Capítulo 04 - Alessandro

5.1K 557 69
                                    

Observei a mulher pegar a chave com as mãos trêmulas, mesmo com a máscara cobrindo parte do seu rosto eu conseguia ver o rubor. Não entendo o que uma mulher tão reservada e tímida faz em uma boate de prostituição.
Cheguei à Europa carregando grandes sonhos em minhas malas, um garoto ingênuo de vinte anos achando que aqui a prostituição seria mais fácil. A França tem leis rígidas quando o assunto é prostituição, leis que interferem nas boates e quem trabalha na indústria do sexo. O país criminaliza quem se envolve com a prostituição, clientes pagam multas absurdas por escolher dormir com um garoto de programa.
Perdi muito dinheiro principalmente para a boate, pagando uma grande quantia para quebrar meu contrato e assim conseguir fazer os meus programas particulares e até trabalhar em outra área. No primeiro ano trabalhei como garoto de programa em tempo integral, mas chegou um momento que me cansei.
Mesmo conseguindo dinheiro suficiente para me manter, queria mais. Ser muito mais que um garoto de programa, então me inscrevi para uma vaga em uma Universidade e paguei dois cursos para conseguir passar na seleção. E hoje sou formado em odontologia. Tenho um consultório, que trabalho durante o dia e a noite faço alguns programas quando quero e ajudo na administração da boate. Uma renda extra, que ajuda a bancar a minha vida luxuosa na cidade. Um pouco da renda que consigo no consultório depósito na conta bancária da minha mãe. Que não faço ideia se está viva ou morta, não gosto de pensar nela ou nas minhas irmãs.

- João você tem um programa, se quiser. - A auxiliar da recepção me notificou.

- Qual dos quartos?

- O vinte e dois.

O que? Que baixinha astuta. Eu jurando que a mulher já teria o seu garoto fixo.

- Estou indo! - Falei caminhando para o elevador.

O quarto 22 era uma suíte máster, um dos melhores da boate. Não bati na porta, não pedi licença ou permissão, apenas entrei. A mulher estava andando nervosa pelo cômodo, estalava os dedos e quando notou minha presença ficou paralisada.

- Interessante. Não está aqui a procura de sexo, mas me requisitou neste quarto. - Já dormi com várias mulheres, perdi as contas pois são muitas. Conheci histórias tristes, de superação, histórias emocionantes, de recomeço. Conheci muitas personalidades, pensamentos e emoções diferentes. Mas nada se compara a maneira que essa mulher olha para mim, é como se tivesse admiração... Só posso estar louco.

- Na verdade, eu só queria conversar!

- Foi corajosa em dizer o seu nome verdadeiro, muitas das mulheres que frequentam esse lugar criam um nome fictício. - Suspirei, tirando meu blazer e desabotoando a minha camisa em seguida.

- Elas, é-é-é... Desculpa, por que está se despindo?

Por Deus, essa mulher não vai bancar a sonsa comigo.

- Porque pretendo te comer naquela cama e receber o meu pagamento.

- Eu não tenho 900 euros comigo, só cartão de crédito ou cheque. - Ela ponderou nervosa.

- Aceito várias opções de pagamento, tem uma máquina moderna de cartão de créditos em cima da cômoda. - Gesticulei com a mão em direção ao aparelho.

A mulher piscou aqueles olhos lindos de jabuticaba. Jabuticaba! Esse pensamento me fez lembrar uma época da minha infância no Brasil.

- Sexo sem restrição? Aceita tudo na cama? - Perguntei enquanto vou até o banheiro buscar os preservativos.

- Na verdade, eu não sei... - Falou enquanto me seguia, quase passei por cima dela quando girei meu corpo para sair do banheiro. Meu Deus, por que tão pequena?

Ela se encolheu por um instante e eu consegui reparar melhor na sua beleza. A boca era proporcional e carnuda, a pele branca e delicada como uma pétala de rosa. O problema é que continua usando a máscara.

O meu Garoto (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora