4- Chuva

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O som dos carros passando, as luzes amarelas e pessoas conversando. Esses são os únicos cenarios que puder ver minha vida toda. Estava feliz, porque pude dar prazer a meus olhos uma ultima vez de vários dias. Agora, isso não é suficiente para satisfazê-los, porque eles experimentaram algo novo. Um cenario completamente diferente. 

Meu coração sempre foi fraco, nunca conseguir sentir ele bem. Sabia que isso me faria respirar uma ultima vez algum dia, mas agora, neste exato momento, olhando para este homem, ele não dói. Então porque parece que ele vai sair pelo meu peito?

-Você tem algo ao lado de seus lábios...- ele se inclina para frente, estende sua mão e toca em meu rosto, limpando-o. 

Eu fico assustada e volto abaixar a cabeça

Ele rir 

-Você é realmente algo...

Ele se levanta da sua cadeira, anda até o outro lado, fica do meu lado em pé, se abaixa e olha diretamente a mim. Minha cabeça ainda está abaixada, mas ele consegue ver meu rosto. Seus olhos... são parecidos com as luzes que vejo 

-Essa é a primeira vez que alguém não quer me olhar, mas isso não me chateia, mas sim me deixa curioso. - Diz ele olhando diretamente pra mim.

-Isso porque... Seu rosto parece esse presundo do sanduiche - Digo enquanto olho para o lado, com o rosto um pouco vermelho.

-Ya! Você já me viu direito? Aish, essa é a primeira vez que alguém fala dele assim. Bem, se já terminou de comer vamos embora - Ele anda até a porta e a abre, eu vou atrás e ficamos na frente da vitrine da lanchonete. 

Eu não o entendo, porque está sendo assim comigo? Normalmente pagam comida para conhecidos. Eu vi num livro uma vez uma cena que um homem estranho paga uma bebida para uma mulher num bar, porque estava interessado nela. Será que ele...?

-Ah sim! Não me entenda mal, eu não chamei você para comer porque gostei de você ou algo assim, mas sim porque estava um pouco cuioso. - Diz ele com um tom um tanto confiante

-Conseguiu descobrir o que queria? 

-Não.

-Se decepcionou então?

-Também não.

Nos olhamos durante uns 10 segundos. Parando pra pensar essa é a primeira vez que um homem que não é um enfermeiro ou medico fala comigo. Como eu disse, um cenario completamente diferente.

—Bem, irei embora. Esqueci que tenho algo importante para fazer. Por sorte parou de chover.

—Infelizmente — Digo suspirando

—Você gosta da chuva?

—Bem, caminhar com um rumo com um guarda-chuva na mão traz uma boa sensação. Como se eu estivesse num livro ou num sonho, me agrada. Algo tão pequeno e delicado como um pingo de chuva cai num mundo tão violento e grande, ele vem do céu e traz alegria para seres vivos. Por isso que eu gosto da chuva, ela é como se fosse um amigo - Digo sorrindo

-Acho que descobrir o que queria... - Diz ele num tom baixo, não consiguir escutar.

-O que?

-Nada. Bem, tenho que ir. Até

-Até 

lá vai ele, com seu terno preto e sapatos brilantes. Olhando de costa ele andar, ele é bem alto. Deve ter uns 1,82 ou talvez mais. De qualquer forma, melhor voltar pra casa. Não tem chuva, mas ainda posso apreveitar a caminhada por mais alguns segundos, afinal não irá durar pra sempre. 

Antes de se Tornar uma Estrela Onde histórias criam vida. Descubra agora