O livro do Pai

Capítulo 8 - Nada é por acaso

As mãos de Mateus tremiam e ele se sentiu tonto, guardou o livro na parte de dentro da roupa junto ao peito, deu dois passos e caiu desmaiado. A jovem saiu da loja e o encontrou caído, mesmo com dificuldade o arrastou para dentro e o levou para os fundos onde havia um cômodo com vários tecidos. Mateus estava queimando em febre e ela se apiedou dele, tirou-lhe a roupa ainda húmida no corpo o lavou e o tratou o melhor que pode. Mateus falava enquanto dormia e ela não entendia uma palavra do que ele dizia, nunca havia escutado tal idioma antes. Dois dias se passaram e ele começou a melhorar, ela havia achado o livro do pai escondido na roupa de Mateus e nesses dois dias o havia lido completamente. Lentamente Mateus abriu os olhos e ela o velava sentada em uma cadeira com o livro do pai nas mãos.

- Enfim acordou.

Mateus tentou levantar mais estava fraco e um pouco tonto.

- Quem es tu?

- Não é educado correr ao ver uma mulher, nem mesmo perguntar-lhe o nome antes de dizer o seu próprio.

- Mateus, meu nome é Mateus. O que aconteceu?

- Você deve ter ficado com essa roupa molhada e exposto ao tempo, quando te encontrei caído estava queimando em febre e delirante.

- Peço desculpas pelo trabalho que lhe dei.

Mateus se levantou e o pano que o cobria caiu, só então percebeu que estava nu. Sua cara ficou vermelha de vergonha enquanto tranquilamente ela levantou e pegou alguns panos que havia separado.

- Tome eu fiz para você enquanto dormia, e não se preocupe, já peguei o dinheiro para o pagamento que estava nas suas roupas velhas, ele será suficiente pela roupa e remédios que usei em você.

Ele se vestiu e ela trouxe um prato de comida.

- Obrigado senhorita...

- Ana Caulifa Noruega, artesã da cidade de Nelis.

- Então o senhor Noruega é seu pai?

- Foi, ele já morreu.

- Entendo, se foi um homem bom estará no lugar certo.

A forma que tu falas e esse livro, quem es tu?

- Apenas um andarilho grato pelos seus cuidados.

- Aquele que alimenta meus filhos pela caridade de seu coração, jamais passara fome e diante de todos o seu nome escreverei no livro da vida. Disse ela lendo o livro em suas mãos.

- Assim está escrito no livro do pai. Ele completou.
Mateus correu a mão ao peito e percebeu o quão tolo foi, não estava com suas antigas roupas logo o livro não estaria ali.

- É isso que procuras?

- Sim.

- O que é isso?

- Nós o chamamos de livro do pai, nele a toda verdade que precisamos saber sobre o Deus único que nos ama e protege.

- Sabe que tal blasfêmia o tomaria a vida.

- Pois então estaria mais rápido junto dele e me sentiria mais vivo que aqui nessa terra de expiação.

- Eu rezo para Hefesto e nunca me faltou nada, sou agraciada pelo dom que é dado a seus filhos.

- Pois em verdade vos digo, que tudo que aprendestes foi para abrir o caminho daquele que ainda vira...

Ela o cortou. – Você deve estar se referindo ao que o livro chama de o caminho a verdade e a vida.