Capítulo 3

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        Clarissa estava arrumando os livros na biblioteca, separando por gênero e qualidade dos livros. Tinha esquecido totalmente do ocorrido. Linpando a aba de um livro aleatório,  ele folhou algumas folhas,  encontrando um trecho que a fez recordar de alguns anos atrás...

"Às vezes a gente quer tanto que a outra pessoa sinta o mesmo que nós,  que acabamos esquecendo que o amor não é algo obrigatório e nem uma troca. É só e simplesmente,  amar. "

Enquanto ela tocava sua atenção aos livros, Miguel, o psiquiatra que detestava-a tinha seguido ela pelo corredor. Mas antes de questionar a paciente, ele precisou ir até uma sala próxima tentar encontrar um relatório das enfermeiras. Era apenas um pequeno afazer.

      Assim que conseguiu o que precisava para ler e mais tarde completa e sua observação da semana, ele segue para onde realmente quer ir: para biblioteca.

   Chegando na sala, ele fita a mulher parada, recostada na parede lendo um livro. Ele odiava tanto Clarissa que seria capaz de ama-la. E como ela era bonita, mesmo ao natural, sem estar arrumada. Seu cabelo era loiro escuro, tinha pele clara e  olhos castanhos atentos. Usava uma camiseta azul claro e uma calça do mesmo conjunto. Era a roupa do hospital. Estava muito magra, porem tinha suas cuevas que nao demonstravam na rouoa solta. Era realmente difícil alguém ser atraente sendo simplesmente quem é. Ainda mais em um manicômio. Antes que se dê o trabalho de ser pego observando-a, ele dá uma falsa tossida e fala:

- Pois bem dona Clarissa, queira me acompanhar por favor? - Disse Miguel com muita fúria no olha porque finalmente tinha encontrado sua paciente preferida para perturbar. 

- Eu estava... - Mas ela foi interrompida por uma voz feminina que falou em seu lugar. 

- Arrumando os livros que eu pedi a ela. Porém já está na hora da consulta em grupo. Venha por gentileza. - Respondeu a psicologa Letícia, surgindo no corredor para ajudar a paciente que iria se meter em confusão. 

     Letícia procurava por ela, imaginou que estivesse ali ou em sua sala, mas como vou o doutor na porta da biblioteca, imaginou que ela estivesse ali. Porque diversas vezes a psicóloga precisou ir na biblioteca para pesquisa e nunca lhe viu. O mesmo disse uma vez na reunião que a biblioteca devia ser retirada, uma vez que ninguém a utilizava. E agora, desde que Clarissa passou a frequentar a sala para cumprir com seus deveres, ele sempre parava ali.
   
     Ele não lhe enganava. Miguel fingia ser um bom médico, mas na verdade nem ligava para seus pacientes. Excepto por ela. Ele tinha um certo fascínio por Clarissa. E isso infelizmente ainda não havia um porquê. Mas ela descubriria. Estava determinada a isso.

- Sim. - Respondeu Clarissa, largando os livros e saindo de fininho, ao lado da psicologa, respirando aliviada. Nunca sentiu tanto ânimo para uma consulta em grupo.

        O corredor era longo, um pouco apagado porque as luzes tremeluziam e não haviam janelas para entrar claridade. O som do calçado da mulher ao seu lado era agonizante quando tocava no azulejo. Clarissa então percebeu o quanto ela estava enrascada e que de certa forma, Leticía ajudou-a. E sem se dar conta, passou a gostar dela. Porque ela parecia o tipo de mulher que um dia ela foi: forte e corajosa. Não é calava diante do opressor.

      Miguel as seguia, uma vez que iriam ao mesmo destino, porque ele também precisava estar no grupo. O doutor era alto, careca, tinha um bigode curto, uma barriguinha fora de forma e um jeito frio de se comunicar com as demais pessoas. Fosse por palavras, olhares, gestos ou atitudes. Ele parecia sempre atento a todos a sua volta. Como um leão escondido entre o arbusto para pear sua presa. Talvez fosse realmente assim. Ele observava as duas e tudo que pensava era expressado um sentimento de raiva, porém não demonstrava em seu rosto.

( Essa Leticía precisa de um corretivo. Terei que fazer algo ou ela pode vir a ser uma pedra no meu sapato. Maldita!) Pensava ele já planejando alguma coisa para dar uma lição na psicóloga.

Os demais pacientes andavam pelos corredores. Alguns sozinhos, outros acompanhados de alguma enfermeira, segurança ou mesmo outro paciente. A clínica em si era solitária. Cada um vivia em si próprio mundinho e os que sao considerados sãos, são egoístas demais para pensar no próximo. Certas pessoas realmente exercem uma profissão apenas pelo dinheiro. Mas o sentimento de humanidade devia existir até no coração mais frigido.

       Não confundam com amor o que é respeito e afeto. O mínimo de atenção pode sim ajudar alguém. E ali, onde devia ser um lugar justamente capacitado para isso não acontecia. Estavam cada um por si só. E Clarissa já tinha percebido isso faz algum tempo...

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