Capítulo 07

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Na manhã seguinte acordei com uma enxaqueca terrível, ainda estava no quarto da boate. Um pouco sonolenta notei que não era a única no lugar, João está sentado na beira da cama.

– Você gosta de dormir! – Falou arrumando a pulseira do seu relógio.

– Que horas são?

– Onze horas da manhã.

Ai não! Me levantei da cama em um pulo.

– Há quanto tempo você está aqui? Por que não me acordou? – Questionei nervosa. 

– Estou no quarto a exatamente meia hora, você estava roncando.

– O que? Eu não ronco, seu idiota! – Argh!

– Ronca, lembra até um elefante. 

Peguei o travesseiro e lancei com força nele, João se protegeu com os braços.

– Eu preciso ir trabalhar. – Corri até o banheiro, ficando estática ao ver meu reflexo no espelho. Estava muito pálida, com o rosto e os olhos inchados. Às olheiras monstruosas, nem mesmo a maquiagem mais cara do mundo pode melhorar a minha fisionomia. Eu não posso trabalhar tão abatida, então fiz as minhas higienes matinais e voltei a deitar na cama.  Pharrell, o que você fez comigo?

– Narah? Qual é o problema? Eu deveria estar no meu consultório e não cuidando de uma mulher adulta.

– Você só sabe reclamar? Eu estou passando por um momento difícil. Sei que no mundo existem várias e várias pessoas com problemas piores, só que isso não muda o que fato de que estou sofrendo, que meu coração está partido. Meu ex-marido me humilhou na frente de todos, principalmente da sua nova amante e você acha que é fácil? Estou acabada.

– Realmente está acabada, precisa se alimentar. Levante dessa cama e vamos sair da boate, eu já paguei a sua estadia. – João retrucou desinteressado no meu drama. Arfei em protesto, mas o acompanhei ao perceber que estava com muita fome.

Ele me levou em um café próximo ao meu restaurante, conheço o atendimento do estabelecimento e amo as torradas e a porção da casa. Comemos em silêncio. Estava ficando constrangida não só por estar vestindo um roupão preto e usando um tênis de passeio, mas porque João não demonstrava nenhum interesse em trocar uma palavra comigo.

– Amo esse café, essas torradas são maravilhosas! – Falei para incentivar uma conversa.

– Melhor que o cardápio que oferece aos seus clientes em seu restaurante? 

O meu corpo queimou de raiva com a provocação.

– É importante para um grande empresário, seja em qualquer ramo que atua, respeitar e saber admitir quando um concorrente é bom. – Falei com todo meu profissionalismo, no entanto, João gargalhou enquanto limpava a boca com um papel toalha.

– Então um inofensivo café, pode ser considerado um concorrente para a exuberância do Restaurante Le’Biran.

– Exuberância? Era uma provocação? Porque fiquei lisonjeada. – Rebati sorridente. – Onde fica seu consultório?

– Em um prédio ao lado do Salon de Thé, nessa mesma avenida. – João explicou e completou: – É próximo do seu restaurante também, por esse motivo quando estou com a minha agenda cheia almoço ou janto no Le’Biran.

– Nunca fiquei tão próxima de um cliente, se é que me entende. – Gracejei, tirando um riso do garoto de programa. Foi nesse momento que criei coragem para perguntar mais sobre ele. – Como é o mundo da prostituição? A indústria do sexo vale a pena? 

O meu Garoto (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora