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— O que você quer? — cruzo os braços e ele dá dois passou em minha direção, tento me afastar mas sou impedida pela parede do elevador. Ele fica próximo demais fazendo nossa diferença de tamanho ser mais que visível.

— Sinto que tenho uma dívida com você. Então vamos fazer um acordo.

— Acordo?

— Fiquei sabendo que você vai fazer parte junto com o colégio, de uma campanha pra arrecadar dinheiro pra um hospital — pausa — E me sinto muito mal em dizer isso, mas vai ser um fracasso. Você é péssima em dar festas, e o que você e seus mauricinhos tem a oferecer pra nós? — acho que ele tá se referindo a Peter.

— Muita coisa. Levando em conta que você costuma falar sobre mim com os outros..

— O assunto veio. — ele tenta se justificar e eu apenas solto uma risada sarcástica que o deixa mais bravo ainda.

— Posso fingir namorar você, isso vai fazer você ficar popular.. e quando a questão é popularidade, eu posso dizer para todos pular de um penhasco, se oferecer algo que os ajude a evoluir socialmente mais tarde e principalmente se isso significa que seram meus amigos.

— Sério mesmo que você tá dizendo isso?

— O que? — sorri — Só estou tentando ajudar amor, e retribuindo o favor. apenas isso. Não gosto de sentir que estou em dívida com alguém e também ficarei muito feliz se você não contasse o que aconteceu pra ninguém. — ele passa a mão no cabelo e sorri logo em seguida. — Não precisa dar a resposta agora, tem até hoje a noite na fogueira.- A porta do elevador abre, ele me lança uma piscadinha e saí logo em seguida.

Apesar de ele ter me dado um bom tempo para pensar, eu acho que já tinha minha decisão. Porém deixei ele ir embora pra não parecer desesperada. Pode até ser divertido ter um namorado de mentira por algum tempo, mesmo que esse tempo seja curto. Além disso é por uma boa causa. Não quero pensar no fato de minha dignidade estar no fundo do poço depois disso. É horrível concordar com ele, mas Andrew está certo quando diz que a popularidade dele pode me ajudar a arrecadar todo o dinheiro pro hospital.

Eu namorei um cara por uns meses ano passado. Ele usa(va) o melhor perfume que eu já vi na minha vida. Ele tinha um sorriso lindo, e era completamente gentil. Mas chegou um tempo que nem eu conhecia a mim mesma e minha ansiedade tava me matando. Eu não o amava. Não poderia ficar iludindo seus sentimentos por tanto tempo. Então disse que eu precisava ficar sozinha a partir daquele momento. Ele não entendeu e ficou com raiva, me xingou e hoje em dia nem sei como ele está. Não o culpo, eu fui uma imbecil.

Eu acho que as pessoas mostram o que são verdadeiramente quando as coisas ficam difíceis.

Volto pro quarto, tomo um banho gelado e por um segundo, penso em meu pai. Ele abandonou minha mãe e eu, com milhares de dívidas mas não consigo odiar ele de fato. Ainda quero ouvir sua explicação, e quero ver minha mãe feliz de novo. Mas isso é mais delicado do que parece, por que mais que eu o ame muito e queria ele de volta, nunca conseguia perdoar toda a dor que causou a mim e minha mãe. O lance dos pais é que as vezes eles conseguem ser tão problemáticos quanto os filhos.

Não sei se ele voltou pro Japão, se morreu ou ainda mora no país. E por mais que eu tentei não pensar nele tanto, eu não consigo deixar de me importar.

Saio do transe quando taylor entra secando o cabelo na pia.

— Hey! Está ocupado.

Ela parece não se importar com o que eu digo, aumentando a velocidade do secador pra não ouvir minha voz.

suspiro.

Me enrolo numa tolha e saio do banheiro.

Hoje vamos todos fazer uma fogueira numa mata próxima, e beber ao redor dela. Eu vou por vontade própria dessa vez, preciso me divertir um pouco.

The OceanOnde histórias criam vida. Descubra agora