Capítulo 7 - Palavra ao vento

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Alguns dias se passaram e Mateus havia deixado a cidade do rei e novamente caminhava como andarilho, o príncipe havia liberto todos os patrem de seu cárcere e agora renovava as esperanças das pessoas deixando os livres para escolher seu deus ou deuses sem o risco de morte, ele falou a todos de sua escolha pelo Deus único e os convidou a conhecer suas palavras. O rei foi preso e condenado por suas atrocidades, em sua cela falava sozinho e choramingava, tentava sem conseguir afastar muitos dos espíritos que ele havia tirado a vida enquanto rei.

- Para onde devo ir agora?

- Não escutas o vento lhe dizer?

- Não pode me falar sem enigmas?

- Pois vos tendes a achar que tudo são enigmas, porém, não percebes o que és tão simples. Vou lhe perguntar de novo, não escutas o vento?

Mateus fechou os olhos e aguçou os ouvidos. Uma leve brisa tocou-lhe o lado direito da face, mas nada ele ouviu. Ele ia resmungar, mas o espirito amigo desapareceu quando um grupo se aproximou.

Como posso escutar o vento? Pensava Mateus...

- Desculpe senhor, eu e minha família estamos tentando chegar a cidade de Nelis, sabe apontar para onde fica?

Mateus conhecia a cidade, havia feito muitas entregas enquanto trabalhava para o senhor Régis, uma nostalgia o abateu. Ele olhou para onde o sol nascia e apontou para o outro lado, ao virar sentiu o vento mais forte bater em seu rosto e com ele um longo assovio.

- Siga nessa direção senhor, e encontrara o que procura.

- Muito obrigado.

A família se afastou e Mateus percebeu o quanto foi tolo. O vento lhe falava a todo momento ele que não o escutava.

- Perdoa a minha pouca fé senhor.

Ele se virou e foi na direção do vento. Enquanto caminhava lia o livro do pai pela milésima vez, as palavras cada vez mais faziam sentido.

- Mateus.

- Quem me chama?

- Um amigo que pede seu auxilio.

- Em que posso ajudar?

- Daqui de onde está, andando mais três dias há uma mulher que precisa ouvir a palavra.

- E ela não te ouves?

- Está surda, tem ouvidos, mas não ouve, tem olhos, mas não enxerga.

- E quem és tu para ela?

- Sou seu anjo protetor, a mim foi dado seu nome.

- Quem deu meu nome para ti?

- Seu nome corre pelo vento, assim como a tua história. Aquele que te ajudou um dia agora também precisa da tua ajuda, vá, siga o que o vento te fala e no momento da verdade explana o nome do pai e ele não negara o teu pedido.

A voz se calou e o vento soprou mais forte, nuvens escuras começaram a se formar no céu e Mateus correu para se abrigar.

Nada que o homem deseja lhe será dado, porem tudo aquilo que ele necessita nunca o faltara. Assim está escrito no livro do pai.

Naquela noite uma forte tempestade lavou todo o caminho que ele percorreria até seu destino, ele não acordou bem, sentiu frio a noite toda. Ainda estava com as vestes molhadas quando começou a caminhar, a lama e as poças de água pareciam o irritar, o que ele não sabia é que a tempestade liberou-lhe o caminho de todo o mal que poderia o abater em seu trajeto.

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