Capítulo 02

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Não consigo entender Lorraine, não consigo compreender como uma mulher de 30 anos é tão infantil, despreocupada e agitada. Ela é completamente meu oposto e por esse motivo não me sinto à vontade ao seu lado, mesmo eu precisando desse passeio para me livrar do sofrimento corroendo meu peito.

– Narah, vou levá-la a um lugar e você precisa jurar por nossa amizade que não vai contar a ninguém.

Que amizade?

– Tudo bem…

Ela é louca.

– Prometa para mim Narah, por favor.

– Eu prometo por nossa amizade. – Mesmo que essa amizade só exista na sua imaginação, completo em minha cabeça.

Luluzinha concordou e dirigiu pelas ruas da cidade, estamos no verão e a brisa quente beijava meu rosto pela janela do carro. Hmm! Que sensação boa. Lorraine estacionou em frente a um edifício comercial, não conheço o local, mas ficava em um bairro movimentado e moderno da cidade.

– Você quer usar uma máscara? – Ela murmurou ao meu lado, me fazendo soltar uma risada.

O que?

– Lu, me trouxe a uma festa a fantasia? – Um sorriso maroto nasceu em seus lábios.

– Mais ou menos. – Ela soltou o cinto de segurança e inclinou seu corpo para pegar as máscaras no banco de trás. – Eu tenho duas, acho que a preta vai combinar mais com o vestido!

Ao redor da mesma havia pedrarias brilhantes e o destaque era a belíssima pena de pavão, presa ao elástico da máscara.

– Serve! – Peguei a máscara, admirando os detalhes.

– Narah aja normalmente nos primeiros andares, é a partir de quinto que tudo começa a mudar. – Eu assenti, já ficando desconfiada. Onde essa mulher está me levando?
Entramos no edifício e tudo parecia normal para mim, no saguão havia um balcão de recepção onde uma senhora atendia e dois elevadores.

– Sempre use o elevador da esquerda, ele não tem câmeras. – Lorraine me aconselhou. – Pode colocar a máscara.

Ainda desconfiada fiz o que ela me pediu, avaliando meu visual no espelho do elevador. Um vestido preto que terminava um pouco para cima do joelho, com um decote trançado. O cabelo curto, ondulado com um babyliss.

– Está linda, vai roubar os olhares de muitos homens, eles adoram convidadas novas.

As portas do elevador se abriram e caminhamos até o hall de entrada de uma… boate? Meu Deus.

Era uma boate luxuosa e belíssima. O chão todo revestido com um carpete vermelho, as mesas mesclando a cor prata com o preto e as cadeiras estofadas. A estrutura impecável e a iluminação era baixa, dando um charme especial ao estabelecimento. Um bar trazia toda a decoração do lugar, com taças, litros de bebidas e a iluminação colorida, que refletia nos balcões e prateleiras espelhadas. A cada lado do bar um elevador. Uma música sedutora animava as pessoas sofisticadas que estavam no local, alguns também usavam máscaras, outras não.

– Onde estamos? – Perguntei impressionada e encantada com os lustres de cascatas presos no teto.

– Estamos na @VipSex. Uma boate privativa e sigilosa para mulheres do nosso nível, que estão à procura de uma aventura. – Observou o relógio de ouro puro no pulso e emendou: – Ainda não está na hora, daqui a pouco eles já estão descendo.

– Você me trouxe em uma boate de prostituição? – Me controlei para não gritar com ela.

– Narah, não precisa ficar nervosa. Tudo que acontece dentro dessa boate, morre aqui mesmo. Ninguém se lembra, ninguém ouviu ou falou nada. A maioria são mulheres casadas, socialites, políticas, conheci uma ministra nesse lugar. – Lorraine explicou como se fosse normal mulheres com prestígio frequentar tais lugares.

– Eu quero ir embora agora! – Girei pelos calcanhares em direção a saída, ficando de frente com… Não pode ser! Micheline Fillon, uma atriz muito famosa na França.

– Cheguei a tempo, quero aproveitar os melhores garotos. – Ela falou sorridente. Não usava máscara e não se importava, na verdade, todas as mulheres que estão nesse estabelecimento parecem estar despreocupadas e relaxadas.

– Eles ainda não desceram. – Lorraine respondeu a atriz, que sorrindo assentiu e caminhou em direção ao bar.

– Essa é aquela atriz… é insano, Lorraine. Eu não deveria estar nesse lugar. – As minhas mãos estão suando frias.

– Micheline é conhecida por atuar muito bem em filmes que contém cenas de sexo. – Lorraine sorriu com sarcasmo. – Ela é viciada em sexo.

– Como um lugar como esse existe? Tem leis e as multas…

– Por que um lugar como esse não pode existir para as mulheres? Por que o sexo para as mulheres continua sendo um tabu? O preconceito e machismo ainda incomodam. O medo de ficar difamada. Para as francesas, a liberdade na hora do prazer nunca foi um problema, mas algumas mulheres como você ainda pensam que é errado desejar um orgasmo. Que é errado desejar um homem.

– Não seja ridícula, não vou fazer parte dessa loucura. Só faz uma semana que me divorciei, eu ainda amo meu marido e ele…

– E ele estava com a língua na boca de uma loira bonita! – Lorraine me interrompeu, acertando suas palavras como um soco no meu estômago.

O meu Garoto (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora