Capítulo 13 - A jornada de cada um

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- Não há nada aqui, faz dias que ando sobe esse sol forte, não entendo o que tenho que fazer.

Nenhuma resposta e assim foi por um longo tempo.

Mateus estava magro e sua pele ressecada, as provisões que carregava consigo acabaram dois dias atrás, sua boca seca pedia por água. Ele parou e abriu o livro, sua vista embaralhava as palavras e não conseguiu ler. Meditou em pensamento e depois falou em voz alta todo conteúdo de uma das páginas, já havia decorado o livro.

- Senhor caminho como me pedes e ainda não sei para onde ir, guia me com tua sabedoria e me leva para onde sou útil.

Era areia por todo lado, nenhuma sombra para descansar. Mateus andava em passos curtos, suas forças estavam sumindo e cada vez se sentia mas solitário.

- Queres descansar?

- Quem fala comigo?

- Sou um anjo, enviado para dar-lhe o descanso que mereces por todo seu trabalho. Agora pare e descanse, agua e sombra prepararei para você.

- Nunca em meu caminho foi me dado mas do que precisei, porque tamanha facilidade agora?

- Tu es Mateus o grande, todos conhecem seu nome e teu poder.

- Te enganas se acha que sou grande, sou tão pequeno quanto o menor grão que nem mesmo os olhos enxergam, tudo que foi feito é pelo poder do pai.

- Não sejas bobo e aceite o elogio. Eu vi tudo que já fez e que ainda fará. Então chega dessa jornada, ou melhor, nessa caminhada ao sol. Descansa em minha sombra e bebe da minha água, retorna pelo caminho que veio e tudo que quiseres lhe ofereço.

- Foi me ordenado seguir por esse caminho, se tu é um anjo sabes disso.

- É claro que sei, mas não acha que já chega? Volte e fique com sua amada ela também lhe sente falta.

Uma imagem de Caulifa apareceu como uma miragem a frente de Mateus, ele tentou abraçá-la, mas ela sumiu em seguida.

- Ela não está aqui, mas se voltar por onde veio ela estará lá te esperando, o que acha?

Mateus olhou para trás e nem mesmo podia ver o caminho que percorreu, era só uma nuvem de poeira do deserto para todo lado. Mateus voltou a olhar para frente e ia andar quando o espirito lhe tomou a dianteira.

- Vejo o quão está cansado, porque não pensa no assunto, veja logo ali uma arvore com uma sombra e uma pequena nascente, precisara desviar apenas um pouco do caminho, não fara diferença, o que acha?

- Acho que devo seguir meu caminho como me foi dito.

- Eu não queria lhe dizer mas se não voltares agora tua amada cairá nos braços de outro.

Uma imagem de Caulifa sendo cortejada por outro passava na mente de Mateus que ficou nervoso.

- Sabes que ninguém pode esperar para sempre, volte agora e ela ainda será sua. Esse seu caminho nunca terminara enquanto seguir o que está escrito. Deixe isso de lado e volte comigo e tudo que quiser será teu.

Mateus olhou para frente e nada enxergava, olhou para trás e como milagre as portas da cidade Caulifa o aguardava, até mesmo o perfume dela ele pode sentir, o ar fresco e o cheiro de comida. Ele deu um passo para trás em direção a imagem quando sentiu um toque em seu ombro.

- Chokmah (sabedoria).

- Sabes o teu caminho, porque ainda dúvidas de tuas escolhas.

- Não aguento mais, minha barriga, meus pés tudo dói, a dias não como e não bebo, nem mesmo sei para onde vou. Os espíritos não falam comigo, aquele que devia ser meu guia me abandonou, só me resta voltar.

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