. - Respondi ainda distante. - Já estou a caminho.
Luísa saiu e fechou a porta. Peguei meu paletó e coloquei sobre meu corpo, arrumei meus papeis dentro da mala e segui para a reunião.
- Boa tarde senhores. - Falei adentrando a sala.
A reunião seguiu de forma pacata e nela resolvemos partes do problema. Consegui novos investidores e novas marcas para movimentar os novos desfiles da agência, desfiles esses que, pelos cálculos do pessoal do financeiro, iriam tirar nossa empresa do vermelho. Isso não resolveria o nosso problema, mas já nos ajudaria a ter mais tempo.
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Elysée
RandomEla é diferente de tudo o que já vi e conheci. O que ela significa para mim? Renascimento. Ela é o meu escape. Não que seja a segunda opção, ela é a primeira e única. Ela é meu anjo da guarda. Seus olhos, são os melhores remédios que eu poderia to...