Acordo cedo na manhã do primeiro dia de aula. Me arrumei e fui pra cozinha. Minha mãe já estava preparando café da manhã, eu sorrio e dou um beijo na bochecha dela.
Olhando pra ela naquela manhã de uma segunda-feira nublada, percebi o quanto eu tenho sorte. Nunca tivemos a casa mais cara os coisas do tipo. Mas sempre tivemos uma a outra, Quando meu pai foi embora e eu não sabia o que tava acontecendo e a vi chorando enquanto chovia, percebi que ela precisaria de mim, e eu tinha que tá forte pra poder ser seu apoio.
Eu tenho 19 anos e nunca namorei significamente, claro que tive alguns namorados ao longos dos anos mas nada muito importante e que envolvesse sentimentos reais, sempre foi apenas atração física e tudo com os dias contados. Nunca tive um grande amor, e sempre achei que tinha algo de errado comigo por isso. Mas não tem nada de errado em não colocar "ter um namorado" no topo da lista de coisas importantes. E aliás o amor da sua vida não precisa está necessariamente em um relacionamento amoroso e cunjugal, mas pode está em seu amor pelo trabalho, pela sua família ou seus amigos. Ninguém pode definir onde seu amor pode se encontrar e se concretizar; só você.
Muita gente se prende na idéia de um relacionamento utópico e esquece de viver de verdade. Eu não estou a procura de um namorado, porque você não precisa procurar uma coisa que vai acontecer sem você medir esforços. Deixei tudo na mão do universo, e o que tiver de ser, será.
- Nervosa? - minha mãe me perguntq e eu me perdi de todos os meus pensamentos
- Um pouco - sorrio nervosa - Mas isso sempre foi o nosso sonho, então tudo vai sair bem. - eu espero.
ela sorri beija minha testa, logo depois coloco a mochila na costa e dou tchau pra ela.
Como a faculdade não fica muito longe de casa, fui de bicicleta mesmo, espero que Noah e Diana não se atrasem. Conheci eles dois quando estava fazendo a 4° série do fundamental, desde ai nunca nos separamos.
Coloquei o cadeado na bicicleta e esperei por Noah e Diana, enquanto esperava vi muitas pessoas diferentes, e todas elas vivem em grupo como as formigas. Emos, patricinhas e até mesmo caras do time de futebol.
Não sabia que em faculdade tinha time de futebol, pensei que toda essa besteira tinha ficado no ensino médio mas parece que vou ter que aguentar isso por mais 6 anos.
Enquanto pensava em quanto os caras do time de futebol do meu ensino médio eram babacas e fediam, vi ele.
Ele tinha cabelos pretos grandes, e olhos cor de mel. Usava uma jaqueta de couro e jeans rasgados, ele saiu de um carro estremamente caro. (Eu e minha bicicleta nos retiramos). Logo depois varias pessoas chegaram perto dele pra conversar, ele deve ser mais um babaca do time de futebol que é burro e só entrou na faculdade porque é rico.
- Andrew Jensen, faz o mesmo curso que a gente. - Noah me pegou encarando ele - ao lado dele é Jéssica, minha futura namorada.
- Sonhar faz bom pra alma.. mas cadê a Diana? - faltam apenas vinte minutos pra nossa primeira aula -ela já deve está chegando.- Ele fala sem fazer muito caso voltando a atenção pelo grupo de pessoas um pouco longe da gente.
Olho também na direção deles, o cara de olhos claros olha na minha direção e eu cruzo os braços. Acho que ele pensou que eu ia desviar o olhar mas eu continuei olhando, e ele também.
Diana chegou segundos depois, o que me faz finalmente parar de olhar pra ele vamos procurar nossa sala que vai ter a primeira aula.
Sentamos na fileira do meio da sala, logo depois a sala encheu. Nossa primeira aula era de anatomia, e mesmo eu gostando um pouco disso tudo fiquei com medo de vomitar e passar vergonha. Andrew entrou logo depois. Se ele é veterano, porque tá assistindo aula aqui?
- Porque tem veteranos aqui? - Diana pergunta e eu dou de ombros - Tem algumas aulas que todas as turmas de medicina se juntam, e a direção disse que querem que os calouros se sintam a vontade, então meio que chamou os veteranos pra "darem as boas vindas". - Noah susurra fazendo aspas com os dedos
O professor entrou e pediu pra todo mundo se levantar e se apresentar. Não importa quanto tempo passe eu sempre vou ficar super nervosa em fazer isso.
Quando chegou a minha vez, eu levantei e virei pra sala - Meu nome é Dakota. - digo e dou um sorriso forçado sem mostrar os dentes.
Quando eu ia sentando o professor me interrompe - E? Conte para nós os seus sonhos. - A essa hora do campeonato minha mão tava suando e minhas pernas tremendo.
Meus olhos encontraram o do Andrew, dessa vez eu olhei pra baixo.
- m-meu sonho é conhecer o oceano. - Andrew riu, e que sorriso lindo por sinal.
Eu sento e seco minhas mãos no meu jeans. Logo depois foi a vez dos veteranos se apresentarem e dizerem seus sonhos. Uma coisa que achei totalmente desnecessária de se dizer para pessoas que você nunca trocaria um "oi".
Quando chegou a vez de Andrew, me viro pra olhar ele falar. - Meu nome é Andrew Jensen, sou veterano e jogo futebol. Meu sonho é fazer algo significativo pro mundo, quero todos saibam oque fiz, e que todos saibam meu nome mesmo depois de décadas da minha morte. Quero fazer algo grandioso pro avanço da medicina.
Eu rio, porque aquilo é ridículo. Ele só quer ser famoso, acho que ele tem medo que todos esqueçam dele.
O professor me olhou e perguntou se eu queria acrescentar algo. Olhei pro Andrew e comecei a falar antes mesmo de pensar duas vezes.
- Ser esquecido é inevitável, mesmo que você faça algo grandioso pro mundo como criar a cura pro câncer, daqui a 10 anos outra pessoa vai criar um jeito de vivermos 200 anos, e seu legado vai ser minúsculo em comparação. Outras pessoas também estávamos onde estamos hoje, mas ninguém sabe o nome delas porque ser esquecido é inevitável. Não lembramos de pessoas que salvaram milhares de vidas a 200 anos e que pensaram qu seriam lembradas e ganharia uma estátua em seu nome, assim como daqui a 3 séculos ninguém vai lembrar da nossa existência. E tudo bem. Por que a vida é um ciclo, nascimento, vida e morte. Você só precisa decidir oque quer fazer nesse tempo, e quão produtivo você quer que ele seja. - ele olhou pra mim e sorriu, não foi um sorriso irônico, foi um sorriso de verdade me fazendo sentir um pouco curiosa sobre ele. Aliás, quem é ele?
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The Ocean
RomancePara o menino que sobreviveu, obrigada por me inspirar a ser a garota que resistiu. Você tem um raio na testa para mostrar isso, e meu corpo inteiro é uma tempestade. - Amanda Lovelace.