Elysée
Acordei e me sentia nova, nem parecia que eu havia passado por tanta coisa, nem parecia que eu estava ferida. Assim que abrir os olhos, procurei verificar se realmente estava em um local seguro. Verifiquei por todo o quarto se havia alguma câmera escondida, um gravador ou qualquer coisa do tipo, quando percebi que estava tudo limpo, saí de fininho pelo corredor e comecei a fazer o mesmo com o resto da casa. Era um ambiente bem acolhedor e luxuoso, o meu salvador não era um pobre coitado que nem eu. Tudo era muito requintado e organizado.
Olhei cada cômodo, até que cheguei a porta do quarto do meu salvador. Abri delicadamente a fechadura e espiei pela brecha da porta. Ele dormia tranquilamente, ele era tão bonito, até mesmo dormindo e estava enrolado em lençóis tão alvos que o dava a aparência de um deus. Pensei em entrar e vasculhar o seu quarto, mas não queria incomoda-lo.
Depois de verificar toda a casa e perceber que eu estava segura, voltei para o quarto que acordei e fui ao banheiro, eu precisava tomar um belo de um banho. Liguei o chuveiro quente, olhei nas prateleiras e vi diversos produtos como óleos de banho e sabonetes líquidos, escolhi um com fragrância suave e embarquei em uma coisa que eu não fazia há muito tempo, um banho quente com produtos de qualidade.
Ao terminar o banho, saí enrolada na toalha e fiquei a pensar em como faria para me vestir, já que estava com roupa de hospital e a minha roupa estava suja de sangue e perfurada pelo tiro. Enquanto pensava, olhei ao lado da cama e vi uma camisa dobrada e limpa junto com um par de pantufas masculinas e enormes, que deduzi que seriam de Nicholas, então resolvi usar.
A fome já estava e maltratando e o meu anfitrião não acordava, resolvi então providenciar ato para comer e também, fazer como um ato de gentileza a tudo que ele fez para salvar a minha vida. Fui até a cozinha e comecei a procurar as coisas, até que fui encontrando e dando andamento ao café. Quando estava quase tudo pronto ouvi o interfone tocar e fui atender com medo de ser alguém querendo me fazer mal, mas também pensei que os capangas daquele desgraçado não avisariam se chegasse.
- Alô? - Atendi apreensiva.
- Olá, bom dia, senhora! - Falou o porteiro sendo bem gentil. - O senhor Caio, está aqui na portaria querendo ver o senhor Nicholas, posso deixa-lo subir?
Quem era eu para autorizar alguém na entrada de um prédio que eu nem se quer residia? Pensei no que responder, porque na hora travei, como saberia se podia ou não liberar esse caio? Parei, respirei fundo, até que lembrei do nome. Caio. Pensei comigo mesmo, era esse o nome do médico que me operou e que Nicholas disse ser seu primo, era o meu outro salvador.
- Sim. - Respondi assim que a ficha caiu. - Pode deixa-lo subir.
Depois de ter autorizado fiquei preocupada que essa pessoa que estava se identificando na portaria não fosse o meu médico e sim um dos capangas que vivem me perseguindo, esperei aflita, até que Caio chegou e realmente era ele.
Pedi a ele para entrar e o ofereci um café, falamos do meu quadro de saúde, ele me explicou o que aconteceu, como foi que cuidou de mim, os remédios que eu precisava tomar por enquanto para que a recuperação continuasse sendo rápida e depois de um tempo já estávamos falando dele e de Nicholas, de quanto eram próximos e como foi maravilhosa a infância dos dois juntos.
Depois de um tempo, Nicholas acordou e percebi um pouco de fúria nele ao me ver conversando tão empolgada com Caio, porém aos poucos ele foi se tranquilizando e seguimos com o café. Ao terminar de nos alimentar, Caio me aplicou a injeção e foi embora e Nicholas foi se organizar para ir trabalhar, enquanto eu fiquei sentada no sofá da grande sala assistindo o jornal e pensando no que eu iria fazer da minha vida e o mais importante de tudo, para onde eu iria agora, pois o dono da casa iria sair e eu jamais ficaria na casa dele sem ser chamada. Ele já fez um favor enorme em salvar minha vida, não precisa carregar o fardo para o resto da eternidade.
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Elysée
SonstigesEla é diferente de tudo o que já vi e conheci. O que ela significa para mim? Renascimento. Ela é o meu escape. Não que seja a segunda opção, ela é a primeira e única. Ela é meu anjo da guarda. Seus olhos, são os melhores remédios que eu poderia to...