3- Sua lista

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Ah, é aquele homem. O mesmo que conversei ontem, ele por algum motivo está surpreso.

-Você... de ontem...

-Acho que sim.

-Ora, vocês se conhecem?

-Sim, como se fosse ha muito tempo...- ele disse isso enquanto me olhava. Um olhar que nunca vi antes, como se estivesse enxergando algo precisoso. Essa é a primeira vez, que alguém me olha assim, ou que alguém me olha.

-Ótimo! Querido, sente-se ao lado dela!

Ele sentou numa cadeia que estava do outro lado da cama da vovó.

-Vocês se conhecem da onde?

-Há muito tempo atrás...- Ele continua me olhando, com o mesmo olhar. Por que sinto que já o vi antes? - Quer dizer, nos vimos ontem no hospital.

- Ora, huuummmm. O destino é algo incrível mesmo - A vovó começa a sorrir.

-Senhorita Yun, o medico quer vê-la - aparece o interno me chamando. Um homem de cabelos castanhos e olhos azuis, uns 9cm maior que eu. Ele quem sempre me chama.

-Ok! Já irei.

Quando vou dar adeus para vovó e seu filho, me deparo com meu coração acelerado, ao olhar Daniel. Ele está me olhando com o mesmo olhar novamente. Por que está me olhando assim? Que sentimento é esse? Nunca sentir nada em toda minha vida, então por que este homem estranho me deixa assim?

A vovó começa a me olhar e sorrir 

-Yun, vá. Você deve ir, volte logo

Me levanto e vou em direção a porta, quando escuto Daniel 

-EI! YUN, VOCÊ..- Olho para atrás rapidamente, diretamente em seus olhos - ...Seu cadaço está desamarrado...

-Ah! - Me abaixo para amarrar e saio em direção a sala do medico 

Abro a porta e lá está um senhor de 52 anos, um medico que cuida de mim desde que era pequena. Bem, até hoje sou pequena. Ele é o que chamam de bonzinho, sempre me deu doce. É a parte da minha rotina que eu mais gosto.

-Yun, como está? - Diz ele sorrindo

-Bem, conheci pessoas novas hoje.

-Isso é otimo! Faz bem pra mentalidade, ajuda no seu coração. Então, eu andei pesquisando muito e tem uma cirugia que pode ajudar muito, mas um doador será fudamental. Seu coração está fraco demais.

-Medi, eu já tentei viver muito. Não tem nada nesse mundo que me faça querer continuar, eu apenas... quero aproveitar os anos que restam, vendo o céu e sonhando com sonhos alheios. Não posso fazer isso? Se é pra mim ir, que eu vá como um ser humano feliz.

-Vamos apenas tentar conseguir um doador, por favor. Esses anos não serão em vão, eu prometo.

Eu aceno com a cabeça e saio do hospistal. Indo em direção a minha casa, pego o metro e ando um pouco, passando por várias esquinas e avenidas. Começa a chover, por sorte trouxe um guarda chuva amarelo. O céu está nublado, e por conta da noite, as luzes estão mais forte. Os carros com seus retrovisores indo pra lá e pra cá, as pessoas andando com um destino em mente, os predios com enormes propagandas. Esse cenário é bom, quando for embora irei vê-lo? 

Andando e andando, passo por uma loja do subway. Vendo as pessoas comendo aqueles sanduiches gigantes, quando era menor sempre quis vim aqui e experimentar. Será que consigo comer um daqueles sozinha? 

-Que bonitos - digo sorrindo pra mim mesma.

-As pessoas ou os sanduiches? 

É o homem de antes, o que me olha estranho, ele está segurando um guarda chuva azul e usando um terno preto. Olho pra baixo para ele não ver meu rosto.

-Ei, por que você está se escondendo? Eu sou muito bonito sabia? Pessoas dariam milhões pra ver meu rosto por mais de 10 segundos.

-Você deixa meu coração fraco... - digo olhando pra baixo 

-Isso foi uma declarão? Bem, não importa. Estou com fome, vamos comer.

-Minha professora disse para não sair com estranhos.

-Ya! Quantos anos você tem? Além disso, eu não sou estranho. Sou muito famoso, basta olha pra cima. - Ele começa a aponta para o predio com um gigantesco anúncio. Seu rosto está lá, mais uma vez ele usando um terno ao lado de um carro vermelho.

Eu olho para cima e ele coloca seu rosto na frente, eu me assusto e volto a abaixar a cabeça

-Ei, você olhou pra mim.

-...

-Vamos comer, eu pago. Estou morrendo de fome

Vejo ao meu lado a vitrine e dentro estão as pessoas comendo, eu sou fraca demais com comida. Perco, e entro junto com ele. Sento numa mesa enquanto ele pede sanduiches. Ele volta com dois sanduiches enormes e senta na minha frente. 

-Eu quero... muito...- Digo com um desejo enorme

-Coma

Eu pego com minhas mãos e mordo o pão. Como isso é bom! Nunca experimentei algo assim antes. Queria sonhar com isso todos os dias. Me sinto numa nuvem com milhões de sanduiches ao redor.

Ele rir 

-Você está fazendo uma cara engraçada. Realmente isso é muito bom - Ele morde um pedaço e olha pra mim novamente. - Por algum motivo, o que estou sentindo agora é melhor ainda.

Estranho, meu coração está acelerado, mas não dói. Ao contrário, é uma sensação boa. Será que ele finalmente está se curando?






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