Capítulo 05

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“Ele tem razão”.

Era esse pensamento que ficava ressurgindo em minha cabeça, não me deixando trabalhar em paz. E ainda preciso comparecer naquele jantar na casa de Solene, se eu pudesse evitar.
João descreveu a minha vida sexual com uma única palavra: Deprimente. O sexo não é tudo em uma relação, mas é importante. Meu relacionamento com Pharrell sempre foi saudável, só que o sexo… não gosto de pensar no quanto éramos incompatíveis na cama. Eu virei uma atriz na arte de fingir um orgasmo, apenas para deixar  meu marido satisfeito. 
Nos primeiros anos do nosso namoro o sexo era maravilhoso, ou eu achava que era. Nunca inovamos, até mesmo na viagem para a nossa lua de mel acontecia transas rápidas, sem prazer ou luxúria para mim. Eu tinha medo de expor minhas vontades, minhas frustrações, medo de perder o homem que amava. E hoje não estamos mais juntos, que irônico! 
Lembro-me de quando propus sexo em um motel, com aquelas camas redondas que giram, espelhos no teto, brinquedos eróticos e um ambiente mais excitante. Pharrell começou a ter uma crise de riso e falou: “Você em um motel? Que engraçado”. Deduzi que estava contente com nossa vida sexual e decidi me acomodar com o sexo morno que tínhamos.
Me pego pensando em quantas mulheres se sentem reprimidas ao lado do parceiro, por medo de expressar seus desejos. Hoje eu vejo o quanto fui tola de não dizer minhas fantasias, precisei passar por uma situação de puro constrangimento com o garoto de programa, para perceber que estava necessitada de um prazer verdadeiro, sem atuação. O sexo é a conexão de um casal, aumentando a confiança, a sintonia, até mesmo o amor. Fiquei passando o dedo em volta da xícara de café, frustrada comigo mesma.

– Desculpa o atraso! – Lorraine sentou-se na cadeira a minha frente. – Meu Deus, que cara de desanimada. Não gostou do garotão?

Esse é o problema, gostei tanto ao ponto de sonhar com ele deitado sobre meu corpo. Sussurrando palavras depravadas no meu ouvido, os seus braços fortes me envolvendo, sua boca macia e deliciosa percorrendo por minha pele…

– Eu…é claro que gostei. 

– Quero detalhes. – Comentou olhando o cardápio. – Eu já falei que o seu restaurante é maravilhoso? Eu amo tudo nesse cardápio.

Sorri ficando surpresa ao notar como estou tranquila ao lado da Lorraine. Sempre fiquei tão desconcertada, principalmente quando Pharrell me dizia que ela não era uma boa companhia.

– Obrigada! Escolha o que quiser é por conta da casa.

A minha colega, colega? Será que essa palavra ainda define a minha relação com Lorraine e se no fundo ela for realmente a minha melhor amiga?
 
– Eu vou sair desse restaurante pesando uns quilinhos a mais, mas não tem problema pois pretendo queimar essas calorias com um mulato gostoso. Agora me… – Lorraine arregalou os olhos em direção a entrada do restaurante, no mesmo instante olhei para ver o que causou tamanha surpresa em minha amiga.

Aí Não! Não pode ser. João o garoto de programa, estava aqui de novo. Lindo e sedutor vestindo a sua roupa formal, com aquela elegância e charme que atrai os olhares femininos.

– Você contou para ele que é proprietária do restaurante? Narah, perdeu o juízo? É sigiloso, eles não podem… Aí Jesus, prostituto gostosão se aproximando. Aja naturalmente!

O naturalmente da Lorraine foi erguer o decote para cima, quase mostrando os seus seios para todos os clientes do meu restaurante, soltar o cabelo que estava preso e fazer uma pose sensual na mesa, usando o cardápio. Ela passava os dedos na língua e em câmera lenta folheava o cardápio. Gargalhei tanto que roubei atenção de algumas pessoas sentadas na mesa ao lado.

– Boa tarde! – João cumprimentou carrancudo.

– Vejo que aprecia a minha culinária! – Alfinetei, ficando quase embriagada com o aroma da sua loção. Esse homem é um deus grego ou o verdadeiro pecado. João franziu a testa, me olhando com raiva.

O meu Garoto (DEGUSTAÇÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora